Avaliação é da consultoria PSR.
Valor Online
O risco de o Brasil ser obrigado a racionar energia neste ano já supera 40%, pelos cálculos da consultoria PSR. De acordo com estudo realizado pela PSR, se a entrada de água nos reservatórios em março e abril não alcançar 77% da média histórica para o período, o país terá que economizar ao menos 4% da energia demandada, o suficiente para suprir a demanda da cidade de São Paulo.
Neste caso, o racionamento teria início em maio e se estenderia até novembro, quando tem início o novo período de chuvas, informou a consultoria, que participou na última sexta-feira de um fórum sobre o tema promovido pelo banco Brasil Plural.
O risco de racionamento de energia não se restringe à falta de chuvas, alertou a consultoria meteorológica Somar, que também fez parte das discussões. A questão envolve a situação hidrográfica resultante do período de seca, já que o solo árido dificulta a volta dos reservatórios aos níveis adequados.
Além disso, embora seja esperada chuva dentro da média histórica entre março e abril, ela deve ser intermitente, o que também dificulta a recomposição dos reservatórios, segundo a Somar.
Com isso, a expectativa é que a entrada de água nos reservatórios do Sudeste/Centro-Oeste, responsáveis por 70% da capacidade de armazenamento de água no país, se situe em 48% da média histórica em março e 58% em abril – ou seja, abaixo da estimativa de 77% que desencadearia um racionamento.
Pelos cálculos da Somar, seria necessário que as chuvas em março e abril superassem 130% da média histórica para se evitar o racionamento. A probabilidade de isso acontecer, avalia a consultoria, é “extremamente elevada”, considerando o histórico dos últimos 80 anos.
Quando se tem um janeiro ruim em termos de chuvas, seguido por um fevereiro igualmente fraco, março e abril não tendem a ser muito diferentes, diz a empresa. “Olhando para a sequência de hidrologia ruim em janeiro, fevereiro e março nos últimos 80 anos, apenas um mês de abril apresentou chuvas suficientes para salvar o baixo nível dos reservatórios de meses anteriores”, destaca relatório preparado pelo Brasil Plural com as principais conclusões do evento.
Neste documento, o Brasil Plural lembra que não existe uma regulamentação que aborde perdas com o racionamento. Em 2001, para evitar a falência de empresas do setor, o governo protegeu geradores e distribuidores repassando aos consumidores finais o custo do corte de 20% na demanda que foi imposta ao longo de oito meses – R$ 12 bilhões à época.
A redução da receita, detalha o relatório, foi coberta por empréstimos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), quitados pelas distribuidoras após a obtenção de receita com tarifas mais altas cobradas dos usuários.
Para o Brasil Plural, a solução adotada em 2001 não poderia ser aplicada em 2014 e 2015, em caso de racionamento. “O contexto político é menos favorável e o governo está preocupado com o aumento da inflação e a deterioração fiscal”.
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