Indústria Naval

Setor naval vive clima de incerteza sem novos contratos

Sindicato estima corte de 50% dos postos de trabalho em Niterói.

O Fluminense – Pedro Conforte
11/03/2015 14:03
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Com a crise gerada pelo o escândalo da Petrobras, sindicato dos metalúrgicos estima corte em pelo menos 50% dos postos de trabalho em Niterói ainda esse ano

A perspectiva para o setor naval de Niterói em 2015 é de uma redução de 50% dos postos de trabalho. A afirmação é do presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Niterói, Edson Rocha. Apreensiva e preocupada com a situação de incerteza do mercado, a categoria foi às ruas na última semana, realizando protestos.

Antes com 12 mil trabalhadores, hoje o setor naval já está com 10 mil e, segundo o presidente do sindicato, até maio esse número pode ser reduzido para 8 mil. Até o fim do ano pode chegar a 6 mil. De acordo com Edson Rocha, o estaleiro Mauá, um dos maiores da cidade, é o único dos 11 de Niterói com garantias de obras para o próximo ano.

“As obras da construção de um módulo no Enaval foram paralisadas. A Petrobras alega que já fez o pagamento e que levará o módulo da maneira que está. Com isso, 450 pessoas podem ir para rua a qualquer momento. Além disso, a UTC, que depois de demitir 700 trabalhadores está apenas com o setor administrativo funcionando, aguarda a licitação para uma nova obra, que deve contratar apenas 250 pessoas, muito abaixo dos que foram para rua”, explica preocupado o presidente do sindicato.

Além disso, Edson lembra que o estaleiro Brasa, que atualmente constrói duas plataformas de produção e que passa agora pela acoplagem das mesmas, “está mandando trabalhador embora”.

“O Brasa está demitindo cerca de 1 mil que trabalhavam na estrutura e agora irão contratar entre 600 e 700 para esta acoplagem”, revela.

A estatística do Sindicato Nacional da Indústria de Construção e Reparação Naval e Offshore (Sinaval) apresenta queda de 82 mil pessoas trabalhando em dezembro de 2014, para 79 mil empregadas ao final de janeiro de 2015. Mas para o Sinaval é uma oscilação que pode ser considerada normal, não havendo motivo para demissões futuras. O sindicato não vê uma crise no setor naval no momento. A preocupação está na redução da queda do preço do petróleo.

De acordo com o presidente do Sinaval, Ariovaldo Santana da Rocha, periodicamente são realizados levantamentos estatísticos de empregos nos estaleiros brasileiros. No caso de Niterói, os principais contratos são: reparos de navios; navios petroleiros para a Transpetro e de navios de apoio marítimo para operadores de frotas que conquistaram contratos de serviços com a Petrobras.

“Estes segmentos da construção permanecem estáveis. Não existe, do ponto de vista do Sinaval, motivos para demissões, além dos ajustes normais entre entregas de navios e início da construção de novo projeto”, tranquiliza o presidente, que mostra, no entanto, preocupação para longo prazo por conta do preço do petróleo.

“A redução do preço vai afetar primeiro a decisão de construir novas plataformas de petróleo, que pode atingir o estaleiro Brasa, após as entregas previstas para 2016 e 2017”, afirmou Ariovaldo Santana.

Até o momento a Petrobras não anunciou números de investimentos do novo plano de negócios, diante da nova realidade da queda do preço do petróleo. Segundo Ariovaldo Santana, é claro que haverá uma redução, mas os reservatórios de petróleo existem e precisam ser explorados já que o petróleo é a fonte de receitas da Petrobras.

“Portanto, os planos podem sofrer mudanças de velocidade, mas não podem ser interrompidos já que serão esses recursos que promoverão a recuperação da Petrobras”, explica o presidente do Sinaval.

Para o economista Mauro Osorio, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a crise ainda pode piorar para os setores ligados à Petrobras. Ele afirma ainda que dirigentes precisam ser punidos, mas que é importante preservar a empresa. “O impacto pode ser ainda mais forte, o atual momento é de incerteza. A crise mostrou como a Petrobras é importante para muitos setores. A economia do petróleo é muito importante, principalmente para o Rio de Janeiro.

Itaboraí

De acordo com o economista Mauro Osorio, a crise na Petrobras já afeta o mercado de trabalho no país. De dezembro a janeiro, os problemas da estatal influenciaram – direta ou indiretamente – cerca de 10% de todos os empregos formais perdidos no Brasil inteiro.

Segundo levantamento feito pelo professor, dois municípios fluminenses que têm suas economias dependentes da Petrobras acumularam cortes de 8.353 vagas com carteira assinada em janeiro. O estudo foi feito com base nos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).

Em Itaboraí, 7.065 trabalhadores foram demitidos, enquanto em Macaé, foram 1.288 postos de trabalho formais extintos. Esse volume equivale a mais de 20% das 40.658 vagas fechadas no Estado do Rio do período.

“Em Macaé, houve impacto de diversas formas, por conta da influência da Petrobras na economia local. Em Itaboraí, é demissão no Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro) mesmo”, disse Osorio, lembrando ainda que além das dispensas de trabalhadores terceirizados que atuavam nas obras do Comperj, outras atividades da região têm estreita ligação com os investimentos e trânsito de funcionários da petroleira nos municípios atingidos, como serviços, construção e comércio.

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