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Vazamento no Golfo do México afetará exploração petrolífera mundial, diz especialista
Por Décio Viotto, especial para o Yahoo! Brasil
A indústria petrolífera mundial não será mais a mesma depois do acidente do Golfo do México. A previsão é do especialista Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE). A explosão da plataforma da British Petroleum é mais um componente, entre tantos outros, que acaba favorecendo as chamadas fontes renováveis.
"O petróleo foi a principal fonte de energia do século 20, mas com o crescimento dos movimentos ambientalistas e com as principais reservas localizadas em regiões complicadas ou nas mãos de governos socialistas, a sua importância no século 21 será reduzida", avalia Pires.
Para o diretor do CBIE, as fontes alternativas vão ter cada vez mais espaço na matriz energética mundial. Ele não acredita no fim do petróleo, porém, avalia que a sua importância será relativizada. O derramamento no Golfo do México, certamente, também vai contribuir para encarecer a produção no mar. "Os países vão exigir equipamentos com maior grau de segurança, os seguros das plataformas vão subir e mesmo regiões que poderiam ser exploradas, talvez não sejam mais", diz Pires
Entre os exemplos citados por ele está a Califórnia. "Antes do acidente, o governador Arnold Schwarzenegger estava propenso a liberar a costa marítima. Depois, recuou e talvez nunca mais aquela região venha a ser explorada."
Até mesmo o presidente Barack Obama voltou atrás. "Ao assinar o plano energético americano, em 31 de março, incluiu o Norte do Alasca e o Leste do Golfo do México para exploração de petróleo. Ao ver o estrago feito pela BP, suspendeu a abertura dessas áreas e anunciou que vai aguardar pela solução do acidente para pensar se reabrirá ou não."
Pré-sal
Mesmo no Brasil, os reflexos serão sentidos, principalmente com a viabilização da camada do pré-sal. "Vai ficar mais caro, porque os custos das plataformas vão ficar elevados e as dificuldades para o licenciamento ambiental serão maiores", afirma Pires. "Os ambientalistas vão criar obstáculos da mesma forma como ocorre com as hidrelétricas na Amazônia."
Para o diretor do CBIE, o grande desafio é que o mundo vai precisar, cada vez mais, de energia de todas as fontes. "O problema será produzir mais energia emitindo menos CO2 na atmosfera. E isso só será possível reduzindo a participação do petróleo na matriz energética mundial".
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