Redação/Assessoria Fapesp
No final da década de 1990, uma pequena empresa paulista apoiada pelo Programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE) da FAPESP – a PPI-Multitask – começou a desenvolver softwares para gerenciamento de atividades de produção, conhecidos como MES (sigla em inglês para Manufacturing Execution System).
Já usados em mais de 200 fábricas no Brasil e em mais de uma dezena no exterior por clientes de diversos segmentos, os softwares de MES desenvolvidos pela empresa ganharam ainda mais importância, recentemente, com o surgimento da indústria 4.0 – como é definida a integração na indústria de transformação de tecnologias de big data, inteligência artificial e internet das coisas, entre outras, com o objetivo de aumentar o nível de automação e possibilitar novas formas de organização dos sistemas de produção.
A fim de expandir seus negócios e ingressar nesse novo mercado de desenvolvimento de softwares e soluções digitais voltadas à indústria 4.0, a multinacional brasileira WEG anunciou, no início de setembro, um acordo para a aquisição do controle da PPI-Multitask.
A fabricante catarinense de equipamentos eletroeletrônicos, com operações industriais em 12 países e presença comercial em 135 nações, passou a ter 51% do capital social da PPI, com possibilidade, prevista em contrato, de aumentar sua participação futuramente.
“Com a aquisição, a WEG passa a oferecer aos seus clientes softwares de MES, que são a espinha dorsal da indústria 4.0, por meio dos quais as indústrias podem começar o processo de digitalização da gestão do chão de fábrica”, disse Carlos José Bastos Grillo, diretor de negócios digitais da WEG, em nota à imprensa.
A nova divisão foi criada em junho pela WEG justamente para acelerar o desenvolvimento de soluções em softwares, que poderão ser usadas junto com produtos tradicionais da empresa e transformar em negócio o sistema interno de gerenciamento de processos e de manufatura em tempo real que criou para aperfeiçoar seus próprios processos produtivos.
A associação dos softwares desenvolvidos pela PPI aos motores e produtos de automação fabricados pela empresa permitirá aos clientes integrar o monitoramento do desempenho dos equipamentos com o sistema de gestão da execução da manufatura, em tempo real. Dessa forma, possibilitará garantir a visualização on-line da fábrica, a gestão da produtividade e o aumento da eficiência global dos equipamentos, o chamado OEE (sigla em inglês para Overall Equipment Effectiveness), avaliou Grillo.
“Conectados a um sistema de gerenciamento MES, teremos capacidade de oferecer informações precisas e em tempo real da produção e das máquinas, sincronizando o chão de fábrica com as requisições de vendas, suprimentos e estoques das empresas. E, dessa forma, garantir a precisão dos inventários, custos industriais e, principalmente, permitir o aumento da produtividade”, afirmou.
Em contrapartida, para a PPI, a aquisição permitirá acelerar a evolução dos sistemas MES que desenvolveu para atender novas demandas dos clientes e integrá-los com outros produtos da WEG, como sensores para monitoramento de motores elétricos e soluções de automação industrial e de eficiência energética.
“Agora, teremos uma estrutura de tecnologia de informação e automação industrial e maior capacidade de investimento em pesquisa, desenvolvimento e inovação, de modo a fazer melhorias significativas nos nossos produtos para atender às demandas da indústria 4.0”, disse Claudio Vinicius Buonamici, sócio da empresa, à Agência FAPESP.
Novas funcionalidades
Por meio de um projeto apoiado pelo PIPE-FAPESP, os pesquisadores da empresa desenvolveram uma nova versão do principal software que comercializam – chamado PC-Factory MES –, de modo a adequá-lo às necessidades da indústria 4.0.
“Esse projeto teve um papel fundamental no negócio com a WEG, pois, por meio dele, foi possível incorporar ao software uma série de funcionalidades inovadoras orientadas à indústria 4.0”, afirmou Buonamici.
Instalado diretamente nas máquinas ou em dispositivos como sensores, o software permite fazer a coleta de dados e o monitoramento on-line de uma linha de produção e gera informações em tempo real.
Se uma máquina começa a apresentar problemas que podem comprometer a qualidade de um produto, o sistema pode tomar a decisão, em poucos minutos, de interromper a produção.
A fim de atender às novas demandas da indústria 4.0, os desenvolvedores da empresa incorporaram ao software funcionalidades como a captura de variáveis de processos, como pressão e temperatura nas máquinas, que podem impactar em seu funcionamento.
“A correlação dessas variáveis com o que pode acontecer com as máquinas ao longo do tempo permite ao sistema emitir alertas de inspeção, por exemplo, para corrigir algum problema em curso”, disse Buonamici.
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