Aempresa formada pela fusão da ETH Bioenergia, do grupo Odebrecht, com a Brenco, e que será a maior do setor de etanol no mundo, pretende investir R$ 3,5 bilhões até 2012 na produção do combustível. O objetivo é a produção de 3 bilhões de litros de etanol e geração de 2.700 gigawatts hora de energia elétrica a partir da queima de biomassa até 2012.
Segundo o presidente da ETH, José Carlos Grubisich, o faturamento com a venda de 3 bilhões de litros de etanol seria, em valores atuais, de aproximadamente R$ 4 bilhões e deixaria para traz a Cosan, até agora a líder global do setor, de cujas usinas saíram, no ano passado, 2,3 bilhões de litros do biocombustível. Também está nos planos da ETH a construção de um alcoolduto, projeto que deve custar R$ 1,7 bilhão.
Em entrevista coletiva, os presidentes das duas companhias manifestaram intenção de abrir o capital da ETH no segundo semestre de 2011. "O IPO (Oferta Pública de Ações, na sigla em inglês) é uma opção para dar um potencial de maior liquidez. Ele estará sujeito ao mercado. Não será uma abertura só por abrir", disse Grubisich.
De acordo com Grubisich, a nova empresa, que manterá o nome ETH, deverá ter 40% de seu capital aportado por acionistas, enquanto os 60% restantes viriam de linhas de financiamento privadas, incluindo dinheiro do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Até o momento, as duas empresas investiram R$ 3,8 bilhões de capital próprio e de linhas de crédito. O controle da nova companhia ficará com a Odebretch e a Sojitz Corporation, que detêm 65% das ações da ETH. Os restantes 35% ficarão com os acionistas da Brenco. Com base nesta divisão, o Conselho de Administração, de 10 membros, terá sete integrantes indicados pelo grupo Odebrecht-Sojitz e três indicados pela Brenco.
Até 2012, a empresa espera ter em operação nove usinas nos estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, e São Paulo. No momento, estariam em operação apenas cinco usinas. Apesar de não ser o foco da empresa, três das nove usinas da ETH terão capacidade de produção de açúcar. A produção será de 550 mil a 600 mil toneladas de açúcar por ano. Grubisich acredita que a produção de açúcar ajudará a gerar caixa, além de permitir à ETH aproveitar o preço alto da commodity para lidar com a volatilidade do mercado de etanol.
Há também aposta alta na energia elétrica. O presidente da Brenco, Philippe Reichstul, afirma que a energia que será gerada pela ETH é o bastante para abastecer todo o Estado do Paraná. De acordo com Grubisich, 75% da energia já estariam contratados nos leilões de energia de reserva. Juntas, as duas empresas empregam atualmente 7,6 mil pessoas. Nos próximos dois anos, este número deverá subir para 10 mil.
ALCOOLDUTO. O projeto da Brenco para o desenvolvimento de um alcoolduto para o transporte do etanol deve ser retomado pela ETH. De acordo com Reichstul, o transporte por meio de duto seria ainda mais barato que o feito por meio de ferrovias, que por sua vez seria 30% mais barato que o transporte rodoviário. Segundo Reichstul, a economia seria "bárbara".
O presidente da ETH defendeu o desenvolvimento do alcoolduto como um passo para tornar o etanol brasileiro mais competitivo no mercado externo.
PREVISÕES. Grubisich acredita ser "enorme" a chance dos mercados do Japão e dos Estados Unidos se abrirem para o produto brasileiro nos próximos anos. De acordo com ele, o preço do petróleo continuará aumentando, enquanto caem os custos do etanol, aumentando sua competitividade.
"Acreditamos que, à medida que o mercado se abrir, haverá investimentos na África, por questões logísticas, e na região do Caribe". O presidente afirma que o etanol tem potencial de se tornar uma commodity global.