Depois de sete anos, o Porto do Recife voltará a receber contêineres. O grupo paulista Rodrimar, especializado em logística e operação portuária, será o responsável pela empreitada. O anúncio foi feito ontem, na transmissão do cargo de presidente do ancoradouro de Sileno Guedes (que assume a pasta de Articulação Social e Regional) para Pedro Mendes, antigo titular da agora extinta Secretaria Especial de Juventude e Emprego. O investimento da empresa será de R$ 12 milhões e consiste em equipar o pátio de número 3 para receber, nos próximos cinco anos, uma média anual de 18 mil unidades de pequeno porte - conhecidas como TEU’s - carregadas de bens de consumo, como alimentos e tecidos. A estimativa é que as atividades comecem em março.
Ainda este mês, segundo o gerente regional no Nordeste do Grupo Rodrimar, Fabio Saboya, seis grandes armadores marítimos internacionais (empresas responsáveis pelo transporte de mercadorias) serão convidados a visitar o Porto do Recife. O objetivo é mostrar a nova “cara” do local. “A imagem que ainda se tem é de um porto sucateado”, disse Saboya. Os motivos para a escolha do ancoradouro da capital são o bom momento da economia pernambucana e a oportunidade surgida com a “superdemanda” no Terminal de Contêineres de Suape, o Tecon Suape.
“Além disso, o desembarque de alguns produtos é mais indicado pelo Recife, do ponto de vista de economia e agilidade. Por exemplo: todo o arroz que Pernambuco consome chega por Suape, mas o frete para trazer um contêiner de lá para capital é de R$ 1.500”, comentou o executivo.
Recentemente reformado, o pátio 3 tem 19 mil metros quadrados (m²). No primeiro momento, considerado experimental, serão realizadas apenas operações de cabotagem, ou seja, produtos sairão de outros portos do País tendo o Recife como destino final. O Grupo Rodrimar tem planos maiores para o Nordeste. “Nossa ideia é, a partir do Recife, expandir nossas operações do Maranhão a Sergipe”, afirmou o gerente regional. Há ainda interesse em investimentos em Suape. A empresa está de olho no segundo terminal de contêineres (ver matéria ao lado).
Diferentemente do ocorrido em Suape, onde dois cais foram arrendados ao grupo filipino International Container Terminal Service Inc. (ICTSI) em 2001 por um período de 30 anos, a operação no Porto do Recife será de prestação de serviços. “Mas não está descartado, no futuro, o interesse em buscar uma licitação semelhante”, disse o executivo.
A operação de contêineres no Porto do Recife foi encerrada em 2004 para dar espaço ao Tecon Suape, que estava no início de suas atividades. A época também marca o início da derrocada do local, ao ponto de ser considerada a possibilidade de fechar suas portas de vez. Ontem, durante o evento de transmissão de cargo de presidente, o fato foi lembrado com um viés político: um ataque velado à gestão de Jarbas Vasconcelos, apontada como a responsável por abandonar o Porto. Mas vale lembrar que, entre 2007 e 2009, já no governo Eduardo Campos, muitas obras estavam estagnadas, só saindo do papel após um choque de gestão que promoveu investimentos de R$ 5,84 milhões em 2010 e destravou projetos importantes.