Gás

Tarifa do gás natural inibe investimentos em expansão

DCI
02/07/2010 11:06
Visualizações: 177 (0) (0) (0) (0)

Essa é a afirmação da Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres (Abrace), cujas associadas somam 40% da demanda brasileira de energia térmica. 


 
O custo do gás natural brasileiro tem prejudicado a expansão dos investimentos no País entre as empresas energointesivas (de alto consumo energético). Essa é a afirmação da Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres (Abrace), cujas associadas somam 40% da demanda brasileira de energia térmica. Segundo a entidade, o preço do insumo para a indústria nacional é em média 100% mais elevado que na maior parte dos países. Um reflexo desse fenômeno brasileiro é que multinacionais têm dificuldade de aprovar novos investimentos no País, justificando essa decisão no alto custo energético, o que reduz a competitividade do produto local.

Uma dessas empresas é a do setor de vidros Owens-Illinois (O-I), que está presente em 38 países. O diretor de Procurement para a América Latina, Tomas Vio, confirma que em relação a países como Colômbia, Peru, Equador e Argentina, o custo do gás natural nacional é o dobro do que a empresa paga nos países vizinhos. "Estamos pagando o preço do gás industrial próximo a US$ 11 por milhão de BTUs. Na nossa análise, dentre os 38 países nos quais atuamos é que esse valor só é mais baixo do que no Japão", afirmou Vio.

Segundo as contas do diretor da O-I, o gás natural representa cerca de 20% do custo total da produção da companhia. Na comparação com as unidades que a empresa possui no continente, essa participação do insumo no custo produtivo não passa de 13%.

"Como temos capacidade ociosa em outros países na América Latina, passamos a importar garrafas a um preço igual porque fica difícil justificar um investimentos em expansão no Brasil, em decorrência do preço do fator energético, o que acaba gerando atrasos nos investimentos aqui", revelou o diretor.

Além desse atraso nos aportes, a Abrace cita também a transferência de investimentos para expansão de produção, como as feitas recentemente pela Gerdau, Votorantim Cimentos e Vale, cada uma em um segmento diferente em função do custo do insumo.

Para o presidente-executivo da Abrace, Ricardo Lima, exemplos como o da Gerdau que recorreu ao Gás Natural Liquefeito (GNL) comprado na República Dominicana a um valor 30% mais baixo que o preço pago pelo similar encanado no Brasil é um ponto que acaba sendo crucial no destino de investimentos por empresas que atuam na base da cadeia produtiva, caso da siderurgia, mineração e de vidros.

"Na hora dessas grandes empresas tomarem a decisão de realizar investimentos para ampliar a produção, os recursos que poderiam aplicados no Brasil são direcionados para outros países", sentenciou Lima que citou a saída da Vale do negócio alumínio no Brasil e da Votorantim, que está fazendo aço e cimento no exterior. "O fator custo começa a tirar nossa indústria de base. O que estamos defendendo não são preços mais baixos para a industria, mas a sobrevivência e a continuidade do processo industrial brasileiro".

Lucien Belmonte, presidente executivo da Associação Brasileira da Indústria do Vidro (Abividro), alerta que esse alto custo para as empresas atinge a competitividade da indústria de base, o que é preocupante pois pode afetar toda a cadeia produtiva. Segundo Lima, da Abrace, essa indústria de base substitui US$ 150 bilhões em importações por ano.

Alvo

Toda essa artilharia do setor industrial tem um alvo em comum, a Petrobras, que detém na prática o monopólio do gás no Brasil. Segundo a Abrace, após a mudança de metodologia no cálculo para a formação do preço do gás natural, determinado pela estatal, a empresa acumulou um faturamento adicional de R$ 1,6 bilhão. Desde 2008 os contratos para o fornecimento passaram a contar com duas parcelas a Fixa (transporte) e a Variável (gás).

O problema todo aconteceu na parcela de transporte que era calculada pela portaria 45/2002 da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). A partir da assinatura de novos contratos, a Petrobras estabeleceu o que chamou de Tarifa Postal e elevou a Parcela Fixa muito acima do que era praticado.

Nas contas da Abrace, para o segundo trimestre deste ano, a alteração culminou em aumentos da Parcela Fixa em até 677% para os consumidores de Sergipe. Já no maior mercado consumidor do País, São Paulo, essa alta ultrapassou 250% ante à tarifa calculadas pelo método anterior. Na média nacional, a alta desta parcela é de 413% na comparação entre as duas metodologias.

Procurada pela reportagem para comentar o assunto a Petrobras não respondeu até o fechamento desta edição.
 

Leia também
>>> Petrobras garante que formação dos preços do gás é transparente
 
 
FONTE: DCI
 

Mais Lidas De Hoje
veja Também
Emprego
Firjan alerta: aumento do FOT cria tarifaço fluminense e...
15/08/25
Pré-Sal
PRIO vence disputa por carga de Atapu e pela primeira ve...
15/08/25
Petrobras
Com 225 mil barris/dia, FPSO Almirante Tamandaré bate re...
15/08/25
Resultado
Porto do Rio de Janeiro lidera crescimento entre os port...
15/08/25
Etanol de milho
Biocombustível impulsiona uso do milho e amplia fronteir...
15/08/25
ANP
TIP ANP: 3ª edição do evento debateu temas relacionados ...
15/08/25
Descomissionamento
ABPIP promove debate para otimizar custos e prazos de de...
15/08/25
Fenasucro
Cogeração, biometano e CCS colocam Brasil no centro da t...
15/08/25
Paraná
Petrobras entrega primeiro lote de ARLA 32 na Ansa, em A...
14/08/25
Fenasucro
Biodiesel avança como pilar da transição energética e ga...
14/08/25
Fenasucro
Na FenaBio, Anfavea afirma que com 100% de etanol na fro...
14/08/25
Dutos
Transpetro investe R$ 100 milhões por ano para ampliar a...
14/08/25
Logística
Super Terminais recebe Selo Ouro e tem inventário de emi...
14/08/25
PD&I
Tecnologia brasileira utiliza inteligência artificial pa...
14/08/25
Energia Elétrica
GE Vernova fornecerá subestação de energia para fábrica ...
14/08/25
Fenasucro
Brasil terá combustível sustentável de aviação disponíve...
14/08/25
Gás Natural
Prorrogada consulta pública sobre Plano Coordenado de De...
14/08/25
Resultado
Gasmig registra crescimento de 8,5% de lucro líquido
14/08/25
IBP
Energia da Evolução: campanha do IBP explica como o petr...
14/08/25
PPSA
Produção de petróleo da União bate novo recorde e alcanç...
14/08/25
Fenasucro
FenaBio estreia com debates sobre etanol, biodiesel, IA,...
14/08/25
VEJA MAIS
Newsletter TN

Fale Conosco

Utilizamos cookies para garantir que você tenha a melhor experiência em nosso site. Se você continuar a usar este site, assumiremos que você concorda com a nossa política de privacidade, termos de uso e cookies.

22