Opinião de Gustavo Pedreira

A crise na indústria naval "fomentada" por nossos bancos

Redação / Assessoria
08/07/2015 17:21
A crise na indústria naval "fomentada" por nossos bancos Imagem: TN Petróleo Visualizações: 420 (0) (0) (0) (0)

Em razão da minha idade, não vivi a crise da indústria naval das décadas de 1980/90. Por causa disso, optei pela engenharia mecânica ao invés da naval. Acompanhei o soerguimento dessa indústria com o início da construção das embarcações de apoio marítimo e a descoberta do pré-sal. Em seguida, veio o plano de renovação da frota da Transpetro com seus programas: Profream, Promef e o ambicioso plano da Sete Brasil. Vivíamos um clima de alvoroço e o Brasil era o mercado estratégico para qualquer fornecedor. Investidores e bancos entraram com tudo para garantir a "fatia do bolo".

Com a política de conteúdo local, a indústria nacional se desenvolvia e multinacionais se viram obrigadas a se instalar em nosso país. Apesar da Noruega ter tido sucesso com essa política indústrial, as críticas sempre apareciam como se o Brasil tivesse inventado esse mecanismo de desenvolvimento industrial. Muitos afirmavam que essa decisão tinha um componente político determinante.

A Sete Brasil foi criada e estruturada para viabilizar o plano mais ambicioso de investimento do mundo: 29 sondas que deveriam ser construídas no Brasil. O mercado internacional ficou atônito. A comunidade global entoava num só coro: "A sonda sairá mais cara. Como não usar os estaleiros coreanos e asiáticos? Como assim ter que oferecer conteúdo local?”. Esqueceram-se que a Petrobras tinha entrado como sócia-investidora e que tinha garantido uma diária de afretamento com taxa menor que a do mercado. "Os estaleiros não tem know-how entregar tais sondas" diziam alguns. Mas os estaleiros se associaram a parceiros internacionais tecnicamente qualificados.

Em seguida, veio à tona a operação Lava-Jato e seus esquemas de corrupção.

E o que me entristece é que o projeto da Sete Brasil emperrou. Não pelos motivos descritos acima, mas por falta de recursos financeiros. Afinal, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o Fundo de Marinha Mercante (FMM) não cumpriram o combinado e sentaram em cima da verba. Para piorar a situação, o banco de fomento passar a fazer novas exigências aos estaleiros e a Petrobras, como se o financiamento não tivesse juros! E sem receber pagamentos da Sete Brasil desde outubro/2014, os estaleiros se viram obrigados a cancelar contratos, descumprir acordos financeiros com seus fornecedores (locais e estrangeiros que aqui se instalaram) e demitir funcionários.

A Sete Brasil está fazendo uma 'ginástica financeira', buscando novas opções de financiamento, novos parceiros, recorrendo a financiamento dos estaleiros de Cingapura, e, lamentavelmente, a bancos de fomento estrangeiros (como o do Japão que tem interesse em colaborar para não ver suas empresas serem punidas pelo fracasso do plano da Sete Brasil).  Tão famosos por suas exigências, como fazer os bancos de fomento a cumprirem seus acordos de financiamento? Como criar mecanismos nesse contratos com clausulas punindo o descumprimento?

Gustavo Pedeira é diretor executivo da Status Offshore.

Mais Lidas De Hoje
veja Também
Oportunidade
UDOP lança Banco de Talentos para profissionais e recrut...
11/11/24
Startups
NAVE ANP: inscrições prorrogadas até 22/11/2024
11/11/24
IBP
Na COP29, IBP reforça compromisso com transição energética
11/11/24
Petrobras
UPGN do Complexo de Energias Boaventura entra em operação
11/11/24
Internacional
Rússia começa a perder força na participação das importa...
11/11/24
Energia Eólica
Grupo CCR e Neoenergia firmam contrato de autoprodução d...
11/11/24
Etanol
Anidro e hidratado encerram a semana com pequena variaçã...
11/11/24
Resultado
Petrobras divulga lucro de R$ 32,6 bilhões no 3º trimes...
08/11/24
Energia elétrica
Desempenho em outubro é o melhor do ano e expansão da ge...
08/11/24
E&P
Firjan destaca o potencial para aumento no fator de recu...
08/11/24
Hidrogênio
Primeira planta de conversão de hidrogênio a partir do e...
08/11/24
ANP
NAVE ANP: inscrições prorrogadas até 22/11/2024
07/11/24
Telecomunicações Offshore
NexusWave: Conectividade Marítima Confiável e Sem Interr...
07/11/24
Pré-Sal
GeoStorage: Novo hub do RCGI nasce para viabilizar o arm...
07/11/24
Negócio
Grupo Energisa assume controle da Norgás e entra no seto...
07/11/24
Etanol
Cientistas mapeiam microbioma de usinas em busca de maio...
07/11/24
Metanol
ANP amplia monitoramento da comercialização de metanol c...
07/11/24
Oportunidade
PPSA realizará seu primeiro concurso público para contra...
07/11/24
GNV
Estratégias e desenvolvimento do setor de GNV proporcion...
07/11/24
Workshop
ANP realiza workshop virtual sobre revisão de normas par...
07/11/24
Marinha do Brasil
Grupo EDGE amplia parceria com a Marinha do Brasil para ...
06/11/24
VEJA MAIS
Newsletter TN

Fale Conosco

Utilizamos cookies para garantir que você tenha a melhor experiência em nosso site. Se você continuar a usar este site, assumiremos que você concorda com a nossa política de privacidade, termos de uso e cookies.

21