Valor Econômico
O governo brasileiro espera uma rápida normalização no fornecimento de gás fornecido da Bolívia e diz que o país vem cumprindo com seriedade o contrato de venda de gás ao Brasil, disse o ministro de Minas e Energia, Edson Lobão, ao comentar os ataques a gasodutos na quarta e ontem. Ele disse esperar, em no máximo três dias, a normalização do abastecimento, prejudicado pela danificação de uma das 16 válvulas do gasoduto em território boliviano.
"Se tudo correr bem, dentro de dois a três dias estará tudo normalizado", comentou Lobão, mais otimista que autoridades bolivianas, segundo as quais o conserto pode levar até 15 dias. A válvula foi danificada por manifestantes contrários ao governo Evo Morales, o que resultou no estouro do duto e na interrupção do envio diário de três milhões de metros cúbicos ao Brasil, pouco menos de 10% do total fornecido ao mercado brasileiro.
Em outra ação oposicionista contra um gasoduto, ontem, cerca de metade do fornecimento chegou a ser bloqueada, mas no início da tarde o fluxo nessa já havia sido normalizado. "Pela manhã a situação se agravou muito, a interrupção chegou a mais de 14 milhões, perto de 15 milhões de metros cúbicos, mas agora [ontem à tarde] já está quase totalmente reestabecida", comentou o ministro. Ele informou que, para evitar distúrbios no abastecimento ao Brasil, a Petrobras chegou a interromper o funcionamento de uma de suas termelétricas, que, no entanto, deve ser religada em breve, afirmou.
"Não é uma situação de total segurança, mas o fato é que o fluxo quase totalmente se regularizou", disse Lobão, que minimizou os efeitos da crise política boliviana sobre a segurança energética no Brasil. Ele disse que o governo tem pronto um plano de contingência caso haja interrupção prolongada de grande parte do fluxo de gás, como ocorreu ontem de manhã.
O plano prevê o desligamento de termelétricas da Petrobras e da Eletrobrás, interrupção temporária e limitada da reinjeção de gás nos poços para extração de petróleo e corte do fornecimento a indústrias capazes de consumir óleo diesel ou outros combustíveis. "O [corte do] gás automotivo seria talvez a última hipótese, mas sem nenhum sofrimento para o motorista, porque pode usar gasolina que tem de sobra", comentou Lobão, sem se referir ao aumento de custos provocado pela troca do gás por combustíveis de maior preço.
Seguindo a linha definida pelo governo, de apoio a Morales e incentivo às negociações, Lobão evitou comentar as acusações de "terrorismo" contra os sabotadores do gasoduto e enfatizou os esforços do governo boliviano para normalizar o abastecimento. "O governo da Bolívia tem procedido muitíssimo bem com o Brasil", disse.
Companhias de gás informaram que não houve prejuízo ao abastecimento ontem. A Companhia Estadual de Gás (CEG), distribuidora de gás canalizado do Rio de Janeiro, se mantém em estado de atenção e alerta, apesar da normalização. Caso a interrupção de fornecimento do gás boliviano fosse mantida, o Estado poderia ficar perder entre 1,8 milhão e 2 milhões de metros cúbicos/dia.
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