Biotecnologia

Ramo da família Biagi reage à concentração e lidera pool de usinas

Valor Econômico
13/05/2010 14:18
Visualizações: 964 (0) (0) (0) (0)

Eles são tradicionais em açúcar e álcool, mas não têm a mesma projeção que seus primos. Netos de Pedro Biagi, que introduziu a família de imigrantes italianos no segmento sucroalcooleiro no Brasil, os irmãos Bernardo e Pedro Biagi seguem firmes à frente de suas usinas no interior de São Paulo, mesmo com o grande número de fusões e aquisições na área nos últimos anos no país.

 

O sobrenome Biagi ainda é muito forte no segmento, mesmo com a saída de André e Luiz Biagi, antes principais controladores da Santelisa Vale, agora acionistas da francesa Louis Dreyfus, e da venda do grupo Moema, que tinha Maurílio Biagi Filho como um dos principais acionistas, para a americana Bunge. Bernardo e Pedro evitam comparações com seus primos e não comentam os rumos dos negócios de seus parentes.

 

A importância do sobrenome da família não assusta Bernardo, que administra duas usinas em São Paulo - Batatais e Lins, localizadas nos municípios de mesmo nome - junto com o irmão Lourenço Biagi. Para ganhar escala e se defender da concentração, o usineiro formou um pool com outras companhias para aproveitar os ganhos de sinergia dos grandes, sem deixar de usufruir das vantagens de ser de médio porte.

 

Discreto, Bernardo Biagi não é muito chegado aos holofotes. Ao Valor, ele contou que não cogitou vender suas usinas durante o período de auge da crise que se abateu sobre o segmento, entre 2008 e 2009. Mas reconheceu que o fato de ser um Biagi chegou a colocar a saúde financeira de seu negócio em xeque pelos bancos. Isso porque, durante o período mais agudo da turbulência financeira, seus primos estavam em plena negociação para trazer um acionista forte para a Santelisa Vale. Procurado, Pedro Biagi, proprietário da Usina da Pedra, em Serrana (SP), preferiu não conceder entrevista.

 

Confusão desfeita no mercado, Bernardo segue em frente para que seu negócio continue atraente. Após mais de 30 anos de amizade com os sócios das usinas do grupo Santa Adélia e Titoto, Bernardo resolveu se unir com os parceiros de setor para adquirir insumos e, obviamente, obter vantagens com a compra em maior escala. A ideia foi amadurecida no segundo semestre do ano passado, em meio à formação de gigantes no segmento. "Ser grande pode ser moderno e bom, mas não em todos os aspectos. Você perde a capacidade, por exemplo, de pôr o olho nos detalhes do negócio. O que estamos buscando é unir o lado bom de ser grande com a parte vantajosa de ter um porte médio", diz Biagi.

 

Assim, surgiu o pool dos três grupos que, juntos, somam sete usinas e uma capacidade de moagem de cerca de 16 milhões de toneladas de cana - dimensão semelhante, por exemplo, à da Açúcar Guarani, controlada pelo grupo francês Tereos.

 

Biagi explica que as primeiras aquisições conjuntas foram feitas experimentalmente no ano passado, principalmente de óleo diesel e adubo, no valor aproximado de R$ 100 milhões. Os sócios foram diretamente aos fornecedores, apresentaram o interesse em adquirir em uma tacada só um volume três vezes maior do que individualmente compravam, e pediram desconto. O resultado surpreendeu: a economia foi da ordem de 10%.

 

Neste ano, para a safra em curso, o pool já fez a compra dos mesmos insumos, mas em volumes para o ano todo, portanto maiores, e conseguiram ampliar as vantagens no preço para um desconto de mais 5%. "Este percentual incidiu em compras conjuntas da ordem de R$ 210 milhões, nem um pouco desprezível", diz Biagi. Além de insumos, os três grupos adquiriram juntos 18 colheitadeiras de cana com um desconto no preço de 5%.

