Conclusão é da Maersk Line.
Valor Econômico
O transporte internacional de contêineres no Brasil deve crescer menos do que o esperado neste ano, devido à desaceleração do consumo e à instabilidade gerada por eventos como greves. A conclusão é da Maersk Line, maior armador do mundo, que reviu para baixo o crescimento do setor no Brasil em 2014: de originais 5% a 6% para 4%.
"Nossos clientes estão indicando que o consumo está abaixo do esperado. Existe uma sensação de que as coisas não estão bem", afirmou Mario Veraldo, chefe de vendas da Maersk Line Brasil, incluindo na lista de preocupações um possível racionamento de energia.
O arrefecimento na demanda, movimento que surpreendeu o setor em ano de Copa do Mundo no Brasil, fez a indústria marítima suspender um aumento de capacidade para o segundo semestre. Nove armadores de longo curso, entre os quais a Maersk Line, deixarão de colocar capacidade adicional em um serviço compartilhado no tráfego entre Ásia e Brasil, um dos mais pulsantes do comércio exterior brasileiro.
Tradicionalmente a rota recebe um aumento de espaço para contêineres da ordem de 20% no segundo semestre devido ao pico dos embarques. De acordo com Veraldo, este ano é atípico e o pico de volumes parece ter sido pulverizado ao longo do ano. "Deve haver algum aumento de volume na segunda metade do ano, mas que será abarcado pela capacidade ociosa que existe hoje nos navios".
No primeiro trimestre do ano, o fluxo do comércio exterior brasileiro em contêineres via marítima cresceu 4,1% sobre o mesmo período de 2013, rescaldo da curva de crescimento do fim de 2013 e que perdeu força no restante do semestre.
A Maersk Line completou recentemente investimento de US$ 2,2 bilhões em 16 embarcações encomendadas para os tráfegos que envolvem o Brasil. Maior transportadora de contêineres do mundo, a companhia responde por 15% da movimentação marítima de contêineres na América Latina.
Há alguns meses a empresa se prepara para minimizar impactos devido às paradas de operações durante os jogos do Brasil na Copa do Mundo. Os portos nacionais vão suspender as atividades por duas horas durante cada jogo da seleção. "Já nos organizamos quanto ao gerenciamento de nossas operações", afirmou Peter Gyde, diretor-geral da Maersk Line no Brasil, em relatório da empresa.
Empresa interrompe linha entre Ásia e Brasil
A companhia informou ontem (10) que irá cortar no segundo semestre uma linha extra de navio que operava entre o Brasil e a Ásia, levando e trazendo mercadorias. O motivo é a queda na previsão do volume de comércio exterior brasileiro.
No primeiro quadrimestre deste ano foram movimentados 539,2 mil contêineres no país, 22 mil a mais (+4%) que no mesmo período de 2013, número abaixo da expectativa da companhia. Segundo Mário Veraldo, diretor comercial da empresa, a expectativa da Maersk era que o primeiro semestre de 2014 fosse o responsável por garantir o crescimento do volume para todo o ano na ordem de 6%.
Mas os números decepcionaram e, para a companhia, o segundo semestre não vai trazer melhora nesses indicadores. A expectativa de crescimento foi reduzida para entre 4% e 5%. "A sensação é de mal estar. A confiança de consumo está impactada negativamente", afirma Veraldo lembrando que os navios estão saindo do país em média com 15% de ociosidade.
Linha extra
A linha que foi cortada tinha capacidade para operar cerca de 350 mil contêineres de 20 pés ao ano. Considerando todo o mercado, Mário Veraldo avalia que a linha suportaria 20% do mercado brasileiro. Mas o volume de negócios não foi suficiente para manter o serviço funcionando. "O nível de frete entre o Brasil e a Ásia é menor da história", afirmou o diretor.
Os números da Maersk Line, que é a terceira maior operadora de contêineres no Brasil, com cerca de 15% do mercado, vinham mostrando um bom crescimento do mercado brasileiro. No ano passado o volume de transporte cresceu 8,5%. E no ano anterior, 5,7%.
Um dos dados que mais chama a atenção da empresa para a queda na atividade econômica do país é a redução de 15% no volume de importação de máquinas, equipamentos e eletrônicos. Segundo Veraldo, esses itens são em geral importados pelas empresas quando elas estão fazendo investimentos, que fazem com que o país cresça ainda mais. A queda nesse item, para ele, aponta para um ciclo vicioso que leva à redução da atividade econômica no país.
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