Rio Grande do Norte

Produção de gás segue despencando

Diário de Natal
28/04/2009 07:15
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A produção de gás do Rio Grande do Norte continua despencando e, na contramão do que experimentou o país, caiu 22,78% em março, na comparação com o mesmo período de 2008. A curva de declínio vem se intensificando desde o ano passado e, segundo a Petrobras, continua sendo motivada pelo envelhecimento natural dos campos produtores. A estatal não comentou os impactos desse tombo sobre a economia, mas reiterou que vai investir R$ 1,3 bilhão em exploração e produção, tendo, entre os principais objetivos, recuperar os metros cúbicos perdidos. A expectativa é, no entanto, que uma possível recuperação só venha em médio ou longo prazo. Isso, se a retomada da perfuração de poços no mar, que vem se desenrolando desde fevereiro, render, de fato, gás novo.
Há pelo menos quatro anos a Petrobras não perfurava poços marítimos no Rio Grande do Norte em busca de gás novo. Foi o tempo necessário para conseguir licenças, regularizar plataformas, dutos, adaptar sondas, firmar o termo de ajuste necessário, desenvolver pesquisas de impacto ambiental e mostrar ao Ibama que tem a tecnologia e o plano de emergência exigidos para, em no máximo duas horas, ‘‘atacar’’ eventuais problemas decorrentes da exploração.

 


Em fevereiro deste ano, o órgão acabou concedendo à empresa duas licenças para perfuração e completação de poços em águas rasas na bacia, possibilitando a retomada. Os dois poços que estão atualmente na mira para recuperar a produção ficam ao norte do campo de Pescada e Arabaiana, quase na divisa do RN com o Ceará, na região de Areia Branca - a 28 ou 30km da costa. A vantagem de estarem próximos de um campo mais maduro é terem a infra-estrutura necessária para iniciar mais rapidamente a produção. Isso não garante, porém, o sucesso da exploração. Há, inclusive, o risco de os poços estarem “secos”, segundo observou em entrevista anterior ao Diário de Natal o então superintendente em exercício da empresa, Fernando Ribeiro. “É que trata-se de um bloco novo, onde nunca perfuramos”, explicou ele na ocasião.

 


PRODUÇÃO

 


Sem mais detalhes, a empresa diz possuir vários projetos voltados para o aumento da produção de gás e para buscar a descoberta de novas jazidas. Até agora os projetos parecem, entretanto, não estar surtindo qualquer efeito. A produção de gás continua declinando e a de petróleo também não anda em fase de ouro.

 


Segundo levantamento divulgado na semana passada na Agência Petrobras de Notícias, só em termos de gás, a produção diária do Rio Grande do Norte caiu de 2.102 metros cúbicos, atingidos em março do ano passado, para 1.623 metros cúbicos em igual período deste ano. Na comparação com fevereiro a queda registrada foi de 2,34%. Enquanto isso, no país, o crescimento em relação a março de 2008 foi de 3,08%.

 


No caso da produção de petróleo, em que o estado ainda é líder no ranking nacional em terra, também houve declínio, só que de 4,36%. A produção média de petróleo e gás, por sua vez, alcançou 75.647 barris equivalentes por dia (boed), uma queda de 7,34% sobre o volume produzido em março do ano passado. No Brasil, houve crescimento de 9,5% no período.

 


Segundo informações da assessoria de imprensa, o Plano de Negócio da Petrobras 2009 prevê o investimento de R$ 1,3 bilhão na área de Exploração e Produção (E&P) de petróleo no estado, cifra 8% superior à desembolsada em 2008. Os recursos serão aplicados, principalmente, em perfuração de poços e desenvolvimento de novos projetos, tanto para a prospecção de petróleo quando de gás natural.

 


Biodiesel terá termo de compromisso

 


Enquanto a produção de gás despenca, a Petrobras se prepara para produzir comercialmente biodiesel no Rio Grande do Norte. Em reunião ontem com o secretário estadual de Energia, Jean-Paul Prates, a estatal reiterou que vai adaptar para produção comercial as duas usinas experimentais instaladas em Guamaré, no litoral Norte. Como novidade, anunciou que o termo de compromisso com o governo do estado será assinado na primeira quinzena de maio, para quando também está prevista a divulgação do cronograma de obras do complexo.

 


Segundo o secretário, a expectativa é que a operação comercial tenha largada em setembro do próximo ano, quando o primeiro módulo deverá entrar em funcionamento. Cerca de quatro ou cinco meses depois, o segundo módulo também deverá estar operando. Com a produção em escala comercial, a Petrobras espera atender a todo o mercado potiguar e chegar à capacidade de 20 mil metros cúbicos por ano de produção, que, embora instalada há pelo menos dois anos, não foi atingida até o momento. Não há, porém, previsão de expansão do volume até 2013.

 


A planta de Guamaré vai permitir a produção de Biodiesel em nível B5, óleo diesel convencional com 5% de biodiesel em sua composição, conforme determina a legislação brasileira para os próximos anos. A expectativa do secretário é que em maio pelo menos três termos de compromisso sejam assinados com a estatal. Além do que envolve a produção comercial de biodiesel, há a previsão de que seja assinado o termo que prevê a implantação da refinaria, também em Guamaré e de um outro na área de gás e energia, prevendo estudos para a implantação, por exemplo, de uma usina solar e a interiorização do fornecimento de gás no Rio Grande do Norte.

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