A Previ aprovou ontem, em reunião de diretoria, o seu primeiro negócio na área do pré-sal. Trata-se de um investimento de R$ 150 milhões no FIP Sondas (Fundo de Investimento em Participações Sondas), o que garante ao fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil uma participação limitada a até 25% no novo negócio. O objetivo do FIP Sondas é investir na empresa Sete Brasil Participações S/A, criada pela Petrobras, que será a proprietária de sete sondas de perfuração em construção no Estaleiro Atlântico Sul, em Suape (PE). As sondas serão arrendadas à estatal para perfurar poços do pré-sal.
As sondas serão construídas com recursos da Sete Brasil, o único ativo do FIP, que terá a Petrobras como sócia com capital entre 5% a 10% e o FIP Sondas com participação entre 90% a 95%. O investimento para a construção das sondas é estimado em US$ 4,5 bilhões. Deste total, uma parcela de 80% deve ser financiada pelo BNDES, um dos principais agentes do Fundo de Marinha Mercante (FMM), e os restantes 20% com recursos dos sócios. O FIP Sondas mais a Petrobras vão colocar na Sete Brasil, portanto, US$ 900 milhões. O capital do fundo será equivalente a US$ 810 milhões.
Para o presidente da Previ, Ricardo Flores, "a descoberta do pré-sal é um marco histórico no setor. Para o país, proporciona a internalização de tecnologia e expertise inéditas no Brasil. Para a Previ, o investimento é coerente com a natureza dos fundos de pensão, que precisam honrar compromissos de longo prazo com o pagamento de benefícios atuais e futuros a aposentados e pensionistas".
O investimento no setor de petróleo e gás consta da política de investimentos da Previ e será alvo de outros investimentos da fundação, segundo apurou o Valor. O segmento de investimentos estruturados em nichos específicos de mercado e capital empreendedor, como o private equity e venture capital, também é considerado estratégico pela direção da Previ, como é o caso do FIP Sondas.
As sete primeiras sondas encomendas no estaleiro pernambucano têm potencial para gerar 9,3 mil empregos diretos e 27,9 mil indiretos, segundo avaliação de um estudo da Caixa, futura gestora do FIP Sondas. A Petrobras tem uma encomenda de 28, ou seja falta licitar 21 para construção.
O fundo está ainda em fase de estruturação e até agora não foi fechado. O desenho do negócio prevê que será composto por sete cotistas, sendo quatro investidores institucionais (Previ, Petros, Funcef e Valia) e dois financeiros (Santander e Bradesco). Até agora apenas a Previ teve aprovação da diretoria para investir no fundo. A Funcef, segundo informou Demosthenes Marques, diretor de investimento do fundo dos empregados da Caixa, está em fase bem avançada de análise da proposta e deve encaminhá-la para avaliação da diretoria em março. "Temos de fechar a conta do equity do projeto para ver com quanto iremos participar", disse. Os fundos de pensão têm um limite de até 25% para participarem como cotistas de fundos de investimento em participações e em SPEs. O limite foi dado pela resolução 3792 do Conselho Monetário Nacional (CMN).
O FIP Sondas ainda não teve seu regulamento enviado para a Comissão de Valores Mobiliários (CVM).