Impacto da variação cambial e queda dos preços do minério de ferro.
Valor Online
A mineradora Vale saiu de um lucro de R$ 7,949 bilhões no terceiro trimestre do ano passado para prejuízo líquido de R$ 3,381 bilhões neste ano, após o forte impacto da variação cambial no balanço da companhia e queda dos preços do minério de ferro.
A receita operacional líquida alcançou R$ 20,63 bilhões, com recuo de 26,8% na comparação anual. O lucro bruto na mesa base de comparação caiu 58,1%, para R$ 5,822 bilhões.
Com isso, a margem bruta saiu de 49,3% no terceiro trimestre do ano passado para 28,2% neste ano.
O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) foi de R$ 6,238 bilhões, queda de 53,8% na comparação anual.
O Ebitda ajustado (excluindo efeitos não recorrentes e não caixa) ficou em R$ 6,854 bilhões, queda de 48,8%.
Impacto do dólar
O diretor-executivo de Finanças e Relações com Investidores da Vale, Luciano Siani, explicou que a perda líquida foi causada “quase exclusivamente pelo impacto não caixa da desvalorização do real frente ao dólar”. Ele lembrou que a Vale tem a maior parte de sua dívida em dólar; e além disso, a dívida feita em reais é trocada, mediante instrumentos financeiros, para o dólar — tendo em vista que a maior parte da receita da companhia é apurada na moeda americana.
No entanto, o dólar subiu no fim do terceiro trimestre, lembrou ele, o que trouxe “variação monetária cambial negativa” para o desempenho da Vale no terceiro trimestre, de aproximadamente R$ 6,4 bilhões no período.
Mas o prejuízo não impactou negativamente o caixa da companhia, assegurou o executivo.
Ele mencionou que o caixa da Vale cresceu no terceiro trimestre, com redução de dívida líquida. O
caixa e equivalentes da companhia, no fim do terceiro trimestre, somou R$ 19,3 bilhões, ante R$ 15,5 bilhões em junho passado; e R$ 15,9 bilhões ao término do terceiro trimestre de 2013.
“A companhia continua confiante que vem fazendo dever de casa e entregando tanto redução de custos e despesas como aumento de volumes e projetos no prazo para continuar gerando valor a seus acionistas mesmo em um cenário de maior desaceleração da demanda e preços desafiadores”, completou.
A dívida líquida diminuiu em US$ 2,156 bilhões na comparação com 30 de junho, ou 9,3%, encerrando setembro em US$ 21,034 bilhões.
Vendas
O diretor-executivo de Finanças e Relações com Investidores da Vale, Luciano Siani, considerou o resultado operacional da empresa “muito bom” no terceiro trimestre. Ele justificou sua fala comentando que, no período, a companhia mostrou recorde de produção de minério de ferro, seu principal produto; e bons resultados em cobre e em níquel.
No entanto, o executivo admitiu que o volume de vendas ficou “ligeiramente aquém” do que poderia ter sido, tendo em vista o acúmulo de estoques de minério no cenário atual. No caso da Vale, os estoques chegam em torno de 9 milhões de toneladas, comentou o executivo.
“Portanto vendemos menos minério de ferro do que poderíamos ter vendido, mas vamos vender esses estoques, futuramente”, assegurou.
Siani mencionou que o ambiente atual, de preços decrescentes no preço do minério, também impacta a companhia — bem como seu Ebitda. “Apesar do aumento de volumes que representou um acréscimo de US$ 500 milhões na geração de caixa operacional, a queda de preços mais que compensou esse efeito positivo e trouxe nosso Ebitda para patamares menores”, afirmou Siani.
Plano de investimentos
Siani destacou que a empresa tem diminuído suas despesas gerais e administrativas ao longo de 2014, com redução de 23% nos primeiros nove meses do ano, ante igual período no ano passado, atingindo US$ 629 milhões em setembro.
Ele comentou, ainda, que a empresa mostrou bom desempenho na execução de seus projetos. “Continuamos executando nosso plano de investimentos com afinco”, disse, acrescentando que a companhia acumulou, de janeiro a setembro deste ano, investimentos de US$ 8,2 bilhões — volume 20% menor no comparativo anual. “Os projetos correm todos muito bem”, afirmou, mencionando que a companhia entregou, no período, o projeto de expansão da mina de Salobo, no Pará.
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