Petróleo

Zylbersztajn: "É preciso diversificar a exploração"

Jornal do Commercio
03/09/2009 03:28
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O Brasil ainda possui muitas áreas de exploração de petróleo para serem licitadas além da camada pré-sal, afirmou o diretor da DZ Negócios com Energia, David Zylbersztajn, ex-diretor da Agência Nacional de Petróleo. Ele destacou que nos últimos quatros anos não foram realizadas rodadas de grande porte. "Mesmo com o pré-sal, é preciso diversificar a exploração de petróleo no Brasil. A extração em águas profundas e rasas ainda tem a vantagem de ser mais barata e apresenta menos riscos do que a do pré-sal", explicou Zylbersztajn durante evento realizado pela Câmara de Comércio França-Brasil.


Ele ressaltou que o processo exploratório acima da camada de sal, quando houver novas licitações, demorará pelo menos dez anos. "Este ano, por causa das regras, não deve ser feita nenhuma licitação. Não acredito que vamos ficar sem petróleo, mas é importante a reposição das reservas, que ficaram abandonadas nos últimos anos."


Em relação à exploração da camada pré-sal, Zylbersztajn explicou que ainda é impossível calcular de quanto será a margem de lucro. "Ainda não dá para determinar quais serão as dificuldades tecnológicas e logísticas que serão enfrentadas para a exploração da camada. Baseado nos dados de que teriam 50 bilhões de barris em reservas da camada pré-sal, ao custo de US$ 20 o barril, seria necessário um investimento de US$ 1 trilhão. Este valor é muito alto para que seja aplicado somente por uma empresa. É mais do que o governo americano colocou na primeira rodada de salvamento do sistema financeiro nessa crise, que foi US$ 700 bilhões ou US$ 800 bilhões", disse.


Zylbersztajn também entende que "não é saudável, não é papel do Estado" comprar e vender petróleo. "Não falo deste governo e de nenhum governo especificamente, mas tudo o que o governo compra e vende dá margem à ineficiência."


O sistema de partilha, proposto pelo governo, foi atacado pelo especialista também como desnecessário já que o de concessão já garante recursos ao governo por mecanismos como a tributação, que estima ser de 65% em toda a cadeia. "Não há nenhuma evidência de que dê mais recursos ao governo que outro sistema", disse.


Além disso, ele afirmou que países que usam o sistema de partilha são "não democráticos" e geralmente têm o petróleo como única fonte de riqueza, ao passo que outros produtores democráticos usam a concessão. "Com todo o respeito, prefiro estar associado a países com regime de concessão como Estados Unidos e Noruega, do que com Kuwait, Irã e Venezuela."
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