Especial

Texto acusa gargalo na infraestrutura e tributos em cascata

 A taxa real de câmbio registrou forte valorização no governo Lula e, por isso, teve um efeito "maléfico" nas exportações brasileiras. Além disso, um sistema tributário "complexo", a dificuldade de ressarcimento de cr&ea

Valor Econômico
18/06/2010 09:38
Visualizações: 290 (0) (0) (0) (0)

 A taxa real de câmbio registrou forte valorização no governo Lula e, por isso, teve um efeito "maléfico" nas exportações brasileiras. Além disso, um sistema tributário "complexo", a dificuldade de ressarcimento de créditos tributários, o excesso de burocracia, a falta de incentivos para investimentos em tecnologia e inovação, uma política industrial abrangente em vez de focada em alguns setores e o gargalo logístico diminuem a competitividade da produção nacional.

 

 

As avaliações não são de integrantes da oposição, mas da Secretaria de Planejamento e Investimentos Estratégicos (SPI) do Ministério do Planejamento. Um dos principais alvos das críticas é o regime tributário, que impõe uma "diversidade de tributos" e possui "cumulatividade de difícil desoneração". Mesmo previsto em lei, o ressarcimento de impostos em produtos para exportação tem custo operacional elevado.

 

"A legislação tributária em vigor pune produtos com cadeia de produção mais longa, por exemplo, o óleo de soja é mais taxado que a soja em grãos", exemplifica o texto publicado no Portal do Planejamento. "As dificuldades no ressarcimento dos impostos apontadas acima podem representar importante viés antiexportação. O acúmulo de créditos fiscais a receber que só possam ser usados no pagamento de impostos pela empresa cria um desincentivo ao aumento da participação das exportações no faturamento da empresa."

 

O diagnóstico feito pela SPI menciona estudo do Banco Mundial, segundo o qual, o Brasil ocupa a "modesta" 81ª posição, dentre 155 países, no Índice de Desempenho Logístico. "Dessa feita, uma modernização aduaneira faz-se premente", diz o documento. Os técnicos afirmam que a falta de integração dos órgãos federais que atuam no comércio exterior provoca ineficiência. Esses órgãos (Polícia Federal, Receita Federal, Administração Portuária, Anvisa, etc.) atuam de forma descentralizada, "o que leva a atrasos, riscos e ineficiências na cadeia do comércio".

 

A avaliação da SPI mostra ainda que o governo fracassou na tentativa de aumentar a participação das micro e pequenas empresas nas exportações (MPEs). Os técnicos lembram que, quando anunciou "metas prioritárias" para esse segmento, o governo disse que aumentaria a sua participação nas vendas externas de 10% para 20%. Na verdade, ressalva o texto, "posteriormente constatou-se que esses dados estavam equivocados, uma vez que a participação dessas empresas era aproximadamente de 1%". Por causa disso, a meta hoje é elevar para 10%.

 

O documento critica a Apex. Diz que os cinco Centros de Negócios criados no exterior pela entidade para facilitar o acesso de exportadores a mercados globais estão funcionando de forma incompleta, com exceção do centro de Miami. Os técnicos também revelam que o Projeto de Apoio à Inserção Internacional das MPEs está com o cronograma de implantação atrasado.

 

Os analistas da SPI comentam que os setores mais intensivos em tecnologia estão perdendo espaço na pauta de exportação brasileira. Eles censuram o fato de a PDP, a política industrial lançada pelo governo no segundo mandato, ser muito abrangente e privilegiar setores em que o país já é competitivo. Eles dizem que a política anterior, voltada para cinco setores, era mais apropriada.

 

"(...) A concepção da política industrial brasileira parece pouco pragmática, ao considerar a relativa escassez de recursos disponíveis para a oferta de instrumentos de fomento do setor industrial, quando comparada à magnitude da demanda dos diversos setores, a qual a política se propõe a atender", pondera o texto, que reclama também da falta de coordenação e da baixa hierarquia da ABDI (Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial), órgão-chave da execução da política industrial. "Trata-se de uma organização privada, mas com a missão de articular políticas de governo, sendo constantes as dificuldades na coordenação e mobilização dos atores envolvidos na PDP."

 

Fonte: Valor Econômico/ Cristiano Romero, de Brasília



Mais Lidas De Hoje
veja Também
ANP
Oferta Permanente de Concessão: resultado parcial do 5º ...
26/08/25
PD&I
Projeto Embrapii transforma algas de usinas hidrelétrica...
26/08/25
PPSA
Leilão de Áreas Não Contratadas será realizado em dezembro
26/08/25
IBP
Desafio iUP Innovation Connections inicia etapa de capac...
25/08/25
Transição Energética
Fórum Nordeste 2025 discute energias renováveis, sustent...
25/08/25
Margem Equatorial
10 perguntas e respostas sobre a Avaliação Pré-Operacion...
25/08/25
Internacional
UNICA participa de encontro internacional na Coreia de S...
25/08/25
Reconhecimento
HPG Lab é premiado no Prêmio Inventor Petrobras 2025 com...
25/08/25
Combustíveis
Etanol anidro recua e hidratado sobe na semana de 18 a 2...
25/08/25
Firjan
Rede de Oportunidades na Navalshore 2025 bate recorde de...
22/08/25
Mobilidade Sustentável
Shell Eco-marathon Brasil 2025 desafia os limites da mob...
22/08/25
Evento
Cubo Maritime & Port completa três anos acelerando desca...
22/08/25
IBP
27º Encontro do Asfalto discute futuro da pavimentação c...
22/08/25
RenovaBio
ANP aprova primeiro certificado da produção eficiente de...
22/08/25
Pessoas
Bruno Moretti é o novo presidente do Conselho de Adminis...
22/08/25
Gasodutos
ANP realizará consulta pública sobre propostas tarifária...
21/08/25
Combustíveis
Revendedores de combustíveis: ANP divulga orientações de...
21/08/25
Firjan
Investimentos no estado do Rio de Janeiro podem alcançar...
21/08/25
Energia Solar
Thopen inaugura 6 usinas solares e amplia atuação no Par...
21/08/25
Meio ambiente
15 anos depois, artigo técnico sobre emissões fugitivas ...
21/08/25
ANP
Artur Watt Neto e Pietro Mendes são aprovados para diret...
21/08/25
VEJA MAIS
Newsletter TN

Fale Conosco

Utilizamos cookies para garantir que você tenha a melhor experiência em nosso site. Se você continuar a usar este site, assumiremos que você concorda com a nossa política de privacidade, termos de uso e cookies.