Cenário de sobreoferta global e demanda fraca gera queda nos lucros.
Valor OnlineA britânica British Petroleum (BP) dá início, nesta terça-feira (28), à temporada de balanços do terceiro trimestre das maiores petroleiras europeias e americanas, em meio à queda de 25% nos preços do óleo desde junho.
Diante de um cenário de sobreoferta global e demanda fraca, analistas esperam queda nos lucros de 8% a 30% em média para BP, Total, Statoil e Eni.
A anglo-holandesa Shell é a exceção, com uma perspectiva de resultado 28% maior no trimestre, na média de dez analistas ouvidos pela Dow Jones Newswires.
Para a BP, que divulga resultados antes da abertura dos mercados na terça, analistas projetam uma queda média de 24% no lucro atribuído aos acionistas, para US$ 2,8 bilhões no trimestre.
Além dos preços do óleo, questões específicas da empresa contribuem para o resultado, como o efeito negativo do câmbio sobre o lucro da estatal russa Rosneft, onde a BP detém parcela de 20%.
Da francesa Total, que divulga resultados na quarta (29), analistas esperam um recuo de 7,8% no lucro líquido ajustado em média, para US$ 3,31 bilhões.
No mesmo dia divulga resultados a norueguesa Statoil. Levantamento da FactSet aponta para uma queda de 30% no lucro, ante um ano antes, com o efeito cambial compensado parcialmente a queda nos preços do petróleo.
Na quinta, será a vez da italiana Eni divulgar resultados, com a expectativa de queda de 22% no lucro líquido da empresa.
A exceção na previsão de queda generalizada fica por conta da Royal Dutch Shell, que revela seus números no dia 30, com projeção de um lucro de US$ 5,7 bilhões, ante US$ 4,4 bilhões em igual período de 2013.
Na sexta passada, o banco UBS elevou a perspectiva das ações da empresa de "neutro" para "compra", vendo na recente queda dos papéis do setor uma porta de entrada para a empresa, que tem apresentado resultados e fluxo de caixa relativamente robustos.
Também divulgam resultados na sexta-feira (31), antes do mercado, as americanas Chevron e Exxon Mobil.
Segundo a Dow Jones, o Credit Suisse avalia que a Chevron pode reduzir gastos e adiar planos de aumento de produção se as cotações do petróleo continuarem em baixa.
Enquanto a queda de preços já causa estragos na projeção de resultados das gigantes do petróleo, analistas não anteveem melhora para o próximo ano.
Os analistas Michael Hsueh e Michael Lewis, do Goldman Sachs, escreveram em relatório na sexta-feira que esperam um 2015 ainda ruim para a relação entre oferta e demanda de petróleo.
Os especialistas avaliam que a solução precisaria partir da ponta da oferta, mas autoridades iranianas disseram nesta segunda-feira ser improvável um corte de produção pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) na próxima reunião do grupo, em 27 de novembro.
No domingo, o Goldman Sachs voltou a rebaixar suas perspectivas de preços futuros para o óleo do tipo West Texas Intermediate (WTI), a referência de preços para o mercado americano, de US$ 90 por barril para US$ 75 por barril no primeiro trimestre de 2015, diante da previsão de manutenção da sobreoferta global no próximo ano.
O banco avalia, porém, que a queda de preços não deve afetar o avanço da produção no Brasil, devido ao baixo custo marginal da produção na Bacia de Santos.
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