Jornal do Commercio
O presidente da Rússia, Dmitry Medvedev, disse ontem que o acordo patrocinado pela União Europeia para a retomada do fornecimento do gás russo aos consumidores europeus, através de gasodutos que cortam a Ucrânia, não é válido. Ele deu as declarações durante uma entrevista com o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov. A reunião entre os dois foi exibida pela televisão estatal.
"Eu penso que aqueles que assinaram esse documento com reservas entendem muito bem as consequências legais dos seus atos", disse Medvedev a Lavrov. "Como resultado, nós somos obrigados a considerar o documento assinado como nulo e sem validade para nós. Nós não o implementaremos enquanto essas reservas não forem retiradas", disse Medvedev, referindo-se a cláusulas que foram incluídas pela Ucrânia no acordo.
À noite, o governo da Ucrânia concordou em assinar novamente o acordo que permitirá a retomada do fornecimento do gás russo à Europa, através de gasodutos que cortam a Ucrânia. O chefe da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, telefonou para a primeira-ministra da Ucrânia, Yulia Tymoshenko, e ela concordou em separar a declaração ucraniana do acordo, e em assinar novamente o acordo original, disse o porta-voz da CE, Ferrán Tarradellas.
Também ontem, o premiê russo, Vladimir Putin, propôs ao presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso, que autoridades da Rússia e da União Europeia se reúnam em Bruxelas, hoje, para tratar do tema gás natural, segundo afirmou uma fonte do governo russo. Por telefone, Putin disse a Barroso que as emendas feitas pela Ucrânia ao acordo para monitorar o fluxo de gás eram "inaceitáveis" e sugeriu a reunião em Bruxelas para se discutir uma solução para o impasse. A suspensão do fornecimento de gás russo via Ucrânia para a Europa causou uma perda de quase US$ 800 milhões à Gazprom, segundo Putin.
A Rússia cortou o fornecimento de gás natural para a União Europeia, via Ucrânia, na quarta-feira da semana passada. Mais cedo ontem, a Comissão Europeia, braço executivo do bloco europeu, anunciou que "não existiam razões" para mais atrasos na retomada do fornecimento".
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