Com a associação com a chinesa Sinopec, ficam suspensos, pelo menos no curto prazo, os planos da Repsol Brasil de realizar uma oferta inicial de ações na BM&FBovespa. O diretor de comunicações de Repsol Brasil, Alejandro Roig, afirmou ao Valor que a oferta no país nunca teve início. "Nem chegamos a conversar com investidores, apesar de termos entregado documentos à Comissão de Valores Mobiliários (CVM)", diz Roig.
Segundo ele, a Repsol buscava uma forma de financiar os ativos no Brasil, que poderia ser via oferta em bolsa ou negociação privada. Acabou optando pelo segundo caminho.
Com isso, diminuiu a lista de empresas na CVM estudando uma oferta de ações no país. Após a conclusão da operação da Petrobras, os bancos de investimento afirmaram que havia uma fila de operações prontas para acessar o mercado e a Repsol Brasil era uma das mais esperadas.
O Valor apurou que a HRT Participações em Petróleo, que reúne ex-funcionários da Petrobras em seu comando, já iniciou conversas com investidores. As informações são de que a empresa planeja captar até US$ 1,5 bilhão.
Além dessa, do mesmo setor, está em análise na CVM a operação da Karoon Petróleo e Gás, que deu entrada em setembro. Cada vez mais fica apertado o prazo para que as empresas concluam ofertas na bolsa ainda este ano - uma retomada de IPOs no Brasil deverá ficar para o ano que vem.
Roig afirmou ainda que o negócio premia um trabalho de mais de 10 anos da Repsol no Brasil e ressalta que a empresa sempre acreditou e apostou na existência de petróleo no país. "Conseguimos atrair um parceiro estratégico, acredito, pela bom momento que vivem os negócios no Brasil."
Repsol e Sinopec trabalharão para desenvolver os ativos que já possuem e também poderão participar de outras licitações, juntas ou separadamente.
Após a operação, a Repsol manterá 60% do capital da companhia e a chinesa ficará com 40% - exatamente a fatia que a empresa planejava vender em um IPO no Brasil. Segundo a empresa, fica criada uma das "maiores energéticas privadas da América Latina".