Mercosul

Shell eleva preço e Kirchner pede um boicote à empresa

Valor Econômico
11/03/2005 03:00
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O presidente argentino, Néstor Kirchner, reagiu nesta quinta-feira (11/03) ao aumento no preço de combustíveis anunciado nesta semana pela Shell e pediu aos cidadãos de seu país que boicotem os produtos da empresa. "Os argentinos não têm de comprar da Shell. Não compremos deles nem uma lata de óleo", disse o presidente durante um evento na Casa Rosada, sede do governo.
As palavras de Kirchner, que busca evitar com pressões políticas uma escalada inflacionária, foram mal recebidas pelo mercado. A Bolsa de Buenos Aires registrou uma queda de 3,8%, com volume considerado alto, de 147 milhões de pesos. A avaliação foi que a atitude do presidente de promover um ataque direto a uma companhia representa uma deterioração ainda maior no seu relacionamento com o empresariado.
Em contraste, o pedido feito por Kirchner foi respondido com manifestações de repúdio à empresa, realizadas em frente à sua sede. Estiveram presentes representantes da Central dos Trabalhadores Argentinos (CTA), de uma associação de pequenas e médias empresas e dos desempregados. Luis D`Elia, um líder piqueteiro ligado ao governo, pediu a realização de um bloqueio aos postos da Shell.
Depois do anúncio da Shell de que aumentaria os preços entre 2,6% e 4,2%, feito na terça, a Repsol YPF e a Petrobras disseram que não vão elevar seus preços. A Shell justificou o reajuste devido à alta do preço internacional do petróleo. Diferentemente da Repsol e da Petrobras, a empresa atua somente em refino e comercialização, e não na exploração de petróleo na Argentina. Por isso, não tem como compensar perdas geradas pela venda de combustíveis no varejo a um preço inferior ao do mercado internacional.
Em entrevista concedida na noite de anteontem a um programa de TV local, Kirchner explicitou a preocupação em relação aos preços. "Não vou permitir um reaparecimento da inflação", afirmou, acusando parte do empresariado de tentar "castrar" a recuperação da economia. No mês passado, os preços ao consumidor subiram 1%, após uma alta de 1,5% em janeiro. Para este mês, espera-se um número novamente próximo a 1%, e alguns analistas acreditam que a taxa de 2006 chegará a dois dígitos.
A questão dos preços tem especial importância porque a política econômica do governo pretende conciliar dois objetivos: manter a inflação sob controle e o peso desvalorizado. Espera-se que, com a conclusão da renegociação da dívida em default, aumente o fluxo de capitais especulativos para o país, ocasionando uma pressão de baixa sobre o dólar. O BC tem levado a cabo uma política constante de compra de dólares para sustentar a cotação da moeda em torno de 3 pesos, mas há temores de que seguir injetando pesos na economia possa alimentar a inflação.
Paralelamente ao confronto com a Shell, um dirigente de uma empresa privatizada sinalizou ontem que está disposto a abandonar a concessão. O presidente da francesa Suez, Gerard Mestrallet, disse em Paris que "se o governo quiser estatizar [a empresa], nós sairemos". O executivo também afirmou que a companhia já apresentou diversas propostas ao governo para renegociar o contrato de sua subsidiária Aguas Argentinas, até agora sem resposta. A companhia opera os serviços de água e esgoto na cidade de Buenos Aires e está com as tarifas congeladas desde a desvalorização de janeiro de 2002.
Segundo informações da imprensa argentina, o governo estaria buscando uma forma de impor um esquema de administração mista entre o Estado e a empresa. Desta forma, as autoridades evitariam ter de cassar a concessão, para não ter de pagar uma multa, e conseguiriam que a Suez retire o processo que move contra o Estado argentino na tentativa de ser compensada pelas perdas acumuladas com a pesificação e o congelamento de tarifas. As declarações de Mestrallet, porém, dão a entender que a empresa não aceita compartilhar a gestão com o Estado.

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