Petroquímica

Setor busca saída para aliviar os estoques

Valor Econômico
04/05/2009 08:20
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A Quattor conclui até o fim do primeiro semestre a ampliação do polo petroquímico do ABC, na região metropolitana de São Paulo, um investimento que consumiu US$ 1 bilhão nos últimos anos. Com a expansão, a empresa petroquímica, controlada pela Unipar e a Petrobras, aumentará sua capacidade de produção em mais 200 mil toneladas de polietileno.

 


A nova oferta aumentará o superávit de produção da petroquímica brasileira. Com a brutal queda de demanda por produtos usados pela indústria do plástico nos últimos tempos, em razão da crise econômica internacional, as fabricantes brasileiras tiveram de reavaliar as projeções e cenários econômicos e decidiram destinar mais produção ao mercado externo, de forma a aliviar seus estoques e sem comprometer a operação das unidades.

 


“Temos uma visão de que os excedentes de produção devem ter destino à exportação”, diz o presidente da Quattor, Vítor Mallmann. “Embora isso afete as margens porque há um custo maior na logística, não precisamos desligar as fábricas.” Em fevereiro, metade da produção de polietileno da Quattor era exportada e cerca de 30% de sua produção de polipropileno tinha o mesmo destino.

 


A ampliação do polo petroquímico do ABC - a terceira expansão desde sua inauguração, em 1972 - era uma ideia antiga, e vinha sendo conduzida pela Unipar desde o fim dos anos 90. Atrelada à perspectiva de que o consumo brasileiro de produtos plásticos cresceria numa velocidade de três a quatro vezes o PIB brasileiro, as empresas decidiram tirar da gaveta seus projetos de ampliação.

 


O cenário até fazia sentido no passado recente. Em setembro de 2004, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, anunciou a decisão de elevar a capacidade de produção do polo paulista, a indústria petroquímica mundial vivia uma fase de euforia - fábricas operando a pleno vapor, demanda aquecida e gordas margens de lucro.

 


A situação, contudo, virou no auge do forte ciclo de crescimento. As empresas petroquímicas em todo o mundo passaram a conviver com um período de grande pressão de custos de matérias-primas - alta da nafta e gás - que afetaram a rentabilidade. Embora os preços de matérias-primas tenham caído para níveis mais baixos, as empresas apostam num período de recuperação da demanda.

 


Mas o panorama da petroquímica mundial está mudando. “Todos os projetos que diziam que iriam entrar em 2007 estão chegando só agora ao mercado. É o caso das grandes fábricas da Arábia Saudita, Irã e China”, diz José Ricardo Roriz Coelho, presidente da Vitopel, grande fabricante de embalagens plásticas e uma das maiores consumidoras de resinas plásticas do país. “O impacto é grande e a situação só deve melhorar em 2012.”

 


Segundo dados da americana Cmai, uma das mais conhecidas consultorias do setor químico, a indústria deve viver uma fase de baixas margens provocada pelo aumento da oferta global de resinas. As projeções sobre os aumentos de capacidade da petroquímica mundial vão criar um superávit superior às crises anteriores.

 


“O nível absoluto de excesso de capacidade é previsto para chegar ao elevado número de 17 milhões toneladas de eteno em 2010, ou uma estimativa de 15% do total da demanda. O excedente observado era de 7% em 2002 e em 1993″, projetou o vice-presidente da Cmai, Mark Eramo, em um trabalho apresentado no fim de março, nos EUA.

 


Em outras palavras, os produtores de resinas, que fizeram seus projetos a partir dos anos de grande aquecimento econômico, estão aumentando a capacidade global de eteno de 125 milhões de toneladas em 2007 para cerca de 145 milhões de toneladas até 2010.

 


Para a Cmai, a demanda deve ficar ao redor de 115 milhões de toneladas de eteno. Isso deverá afetar principalmente os tradicionais produtores de resinas europeus, em razão da proximidade das fábricas do Oriente Médio que produzem a baixos custos, por conta das abundantes reservas de óleo e gás.

 


Segundo os analistas, a indústria petroquímica brasileira tem uma vantagem de atender o mercado doméstico onde vigora uma relativa proteção tarifária (as alíquotas de importação são de 14%) e ficam longe dos grandes produtores do Oriente Médio.

 


Com a ampliação da oferta mundial petroquímica, os especialistas avaliam com cautela a intenção de construir megaempreendimentos, como o Comperj (complexo petroquímico do Rio de Janeiro) no desenho desejado pela Petrobras - uma fábrica de polietileno com 1,3 milhão de toneladas e outra de polipropileno com 850 mil toneladas, entre outras unidades.

 


O complexo industrial é orçado em US$ 8 bilhões, e a intenção da estatal é que esteja funcionando até 2014. “Difícil acreditar que a Petrobras, com a descoberta do pré-sal e diante da superoferta de petroquímicos, ainda queira fazer o investimento no formato original. Ela poderia construir a refinaria de óleos pesados e fornecer seus produtos às unidades petroquímicas já existentes”, disse o representante de uma empresa privada.

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