 

Mas este tipo de parceria não dá certo assim, facilmente, explica o empresário. É preciso abrir contas, revelar por quanto compra esse ou aquele insumo, quanto usa e suas vantagens competitivas. "Só obtivemos êxito por que já temos relação de confiança que, no nosso caso, foi construída em décadas."

 

A pool vai avançar ainda neste ano para aquisição de outros itens. "Faremos agora compra conjunta desde óleo lubrificante para moendas até material de escritório. Agora não paramos mais".

 

Por serem associadas da Copersucar, as usinas que Bernardo administra juntamente com seu irmão também aproveitam na outra ponta, a da comercialização, os ganhos de sinergia de ser grande. O bom resultado agrícola e comercial contribuiu para que na última safra, a 2009/10, o grupo contabilizasse uma geração de caixa de R$ 140 milhões (Lajida, lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização), valor 61% maior do que na temporada anterior.

 

Com moagem de 5,7 milhões de toneladas nas duas usinas, Biagi vê oportunidades para ampliar a produção de açúcar da usina de Lins, que está em sua quarta safra e produz apenas álcool hidratado. "Esse é um plano para daqui três anos e que será executado com recurso de longo prazo", avisa Biagi.
 

Mais Lidas De Hoje
veja Também
São Paulo
Em seu terceiro dia, FIEE debate eficiência, flexibilida...
12/09/25
Energias Renováveis
Pela primeira vez, energia solar e eólica geram mais de ...
12/09/25
Rio Pipeline & Logistics 2025
Evento recebeu cerca de 11 mil visitantes, um cresciment...
12/09/25
Rio Pipeline & Logistics 2025
Shape Digital apresenta ao setor de óleo e gás mais uma ...
12/09/25
Paraná
Compagas lidera avanços no mercado livre de gás
12/09/25
Rio Pipeline & Logistics 2025
Projetos offshore ampliar segurança energética no Brasil...
11/09/25
Rio Pipeline & Logistics 2025
Mulheres no Midstream: painel reúne histórias inspirador...
11/09/25
PPSA
Com 176,5 mil bpd, produção de petróleo e gás natural da...
11/09/25
Rio Pipeline & Logistics 2025
Exposição da Rio Pipeline 2025 destaca inovações em ener...
11/09/25
Rio Pipeline & Logistics 2025
Tanacas comemora 25 anos com lançamento do Retificador I...
11/09/25
Produção
Produção de petróleo e gás natural da União alcançam nov...
11/09/25
Rio Pipeline & Logistics 2025
Brasil e Argentina estão próximos de acordo sobre comérc...
11/09/25
Combustíveis
Diesel fica mais caro em agosto na comparação com julho,...
11/09/25
São Paulo
FIEE 2025 mostra que mobilidade elétrica conecta indústr...
11/09/25
Refino
Petrobras produz SAF com conteúdo renovável na Revap
11/09/25
Rio Pipeline & Logistics 2025
Novo duto com 2 mil km para atender ao agronegócio do Ce...
11/09/25
Biocombustível
OceanPact e Vast Infraestrutura iniciam testes com bioco...
10/09/25
Rio Pipeline & Logistics 2025
ITP Brasil apresenta soluções de engenharia de alta perf...
10/09/25
Rio Pipeline & Logistics 2025
Panorama dos investimentos em infraestrutura de dutos e ...
10/09/25
Rio Pipeline & Logistics 2025
Jovens talentos apresentam soluções inovadoras no Young ...
10/09/25
Leilão
PPSA disponibiliza acesso ao Pacote de Dados Híbrido do ...
10/09/25
VEJA MAIS
Newsletter TN

Fale Conosco

Utilizamos cookies para garantir que você tenha a melhor experiência em nosso site. Se você continuar a usar este site, assumiremos que você concorda com a nossa política de privacidade, termos de uso e cookies.

23