Jornal do Commercio
Uma queda de 1,9% no faturamento real das indústrias brasileiras em abril frustrou os empresários, que apostavam em uma recuperação do setor desde fevereiro. Após dois meses consecutivos de alta em relação ao mês imediatamente anterior, o segmento define o momento atual como uma fase de transição e estima que a retomada virá apenas no segundo semestre deste ano.
Todos os indicadores industriais divulgados nessa quinta-feira pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) são negativos, com exceção do que mede o Nível de Utilização da Capacidade Instalada (Nuci). Além da desaceleração verificada no faturamento, as horas trabalhadas caíram 0,1% em relação a março e o nível de emprego sofreu a maior redução da série histórica, iniciada em 2003, de 1,1%.
Por outro lado, o grau de utilização do parque industrial subiu de 78,8% em março, para 79,2%. Em relação a abril do ano passado todos os indicadores despencaram. O faturamento real foi 10,7% menor, as horas trabalhadas, -10,0%, e o número de funcionários, -3,6%. A massa salarial reduziu 2,7% no período.
"Tivemos melhora só porque o quadro ruim não se agravou, mas ainda permanecemos num quadro bem aquém do desejável. Estamos em fase de transição para voltar a crescer, neste período vamos ter altos e baixos.", analisa o gerente executivo da Unidade de Política Econômica da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Flávio Castelo Branco, para quem "o pior da crise internacional já foi superado, mas isso não significa que o processo recessivo terminou."
O momento de ajuste se deve às diferenças dentro do segmento industrial, segundo o economista do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI) Rogério César de Souza. "Temos empresas diferentes, de ramos diferentes, se ajustando de forma diferente. Os empresários têm que redescobrir como estão seus mercados, ajustar seus níveis de produção para uma realidade que estão conhecendo agora. Por isso, esta é uma fase de ajuste para voltar a crescer", afirmou.
A expectativa é que a melhora só venha nos próximos resultados divulgados pela CNI. "Uma conjunção de recuperação do cenário internacional com melhorias domésticas, geradas por medidas de política monetária, aumento da confiança do empresário e medidas de estímulo do governo devem ajudar a recuperar o setor industrial no segundo semestre", aposta Ariadne Vitoriano, analista da Tendências Consultoria.
A recuperação, no entanto, não deve ser responsável por igualar o desempenho de 2009 ao do ano anterior, segundo as previsões da CNI. A entidade prevê que o Produto Interno Bruto (PIB) do segmento registre uma queda de 2,8% neste ano. Com os números registrados até abril, de maio a dezembro as indústrias brasileiras teriam que vender 7,1% a mais que em 2008 para registrar o mesmo volume de vendas do ano passado. "O tombo no início do ano foi muito grande", destaca o economista da CNI, Marcelo de Ávila.
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