DW, 19/10/2021
Uso de petróleo para produção de eletricidade eleva ainda mais os preços, que sobem há meses. Consumidor sente os efeitos na inflação em alta e no custo dos combustíveis.
O preço do barril de petróleo alcançou o valor mais alto dos últimos anos nesta segunda-feira (18/10), impulsionado por uma alta no uso para a geração de energia elétrica.
O petróleo do tipo brent chegou a superar os 86 dólares e alcançou o valor mais alto desde outubro de 2018. Já o preço do tipo WTI passou de 83 dólares por barril, maior valor desde outubro de 2014. A alta dos preços de petróleo já passa de 60% só neste ano.
Um motivo para a alta dos preços do petróleo é o recuo na oferta e o consequente aumento nos preços do gás natural e do carvão, usados na produção de nergia elétrica. Com o gás e o carvão em falta e caros, compensa usar petróleo para produzir eletricidade.
Há meses que o preço do petróleo vem aumentando no mercado internacional, o que gera inflação e é diretamente percebido pelos consumidores nos preços dos combustíveis, que estão em alta tanto no Brasil como na Europa e nos Estados Unidos.
Recuperação da economia
O fim das restrições para o combate à covid-19 e a esperada recuperação da economia mundial daí decorrente devem elevar ainda mais os preços, assim como a iminente chegada do inverno no hemisfério norte.
A Agência Internacional de Energia estima que a recuperação econômica mundial leve, ainda este ano, a um aumento da procura de cerca de 5,5 milhões de barris de petróleo por dia, o que pode inflacionar fortemente os preços.
Recentemente, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, arriscou um prognóstico que vários especialistas dizem ser realista: o preço do barril do petróleo pode chegar a 100 dólares nos próximos meses, sobretudo por causa da forte demanda da China.
A Rússia, que fornece um terço do gás consumido na Europa, prometeu ao europeus que não faltará aos seus compromissos no fornecimento de gás, um produto que teve uma subida de 600% nos últimos 12 meses.
Demanda acima da produção
A União Europeia (UE) parece não ter uma estratégia coerente e eficaz para lidar com o problema energético, com os países-membros divididos sobre o uso da energia nuclear e sobre o gasoduto Nord Stream 2 (que transporta gás da Rússia até a Alemanha). Em paralelo, um terremoto no campo de gás de Groningen, nos Países Baixos, levou ao fechamento daquele que é o maior reservatório europeu de gás natural e décimo maior do mundo.
A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) já anunciou que não pretende aumentar os níveis de extração para tentar estabilizar os preços, depois de vários meses de queda de consumo por causa da pandemia de covid-19.
Os ministros da Energia da Arábia Saudita e da Rússia, que não faz parte da Opep, emitiram um comunicado conjunto em que se mostravam satisfeitos com os níveis de extração de petróleo, apesar dos preços recordes.
A Agência Internacional de Energia estima que a produção da Opec e seus aliados (grupo conhecido como Opec+) ficará em 700 mil barris por dia aquém da demanda no último trimestre de 2021, o que significa que a procura continuará acima da oferta.
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