Redação TN Petróleo/Assessoria
Na última quarta-feira (2), o Sindicato da Indústria de Fabricação do Álcool no Estado da Paraíba (Sindalcool-PB) organizou uma reunião de aprofundamento entre os produtores de etanol e o setor automotivo, na qual participaram o presidente da Bosch na América Latina, Besaliel Botelho, e o conselheiro da Associação Brasileira de Engenharia Automotiva e Bright Consulting, Ricardo Simões Abreu. Durante a mesa redonda, que aconteceu de forma virtual, os produtores de etanol fizeram falas otimistas em relação à nova guinada que o biocombustível poderá alcançar nos próximos anos.
"A célula de combustível a hidrogênio é uma parceria de longo prazo que queremos construir com a Bosch, que hoje é uma empresa que fatura sete bilhões na América Latina. Com certeza, é uma marca que tem grande contribuição no mundo. Esperamos que a tecnologia de célula de combustível movida a etanol, desenvolvida aqui, alcance países como a Índia, que possui 9 das 10 cidades mais poluídas do mundo", disse o presidente do Sindalcool-PB, Edmundo Barbosa (foto), que foi o anfitrião do evento e também conduziu os diálogos.
A Bosch é uma empresa que acredita na eletrificação dos carros com o uso do etanol. Isso será possível graças ao desenvolvimento da célula de combustível à base de etanol, que também está sendo desenvolvida pela Nissan e Volkswagen. Com essa tecnologia, uma reação química que acontece dentro do motor do veículo retira o hidrogênio do etanol e gera a eletricidade capaz de movimentá-lo com autonomia e sem gerar emissões poluentes.
"Essa é uma grande oportunidade que o Brasil e a indústria do etanol têm para gerar energia com célula de hidrogênio, tanto para estacionários, como para a mobilidade urbana. Até 2050, sabemos que teremos uma mobilidade livre de dióxido de carbono (CO2) e o Brasil fez a decisão certa em prestigiar o etanol, pois é um biocombustível que também impulsiona a economia local e gera empregos para o país", disse o presidente da Bosch na América Latina, Besaliel Botelho.
Durante o encontro online, Botelho também recebeu o Prêmio Prosperidade, um reconhecimento dado pelo Sindalcool-PB a pessoas e empresas que contribuem para a prosperidade e o desenvolvimento através dos biocombustíveis, da redução de emissões e da preservação do meio ambiente. O prêmio foi anunciado pelo diretor-presidente da Usina Miriri, Gilvan Morais Sobrinho.
Estavam presentes na reunião representantes de todos os estados produtores de etanol do Brasil e também dirigentes como o presidente da União da Indústria da Cana-de-Açúcar (UNICA), Evandro Gussi, e o presidente do Fórum Nacional do Sucroenergético, André Rocha.
A reunião alcançou o objetivo de iniciarmos uma agenda ainda mais positiva. Valorizamos nessa reunião o desenvolvimento da tecnologia Flex pela indústria automotiva e registramos o crescimento econômico gerado por essa tecnologia. O Brasil produzia em 2003 pouco mais de 200 milhões de toneladas de cana e hoje o volume de cana atinge mais de 600 milhões. Agora, são produzidos mais de 32 bilhões de litros de etanol. Muitas cidades cresceram em razão do desenvolvimento que a produção do etanol e do açúcar trouxeram com os veículos Flex.
A poluição foi reduzida em grandes cidades, muitas mortes foram evitadas pelo uso do etanol. O País teve menores importações de derivados de petróleo, maior arrecadação de impostos e a quantidade de empregos dobrou. Hoje, estamos diante de um novo salto de prosperidade com o etanol. O hidrogênio, o elemento mais abundante no universo, está contido no etanol, intensivo em energia, pode ser produzido com vantagens biomassa da cana e do milho é renovável. O hidrogênio do etanol é seguro e tem emissão zero. O Brasil é o único País que dispõe de rede nacional de abastecimento de etanol. Estes fatores são decisivos para a eletrificação dos automóveis e caminhões sem os ônus de baterias que custam cinco vezes mais para serem recicladas. E usam energia suja.
Brasil pode despontar como referência mundial célula de combustível abastecida com etanol
Após 18 anos do lançamento do motor bicombustível, o motor flex, que fez a indústria do etanol ganhar um novo fôlego no início dos anos 2000, o Brasil, e o setor sucroenergético brasileiro, podem despontar agora como referência mundial no desenvolvimento da célula de combustível movida a etanol, que poderá ser uma nova revolução para a indústria automobilística, que precisa zerar as emissões de carbono até 2035.
"No Brasil de hoje, precisamos de outro momento como protagonistas. Precisamos de uma nova virada. Acho que esse é um momento importantíssimo da nossa história, em fazer o etanol ser fonte de hidrogênio. A indústria do etanol, que é muito forte, gera emprego e movimenta a economia. Temos hoje o combustível do futuro, que nada mais é do que a valorização do nosso biocombustível que já usamos", disse na reunião o conselheiro da Associação Brasileira de Engenharia Automotiva e Bright Consulting, Ricardo Simões Abreu.
Basaliel Botelho também registrou a importância de priorizar o etanol como base da fonte de energia elétrica e destacou que o governo federal precisa financiar essa tecnologia.
"Precisamos colocar dinheiro federal aqui para que o hidrogênio não venha só através da eletrólise, mas, sim, através do etanol. Cerca de 80% da energia do Brasil já é renovável, isso não é o caso da Europa e dos Estados Unidos. De onde vem a energia que movimenta o carro elétrico convencional? Não adianta em nada ter emissão zero no escapamento do veículo e gerar emissões de CO2 no planeta por outro lugar. Temos uma frota de cerca de 1,2 bilhão de veículos rodando no mundo, não adianta manter essa frota e trabalhar com um combustível que não traz benefícios", ressaltou Botelho.
A indústria do etanol tem 40 anos de experiência no Brasil e possui abastecimento em todo o território brasileiro. Em 2019, o consumo de etanol alcançou 46% da frota nacional. O biocombustível evita cerca de 90% das emissões de gases do efeito estufa e é usado para reduzir as emissões em várias partes do mundo.
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