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O custo de proteção contra um calote pela Petrobras, maior produtora mundial em águas com mais de 305 metros de profundidade, está disparando em relação ao da Pemex, petrolífera estatal mexicana.
A alta reflete a expectativa que o custo de perfuração em águas profundas vai subir.
Os contratos de credit default swap que protegem contra o não-pagamento de obrigações pela Petrobras ao longo de cinco anos custam 187 pontos-base, ou 36 pontos mais do que no caso da concorrente mexicana, que não produz abaixo de 305 metros, de acordo com preços compilados pela CMA DataVision.
A diferença atingiu 47 pontos-base, o maior nível em 17 meses, em 30 de junho, contra 19 em 20 de abril, quando a explosão numa plataforma da BP Plc no Golfo do México causou um vazamento de petróleo no oceano.
A Petrobras, estatal cujo plano de investimento de US$ 224 bilhões é o maior do mundo, prevê aumento do custo de seguro para operações em alto-mar após o acidente da BP, disse em 2 de julho Samir Passos Awad, chefe da unidade da empresa na Holanda.
"O que se vê é uma preferência no curto prazo pela Pemex em detrimento da Petrobras, especialmente com o desastre no alto-mar em águas profundas," disse Michael Shaoul, presidente da Marketfield Asset Management, que administra US$ 800 milhões e cujo principal fundo superou 97% dos concorrentes ao longo do último ano. "As pessoas entendem o quanto mais caro pode ficar."
Reversão do swap
Investidores costumam comparar o custo de um credit default swap da Pemex e da Petrobras porque as duas petrolíferas latino-americanas são estatais e têm a mesma nota de crédito de Baa1 pela Moody's Investors Service, que é a terceira classificação mais baixa na escala de grau de investimento.
O risco de calote da Petrobras sobe com a cobrança por seguradoras de 50% a mais nas apólices cobrindo plataformas de petróleo após o vazamento, que começou com a explosão de uma delas, disse a Moody's em 3 de junho. O poço da BP está derramando até 60 mil barris de petróleo por dia no oceano, de acordo com uma estimativa governamental.
Houve aumento de 67 pontos-base no CDS da Petrobras desde 31 de dezembro. O acréscimo levou em fevereiro a uma reversão do risco dos títulos da dívida da Petrobras contra o da Pemex.
Ao longo do último ano, a proteção contra calote da Petrobras custou em média 19 pontos-base a menos do que no caso da Pemex. Enquanto o CDS da Pemex subiu 38 desde o vazamento da BP, o da Petrobras disparou 56.
A assessoria de imprensa da Petrobras no Rio de Janeiro não quis comentar o assunto. Eduardo Marin, porta-voz da Pemex na Cidade do México, não retornou ligações com pedidos de comentários.
Os swaps contra calote da BP saltaram para um recorde de 594 pontos-base em 29 de junho. O custo da resposta ao vazamento chegou a US$ 3,1 bilhões, segundo a BP.
Os CDS pagam ao portador o valor de face em troca do instrumento subordinado ou o equivalente em dinheiro se um governo ou empresa deixar de cumprir seus acordos de dívida.
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