O Estado de São Pau
Preocupada com o avanço das multinacionais, empresa pretende construir uma nova usina
O Sistema Usiminas, que reúne as siderúrgicas Usiminas e Cosipa e acumula lucro líquido de R$ 2,594 bilhões até setembro, apresentou ontem ao mercado as armas com as quais quer se defender do processo de consolidação da siderurgia brasileira, iniciada aqui pela multinacional estrangeira Arcelor. Entre os negócios, está a construção de uma nova usina com capacidade para 5 milhões de toneladas de produtos semi-elaborados, na região Sudeste. A empresa investirá também em ampliação das duas unidades. O pacote anunciado ontem está orçado em US$ 4,5 bilhões, dos quais US$ 3 bilhões custeados pela companhia mineira. "Queremos ser consolidadores, e não ser consolidados", anuncia Rinaldo Campos Soares, presidente do Sistema Usiminas.
Soares explica em poucas palavras o plano estratégico até 2015: no mercado interno, o Sistema Usiminas quer assegurar a liderança de mercado; no externo, acha que tem condições de induzir a transferência de indústrias de aço bruto de mercados como EUA e Europa para o Brasil. O País ficaria com a fabricação de semi-elaborados. Tudo seria exportado para a laminação externa.
O investimento na nova usina chegará a US$ 3 bilhões. A Usiminas se dispõe a bancar US$ 1,5 bilhão. O restante virá da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) e de um parceiro internacional. Soares diz que a companhia tentará fechar as parcerias até o final de 2006. A CVRD já disse que teria uma participação limite de 30% do capital em usinas novas. A participação da Vale neste negócio, ainda em conversações, poderá ser esta, mas o ponto mais relevante será a oferta competitiva de minério de ferro. A Usiminas não quis adiantar em quem aposta mais para entrar na sociedade. Citou duas empresas: Mittal Steel e ThyssenKrupp. Mas não descarta outras.
A operação do novo complexo deverá acontecer em 2012, quando, segundo avaliações da Usiminas, a demanda de placa grossa no mercado internacional alcança a oferta. "A construção desta nova usina dependerá de parceiros e, principalmente, da garantia de mercado para a produção. Este negócio não se viabilizará caso tenhamos que produzir placas e vendê-las no mercado `spot`. O risco, neste caso, não compensa."
Retomada - O novo ciclo de investimento do Sistema Usiminas consumirá, além da usina, mais US$ 1,5 bilhão, que servirá para bancar projetos para manutenção de mercado. Na Cosipa, em Cubatão (SP), a empresa pretende construir novo laminador de tiras a quente, com capacidade para 4 milhões de toneladas, e ampliar duas máquinas de lingotamento contínuo (o que eleva a produção de 9,5 milhões para 10 milhões de toneladas de aço líquido por ano). Na Usiminas, em Ipatinga (MG), o plano é agregar valor à produção de placas para produtos acabados ou de aço bruto. Entre os projetos está o de elevar em 300 mil toneladas/ano a capacidade da laminação de chapas grossas.
A Usiminas tem, desde já, dois cenários para bancar o investimento: o "conservador" e o "pessimista". No primeiro, crescimento do PIB entre 2,5% e 3% até 2015. No segundo, expansão anual de 1,5% da economia brasileira. Por ora, vale o primeiro cenário.
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