Seca obriga fechamento de portos no Alto Solimões

Agência Estado
23/09/2010 10:16

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Três municípios da região do Alto Solimões - Tabatinga, Benjamim Constant e Tocantins - fecharam seus portos nos últimos três dias para preservar a segurança de passageiros e trabalhadores portuários. Ao redor desses portos só há areia e pedaços de árvores secas. De acordo com a assessoria da Sociedade de Navegação, Portos e Hidrovias (SNPH), que administra o porto de Tabatinga, o principal da região do Alto Solimões, há uma semana as atividades portuárias foram transferidas para uma balsa a cerca de 6 quilômetros do porto, mais no meio do Rio Solimões.

Ao porto improvisado na balsa só chegam barcos de baixo calado - e uma viagem de barco de Manaus até Tabatinga ou Benjamim Constant, que dura em média cinco dias, está demorando mais que o dobro.

O custo dos alimentos está altíssimo em Benjamim (Constant) porque os barcos com mantimentos seguem direto para a balsa-porto em Tabatinga e os comerciantes têm de fretar barcos pequenos para chegar até lá e trazer para o município", relata o vice-prefeito da cidade, David Nunes Bemerguy. "E desde a semana passada é impossível conseguir um barco em Manaus que queira transportar pessoas ou carga para aquela região do Alto Solimões." O vice-prefeito diz que o município tem pelo menos 50 famílias isoladas em comunidades onde nem os chefes de família estão conseguindo sair para trabalhar. "Dizem que o rio (Solimões) está subindo, mas não estamos sentindo ainda. Agricultores perdem trabalho porque os igarapés que cortam o município estão secos e eles não têm como chegar ao trabalho de canoa nem a pé pelos leitos secos por conta das grandes distâncias", conta.

Segundo o presidente da Associação Amazonense dos Municípios, Jair Souto, a maior preocupação atual é com a falta de água potável nas comunidades isoladas. Nesta segunda-feira, a Defesa Civil Estadual anunciou a compra, na próxima semana, de 10 mil filtros de água para distribuir aos ribeirinhos em comunidades isoladas.

O Rio Solimões subiu mais de 1 metro nos últimos cinco dias e, na medição do Serviço Geológico do Brasil (CPRM), há 15 dias o nível de água à margem estava abaixo do zero da régua. O Negro, que nesta quarta-feira (22) media 17,72 metros, continua baixando e está a 4,08 metros da medição recorde da seca, em outubro de 1963, de 13,64 metros.