Durante debate sobre Rio de Janeiro, os secretários estaduais Wagner Victer e Tito Ryff garantiram que há crescimento do Estado, enquanto o professor Mauro Osório informou sobre a decadência regional.
Durante o debate "Rio - Decadência ou Renascença", promovido pela Associação dos Correspondentes da Imprensa Estrangeira no Brasil (ACIE), nesta terça-feira (25/10), o economista e professor da UFRJ, Mauro Osório, questionou a anunciada "Volta para cima" do Governo do Estado.
Os secretários estaduais, Wagner Victer, de Energia, Indústria Naval e do Petróleo, e Tito Ryff, de Planejamento e Coordenação Institucional, destacaram as conquistas do Estado durante os governos Garotinho e Rosinha, apontando dados, principalmente do setor energético e indústrial.
A tese de Osório, autor do livro "Rio nacional, Rio local", baseia-se no reflexo das perdas sofridas pelo Estado após a mudança da sede da capital federal e a unificação da Guanabara ao Estado do Rio de Janeiro. O professor considera que, enquanto a Guanabara era fundamentalmente cosmopolita, sem um poder político estruturado para atender os assuntos locais, o interior do Estado tinha características clientelistas, extremamente locais, mas sem um projeto de políticas públicas regionais.
Para o professor o modelo político do Estado do Rio de Janeiro ainda obdece aos mesmos padrões personalistas e de pouca organização de políticas públicas, o que se reflete em estatísticas de perda de investimentos e crescimento ao longo dos anos. O professor apresenta dados segundo os quais o Rio perdeu 23% de participação no PIB nacional, desde a década de 1970 até 2002. "A `Volta para cima` que o governo do Estado defende não se confirma, uma vez que em termos de indústria de transformação o Rio cresceu 18% entre 1999 e 2005, enquanto a média nacional de crescimento foi de 52,7%", afirmou.
Em oposição às considerações do professor Osório, o secretário Victer, ressalta o crescimento alcançado pelo Estado em vários setores.
"Na geração elétrica, por exemplo, o Rio de Janeiro passou de uma produção de 2.440 MW por ano, que atendia a 40% de sua demanda interna para uma produção de 7.000 MW anualmente, que supera em 30% sua demanda. O Rio agora é exportador de energia elétrica", afirma o Secretário.
No setor de gás natural, o Secretário destaca que o Estado do Rio tem uma política de preços que garante que gás seja 40% mais barato do que o gás distribuído em São Paulo, além de o hidrocarboneto ter uma média de participação na matriz energética fluminense de 22%, enquanto a média nacional é de 7%.
O Secretário também destacou as conquistas no setor petroquímico, com a concretização do investimento do Pólo Gás Químico e a atração de investimentos para a Refinaria Petroquímica. No setor siderúrgico, Viter comentou a atração de investimentos de várias companhias para a região de Itaguaí. No setor naval, ressaltou a reabertura de 19 estaleiros fluminenses, além da operação do Porto de Sepetiba, segundo ele mais competitivo do que o de Santos. No setor petrolífero, Victer considera que o atual governo se destaca pela profissionalização do aproveitamento das reservas. "Pela primeira vez, se extrai petróleo no Estado e há uma preocupação com o desenvolvimento regional, por meio da criação refinarias, navios, etc", ressalta.
O secretário Tito Ryff, da secretaria de Planejamento e Coordenação Institucional, questionou a interpretação dos dados apresentados por Osório. Segundo Ryff, a perda de 23% de participação no PIB é decorrente de um processo de crescimento de outras regiões. Segundo ele, São Paulo também perdeu 17% de importância relativa na economia nacional, mas o Nordeste e o Centro-Oeste cresceram acima da média.
Ryff defendeu que os governos Garotinho e Rosinha fizeram uma série de projetos de atividade econômica duradoura, e citou o Pólo Gás Químico, a indústria petrolífera e o Gás Natural para indústrias e automóveis. Segundo o Secretário, o Rio de Janeiro deveria ser orgulhoso por ter apenas 0,5% do território nacional e representar 12% do PIB brasileiro, mantendo a segunda posição em importância econômica relativa há décadas.
Em resposta, Marcus Osório afirma concordar com o preço baixo do Gás Natural no Estado. Por outro lado, o professor também afirma que os investimentos do Pólo Gás Químico, do Porto de Sepetiba e da Indústria Naval, também têm ação do Governo Federal.
O secretário Wagner Victer destacou, ainda, o desenvolvimento humano empreendido durante o atual governo estadual, principalmente em cursos voltados para os setores em crescimento. Segundo ele, já foi aberto o primeiro curso de graduação em petróleo e centros de pesquisa no setor, como o Laboratório Oceânico da UFRJ e o Centro de Tecnologia de Dutos, o CTDut. No nível médio, foi aberta a Universidade Zona Oeste para a formação de tecnólogo em indústria naval, siderurgia e petroquímica, além de várias outras iniciativas.
Além dos secretários estaduais e do professor Osório, que participaram do painel sobre `Macroeconomia e Perspectivas de Investimentos`, o debate sobre o Rio também contou com a presença do diretor de informações geográficas do Instituto de Urbanismo Pereira Passos, Sérgio Besserman Vianna; do engenheiro do BNDES e ex-prefeito de Vitória, Luiz Paulo Velloso Lucas e do arquiteto e urbanista e professor da UFRJ, Sérgio Ferraz Magalhães, que participaram do debate sobre a `Situação Urbana da Cidade Maravilhosa`.
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