Diário do Nordeste - CE
A Vale confirmou ontem, ao governador Cid Gomes, a sua disposição de levar em frente o projeto de construção da Companhia Siderúrgica de Pecém (CSP), apesar do cenário de crise e conseqüente queda na demanda internacional por aço. Entretanto, ainda faltam alguns acertos para que o projeto possa, enfim, ser concretizado. A Vale, segundo o diretor executivo da empresa, Demian Fiocca, presente na reunião no Palácio Iracema, ainda não definiu qual será a sua participação societária dentro da CSP. Além disso, ainda estão sendo finalizados detalhes do Memorando de Entendimentos, a ser assinado com a sócia sul-coreana Dongkuk Steel e com a japonesa JFE Steel, no caso de esta decidir por entrar no projeto.
´Existem alguns detalhes do memorando, mas esse não é um caminho crítico, não há nenhuma dificuldade maior. Nós estamos trabalhando agora é em fechar o comprometimento dos sócios internacionais´, afirmou o executivo, referindo-se à JFE e também à Dongkuk. ´Todos estão interessados, estamos falando do progresso natural´.
A afirmação de Fiocca gerou dúvidas sobre a participação da Dongkuk no projeto, mas a sul-coreana dirimiu os questionamentos ao Diário do Nordeste: ´as orientações da Dongkuk para a CSP são de permanência efetiva no projeto´, informou a diretoria da companhia, em nota. ´Estamos trabalhando nas principais atividades, tais como: Licenciamento Ambiental (preparação do EIA/RIMA), processo de aquisição da área onde será instalada a siderúrgica, engenharia técnica básica e outras atividades´, continua.
De acordo com o diretor executivo da Vale, já foi contratada a empresa que preparará a documentação para a aquisição do licenciamento ambiental. A preparação do projeto de engenharia também foi contratada, e a primeira fase deste processo, informa, já está concluída.
A reunião com o governo foi avaliada pelo executivo como ´muito boa´. ´Viemos aqui para expressar ao governador a firme disposição da Vale em avançar nesse projeto. Estamos tratando com nossos sócios siderurgistas internacionais, a Dongkuk especialmente, a JFE Steel quer também estar nas conversas, e aproveitamos para fazer a visita no terreno, nas instalações do porto´, disse.
O diretor de Siderurgia da Vale, Aristides Cordelini — que visitou ontem e na quarta-feira o Complexo Industrial e Portuário do Pecém, onde será instalada a siderúrgica —, afirmou-se ´muito impressionado´ com a infra-estrutura que encontrou. ´Realmente, não conheço no Brasil nenhum projeto de infra-estrutura preparado para siderúrgica como esse tão avançado. Já tem tudo: gás natural, eletricidade, terrenos´.
Fiocca completou: ´isso é um fator extremamente importante, principalmente para os sócios internacionais se impressionarem com a coisa´.
Em relação ao cancelamento de um projeto semelhante de siderurgia da Vale em parceria com a estrangeira Baosteel, em Vitória, Espírito Santo, Fiocca esclareceu: ´não tem nada a ver uma coisa com a outra [o projeto de Vitória com o cearense]. Nós temos vários projetos no Brasil. A Vale está atraindo empreendimentos no Rio, no Pará, entre outros´.
Gerência de Siderurgia
Para o presidente da Agência de Desenvolvimento Econômico do Ceará (Adece), Antônio Bahlmann, a vinda de executivos da Vale ao Estado, para confirmar a vinda o projeto deixa claro a posição estratégica da siderúrgica cearense no cenário siderúrgico nacional. ´Tanto que a empresa criou dentro da sua Diretoria Industrial uma Gerência de Siderurgia para tratar de projetos específicos, mais especialmente da CSP´, declarou.
Composição acionária
Sobre a composição acionária da CSP, o diretor de Desenvolvimento Setorial da Adece, Eduardo Diogo, afirmou que o quadro hoje é de cerca de 50% para cada uma das duas empresas, sendo a Vale minoritária.
QUESTÃO AMBIENTAL
Licenciamento sai em 12 meses
O diretor de Desenvolvimento Setorial da Agência de Desenvolvimento Econômico do Ceará (Adece), Eduardo Diogo, também participou da reunião entre o governador e executivos da Vale e afirmou que, nos próximos 12 meses, deverá ser concluída toda a parte de licenciamento ambiental. ´E, de posse disso, o empreedimento estará apto a ser iniciado. É o desenho dos empreendedores. Foi essa a afirmação que a Vale veio trazer aqui aos empreendedores´, disse.
O presidente da Adece, Antônio Balhmann, afirmou que a etapa de terraplanagem deve ter início já no meio do ano. A fase de sondagens do terreno, reiterou, já está realizada.
Terreno autorizado
´Nós conseguimos já todas as autorizações do proprietário, antes dos terrenos terem sido definitivamente transferidos. Terreno de excelente qualidade. Vai permitir fundações tanto para alto forno como para áreas complementares de baixo custo. Agora, falta a definição do layout [localização de cada um dos componentes da usina]. Definindo esse layout da primeira fase das ampliações futuras, aí é fazer a terraplanagem para começar as obras´, disse o presidente da Adece.
Dois layouts
Segundo Antônio Balhmann, já existem duas alternativas de layout prontas, para que os investidores optem por uma. ´Como ainda estão realizando a renegociação do preço da compra dos equipamentos, que estão mais baratos por conta da crise, eles ainda não definiram. A escolha vai depender do tipo de equipamento´, esclarece.
A CSP é um projeto orçado em US$ 2 bilhões e terá capacidade de produzir, em sua fase final, seis milhões de toneladas de placas de aço/ano.
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