Opinião

Temos engenharia para mover o mundo

Em artigo, o executivo Besaliel Botelho, presidente do XV Congresso e Exposição Internacionais de Tecnologia da Mobilidade SAE BRASIL e vice-presidente executivo da Bosch, aborda as tecnologias da mobilidade e sua relação com novos combustíveis renováveis.

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27/10/2006 03:00
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Com a auto-suficiência alcançada do petróleo em 2006, frente ao preço atual, vivemos no Brasil uma situação privilegiada. Além disso, nossos engenheiros já são especialistas em motores a álcool, já dominamos a tecnologia para produzir biodiesel, e os testes com este novo biocombustível estão em estágio avançado no Brasil. Estes fatos indicam que, nos próximos anos, a humanidade viverá uma realidade energética diferente e, por isso, este é o momento de pensar o futuro. Na indústria da mobilidade mundial, quase toda ela dependente do petróleo, vemos diversas tendências tecnológicas em combustíveis alternativos, como  os biocombustíveis, o hidrogênio, a eletricidade e o gás natural (GNV). Todas as montadoras e as principais sistemistas do setor têm investido nestas fontes alternativas, com maior ou menor intensidade, dependendo do país onde se encontra.

No Brasil, os biocombustíveis já são fato, principalmente o álcool. Este é o caminho que devemos seguir, pois dominamos a tecnologia para produzir motores e combustível graças ao pioneirismo de nossa engenharia, que muito tem contribuído para a sustentabilidade brasileira em termos de matriz energética. Como isso foi possível é o que veremos em novembro, durante o Congresso SAE BRASIL 2006, que acontece em São Paulo, com o tema Sustentabilidade e a Matriz Energética Mundial. A Contribuição da Engenharia Brasileira.

Durante três dias (21, 22 e 23 de novembro), engenheiros brasileiros e estrangeiros estarão reunidos para o maior evento da tecnologia da mobilidade do Hemisfério Sul, em que são apresentadas e debatidas tecnologias ainda em desenvolvimento pelas empresas do setor e que em breve estarão disponíveis para os consumidores. Foi assim com os motores flex, que utilizam gasolina e/ou álcool e hoje equipam mais de 70% dos veículos vendidos no Brasil.

Nossa engenharia tem, portanto, evoluído muito no sentido de conquistar e manter o auto-sustento energético, principalmente no que tange o uso do petróleo. Ainda não somos independentes desta matéria-prima, mas já dispomos de uma frota de veículos bastante interessante que pode utilizar álcool e se algum dia faltar gasolina na bomba nossos carros continuarão andando. Mas muito mais do que isso, dispomos de tecnologia para tornar realidade o uso de 100% de biocombustíveis em máquinas motorizadas.

Os fóruns do Comitê de Veículos de Passeio debaterão este assunto em profundidade, pois o alto preço do petróleo tem levado o mundo todo a buscar fontes alternativas de combustível. Nos Estados Unidos, relatório divulgado pela Auto Alliance of Automobille Manufactures (a Anfavea norte-americana), informa que cerca de 9 milhões de veículos já rodam naquele país com combustível alternativo (etanol, diesel limpo e veículos híbridos).

Já na Europa, a Associação das Indústrias Automotivas da Alemanha (VDA - Verband der Automobilindustrie) divulgou que o consumo de combustível foi reduzido em 25% em média, desde os anos 90, com o desenvolvimento de novas tecnologias que permitem uma maior eficiência dos veículos. A economia de combustível também será foco do Congresso SAE BRASIL 2006, tanto que o Comitê de Caminhões e Ônibus adotou este assunto como subtema. Nos fóruns, montadoras e sistemistas mostrarão as novas tecnologias em motores e transmissão que permitem rodar mais com menos combustível, e empresários do setor de transporte de cargas e passageiros contarão as estratégias de como conseguir reduzir o consumo em suas empresas.

Vemos, assim, um aumento na contribuição da engenharia brasileira no cenário mundial, no sentido de tornar o mundo independente do petróleo, uma vez que se trata de um combustível sólido não-renovável e, portanto, finito. De todas as tecnologias de combustíveis alternativas, a mais viável economicamente é, sem dúvidas, o álcool ou etanol, que já é uma realidade no nosso mercado e começa a despertar a curiosidade de outros países.

Apesar disso, os biocombustíveis não são única solução, mas a mais imediata. Eles irão conviver e concorrer com as demais tecnologias ainda em desenvolvimento, com a vantagem de ter menor custo, e é por isso que temos de manter a vanguarda e aperfeiçoar cada vez mais a eficiência do álcool e do biodiesel. Não nos falta área para plantar o combustível que pode vir a mover o mundo.

 *Besaliel Botelho é presidente do XV Congresso e Exposição Internacionais de Tecnologia da
Mobilidade SAE BRASIL e vice-presidente executivo da Bosch

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