A Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp) pretende lançar em até um mês a licitação para a nova infraestrutura do porto de Santos destinada a navios de cruzeiro. O projeto, que integra o PAC Copa, está orçado em R$ 352 milhões, aumento de 193% sobre o valor inicial.
Segundo o diretor de infraestrutura e execução de serviços da estatal, Paulino Moreira Vicente, os estudos mostraram que a obra de recuperação do cais era mais complexa do que o originalmente imaginado. O valor inicial não levava em conta sondagens geológicas em terra e mar, nem a fundação em leito rochoso. "No caso das estacas verticais, 85% delas serão fincadas em rocha, isso traz uma solução muito mais cara ao projeto", disse Vicente. No total, serão fincadas 682 estacas com extensão entre 30 a 40 metros cada.
O novo valor exigiu remanejamento de investimentos do PAC 2, mas sem prejuízo às demais obras, diz o executivo. Se tudo transcorrer dentro do previsto, a obra deve começar em novembro próximo e levar 26 meses. A perspectiva é que sejam gerados 600 empregos diretos durante a construção.
O projeto prevê o alinhamento e a readequação do cais de Outeirinhos, com a execução de 1.320 metros de cais entre os armazéns 23 e 29. A nova infraestrutura ampliará em quase quatro vezes a profundidade da região, que passará a ter 15 metros, permitindo a atracação de até seis navios. Hoje algumas áreas em Outeirinhos estão com 4,5 metros de profundidade, o que dificulta a operação logística dos transatlânticos, que são obrigados a atracar longe do terminal de passageiros.
A nova estrutura criará condições de o porto ofertar 15,4 mil leitos flutuantes, uma opção aos hotéis durante a Copa de 2014, acredita Vicente. Para ele, cidades da região, como Guarujá, têm condições de receber "entre uma e duas seleções". Mas o projeto se viabiliza de todo modo, afirma o diretor. "Com os novos berços de 15 metros, teremos um ganho adicional para a movimentação de carga". A temporada de cruzeiros não ocorre o ano todo, concentrando-se entre o fim do ano e o fim do primeiro trimestre.
Na última estação de transatlânticos, Santos recebeu 1,1 milhão de passageiros em 284 escalas, crescimento de 30% sobre o desempenho anterior. Com a obra de Outeirinhos, a estimativa é que o porto possa receber até 2,5 milhões de passageiros por temporada.
Os serviços estão divididos em duas fases, para evitar riscos de interrupção do fluxo normal de movimentação no porto. O Ibama considerou o empreendimento como de baixo impacto, dispensando a elaboração de EIA-Rima. Segundo Vicente, o licenciamento está vinculado à regularização ambiental do porto, que deve ser protocolada no próximo mês.