O "Workshop de Pesquisa BIOEN - Divisão de Impactos e Sustentabilidade" reuniu na segunda-feira (23), no auditório da FEA-5, na USP, cientistas envolvidos com diversos projetos de pesquisa financiados pela Fapesp. O objetivo central do evento foi o de estimular a interação entre os diversos projetos, e analisar conjuntamente resultados de interesse mútuo.
O BIOEN, que teve início em 2008, tem cinco divisões: "Biomassa para Bioenergia" (com foco em cana-de-açúcar), "Processo de Fabricação de Biocombustíveis", "Biorrefinarias e Alcoolquímica", "Aplicações do Etanol para Motores Automotivos: motores de combustão interna e células a combustível" e "Pesquisa sobre sustentabilidade e impactos socioeconômicos, ambientais e de uso da terra".
“A divisão de impactos e sustentabilidade do BIOEN é uma das vertentes mais importantes do programa, porque a produção de bioenergia, por sua demanda mundial, acaba se tornando uma vitrine internacional. As exigências em termos de sustentabilidade acabam sendo muito maiores que as do próprio setor de produção de alimentos. É preciso que estejamos preparados para responder a essas exigências, com embasamento científico, porque sabemos que todos os atores do processo produtivo vão cobrar sustentabilidade na produção de biocombustíveis”, disse o professor do Instituto Agronômico de Campinas e membro da coordenação do programa, Heitor Cantarella, à 'Agência Fapesp'.
Segundo Cantarella, as discussões realizadas no workshop foram organizadas em três sessões temáticas: “ambiente e biologia”, “ambiente e meio físico” e “impactos econômicos e sociais”. “Foi um debate extremamente interessante, que deixou transparecer a excelência da pesquisa produzida por esses grupos", afirmou Cantarella.
Ambiente e impactos socioeconômicos
Na sessão “Ambiente e biologia”, Eduardo Alves de Almeida, do Departamento de Química e Ciências Ambientais da Universidade Estadual Paulista (Unesp), apresentou um estudo comparativo entre os efeitos tóxicos do petrodiesel e do biodiesel sobre efeitos tóxicos à tilápia do Nilo e ao cascudo marrom.
Luis Cesar Schiesari, da Escola de Artes Ciências e Humanidades (EACH) da Universidade de São Paulo (USP), na mesma sessão, falou sobre os impactos da expansão da agroindústria da cana-de-açúcar sobre comunidades aquáticas. Marat Rafikov, da Universidade Federal do ABC (UFABC) apresentou seus estudos sobre modelagem matemática de estratégias para o controle biológico de pragas para a produção eficiente e sustentável de cana-de-açúcar.
Na sessão “Ambiente e meio físico”, Cantarella descreveu um projeto sobre a nutrição nitrogenada de cana-de-açúcar com fertilizantes ou bactérias diazotróficas. Raffaella Rossetto, da Agência Paulista de Tecnologia do Agronegócio (APTA), descreveu um estudo sobre o monitoramento dos atributos químicos e a eficiência agronômica da vinhaça concentrada aplicada em soqueiras de cana-de-açúcar.
Newton La Scala Júnior, da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias de Jaboticabal, da Unesp, falou a respeito de estudos sobre os impactos das práticas de gestão sobre a emissão de CO2 do solo em áreas de produção de cana. Carlos Eduardo Pellegrino Cerri, do Centro de Energia Nuclear na Agricultura (Cena), da USP, descreveu dois projetos ligados às emissões de N2O e aos a estoques de carbono do solo na mudança do uso da terra para cultivo da cana-de-açúcar.
Na sessão “Impactos econômicos e sociais”, Bernardo Theodor Rudorff, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), descreveu estudos sobre impactos ambientais e socioeconômicos associados à produção e consumo de etanol de cana-de-açúcar. Bruno Perosa, da Fundação Getúlio Vargas (FGV) apresentou estudos sobre o a avaliação de estruturas institucionais do mercado internacional de bioenergia.
Leila Harfuch, do Instituto de Estudos do Comércio e Negociações Internacionais (Icone), descreveu os trabalhos da instituição sobre a simulação de uso da terra e expansão agrícola no Brasil e seus impactos em alimentos, energia, agroindústria e ambiente.
Tadeu Fabrício Malheiros, da Escola de Engenharia de São Carlos (USP) apresentou a palestra “O lado doce e amargo da cana-de-açúcar: avaliação integrada da sustentabilidade no contexto do etanol brasileiro”. José Maria Ferreira Jardim da Silveira, do Instituto de Economia da Unicamp, falou sobre o desenho organizacional do programa BIOEN: propriedade intelectual, mecanismos de incentivo e avaliação e impactos.