Valor Econômico
Apesar de um cenário tranqüilo para os próximos meses, economistas enxergam três luzes amarelas no plano inflacionário: elevação do preço de bens duráveis no varejo, a possibilidade de nova rodada de aumento do aço e a volatilidade da cotação do barril de petróleo no mercado internacional.
A primeira preocupação decorre do represamento do repasse de preços industriais do atacado para o varejo. Na análise dos economistas do Bradesco, os produtos com maior risco para a trajetória de inflação são veículos, eletrodomésticos, eletroeletrônicos e móveis.
De acordo com uma média móvel trimestral calculada pelo banco, em janeiro, os veículos acumulavam alta de 2,57% no Índice de Preços ao Atacado (IPA-DI), calculado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), e novos aumentos foram anunciados pelas montadoras. No grupo dos eletroeletrônicos e móveis, a situação é ainda mais evidente. Em janeiro, no atacado, esses produtos acumulavam alta de 1,85%, bem abaixo do 1,20% no varejo.
Por mais que não se veja uma explosão de consumo, a recuperação da renda, ainda que tímida, e a expansão do crédito deram fôlego à demanda, que tem corroborado o choque de oferta no atacado ocorrido pela alta dos preços do aço e do petróleo no ano passado.
E, no curto prazo, essas duas matérias-primas podem voltam a incomodar. O reajuste de 71,5% nos preços do minério de ferro (anunciado ontem pela Vale do Rio Doce) e de quase 100% para o carvão - insumo essencial para siderúrgicas - podem trazer nova rodada de aumento nos preços do aço.
Já o cenário para o petróleo é mais nebuloso. No mercado interno, a apreciação do real tem beneficiado o preço da gasolina, que agora está cerca de 5% acima do praticado no exterior. No entanto, sem essa ajuda do dólar, os preços domésticos ficariam 4% mais baratos. Desde o início do ano, o petróleo tem subido em ritmo acelerado. O barril do petróleo cru em Nova York fechou 2004 em US$ 43,45. Ontem, ficou em US$ 51,15.
Por outro lado, para sócio-diretor da MS Consult, Fábio Silveira, o alívio para a inflação virá dos agrícolas. "Lá fora, algodão, milho e arroz já estão em queda. Sem contar o recuo dos preços das carnes e a ajuda do câmbio", comenta. A expectativa para a safra de grãos e cereais é muito positiva, tanto no exterior quanto no Brasil.
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