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    Consequências do estresse hídrico.
Redação / AssessoriaUma crise anunciada de falta de água nos faz imaginar a louça sem lavar,  banho restrito e escovar os dentes com água mineral. Mas como a redução  de água afetará nossas vidas em outros assuntos relacionados com nosso  cotidiano?
A prioridade do fornecimento de água é o ser humano.  Não podemos viver sem ela e sua restrição implicará em problemas de  saúde, higiene e alimentação. Com o direcionamento deste recurso para o  abastecimento mínimo das residências, haverá restrição severa nas  atividades que se utilizam da água para geração de riquezas:  agricultura, pecuária, indústria e serviços.
A Grande São Paulo é  abastecida pelas áreas agrícolas do interior do Estado e outras  regiões. Para o devido crescimento, a agricultura e a pecuária se  utilizam de grandes quantidades de água para o desenvolvimento das  culturas e para a alimentação animal. As captações nos rios e riachos  ficarão mais restritas, o que implicará em menor produtividade agrícola e  crescimento mais lento dos rebanhos, com menor oferta e  consequentemente aumento de preços de verduras, frutas, carne, leite e  seus derivados.
As indústrias dos Estados com deficiência hídrica  também sentirão a crise, seja nos refeitórios e banheiros, como nas  linhas de produção onde a água é fator primordial para os seus processos  produtivos. Vamos a exemplos: em laticínios, além da redução do  fornecimento do leite, os processos de produção de queijos exigem muita  água, principalmente para limpeza e higienização. No transporte de  carnes, os veículos devem passar diariamente por higienização de seus  baús, sendo a água o elemento principal deste processo.
A não ser  que as empresas contratem perfurações de poços ou comprem água de  terceiros, poderá haver redução de produção, queda nas vendas, redução  de empregos e até mudança da empresa para outros locais com maior  disponibilidade de água. Este interesse em sair do Estado de São Paulo  já é uma realidade em função de outros custos, como os trabalhistas, e a  restrição da disponibilidade de água virá apenas acrescentar maior  vigor para estas tendências. O abastecimento da população ficará  deficiente se contar apenas com os recursos mais próximos. O transporte  será a chave para minimizar os impactos da falta de produtos, trazendo  de outros locais como o sul do país e do nordeste. Com o aumento da  distância e por consequência do frete, o consumidor sentirá os preços  subirem.
 
O transporte de água se intensificou desde 2014.  Caminhões abastecem diariamente condomínios com água originada em  distâncias de 200 km ou mais. O que no começo custava R$ 800,00 o  caminhão pipa, dobrou de preço e deve aumentar ainda mais no período em  que o rodízio for declarado.
Os hábitos das populações das  regiões afetadas devem mudar. A refeição fora de casa devem diminuir,  pois shoppings center e restaurantes poderão fechar, em função da  limitação sanitária ou mesmo por não terem água para o preparo dos  alimentos. Alimentos industriais prontos serão bastante procurados, pois  não necessitam de cozimento e facilitam o consumo nas residências. Isto  mudará o fornecimento das empresas de alimentos, com direcionamento de  suas produções para itens mais práticos na alimentação. O planejamento  logístico para abastecer os supermercados será primordial.
As  indústrias já iniciaram a busca por alternativas: comprar água, poços,  reuso. Porém, estas ações gerarão mais custos aos processos produtivos  que serão repassados aos custos finais dos produtos.
A indústria  química também faz uso da água em muitos de seus processos. O  fornecimento de materiais de limpeza, por exemplo, muitos deles utilizam  soluções com água, terão aumento de seus custos. Produtos que limpam “a  seco” ampliarão seus mercados pela oportunidade do momento. Bacias e  baldes já estão faltando nas prateleiras. Caixas d’água estão com  promessas de 60 dias para atendimento.
A logística do  abastecimento dos produtos deve mudar neste período de “seca”. Os  hábitos da população se transformarão no consumo, nos serviços e no uso  dos recursos disponíveis. Até a frequência de saída da população das  capitais aumentará, para hotéis e casas no interior e litoral. Nestes  locais, a gestão da água será um desafio também, pois haverá  concentração de consumo nos finais de semana. Impacto nas estradas e na  logística de abastecimento de produtos nos grandes centros e nas regiões  de fuga da população.
A crise da água trará desafios aos  governos e a população para lidar com situações que antes não aconteciam  e agora aparecem como dificuldades novas no nosso dia a dia. Fazer o  melhor com poucos recursos sempre foi o desafio das atividades  logísticas nas empresas. A crise hídrica nos ensinará a economizar os  recursos, a criar alternativas inteligentes para o reuso ou mesmo para a  substituição da água em diversas etapas nas nossas residências, nas  empresas e para os governos.
Planejar o abastecimento de água e  seu uso, principalmente em hospitais, escolas e na manutenção da saúde  pública será uma tarefa grandiosa e desafiadora. O planejamento  logístico, principalmente em momentos de crise, é o método mais  importante para viabilizar o abastecimento dos recursos sem desperdício e  garantir o fornecimento dos produtos e serviços com o menor impacto  possível para a população.
 
        
            
        
            
        
        
            
                
    
        
             
        
            
        
        
            
     
        
                
            
        
        
        
        
             
        
            
        
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