Jornal do Commercio
Depois de romper em 2009 a tendência de alta dos últimos anos, o preço do minério de ferro deve voltar a subir em 2010, impulsionado pela retomada gradual da indústria siderúrgica em todo o mundo. No primeiro semestre, a produção global de aço caiu 21,3%, mas começou a se recuperar nas últimas semanas, dando sinais de que a demanda por minério deve se recuperar nos próximos trimestres.
O preço do minério de ferro no mercado à vista reflete esta tendência e já subiu de US$ 62 por tonelada em março para os atuais US$ 110,5 por tonelada. Segundo analistas e relatórios recentes dos bancos Goldman Sachs, J.P. Morgan e UBS o preço do insumo deve subir cerca de 10% no ano que vem. “O mercado está mais otimista em relação a preços devido ao bom desempenho da China e das boas notícias que vieram da Europa”, afirmou Felipe Reis, do Santander.
A expectativa do J.P. Morgan é de que a economia chinesa continuará firme. Sua projeção para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) chinês passou de 7,2% para 8,5% em 2010 devido à manutenção da expansão industrial e dos investimentos, impulsionados pela política fiscal. Para produção e o consumo de aço em 2009, espera crescimento de 9,5% e 20%, respectivamente.
A recuperação dos países desenvolvidos será importante para sustentar a retomada da demanda pelo insumo, na avaliação do analista canadense Bart Melek, especialista no setor de mineração e commodities do Bank of Montreal (BMO). Segundo ele, o PIB dos Estados Unidos caiu 3,7% no primeiro semestre e deve crescer 2,5% na segunda metade do ano, o que representa um avanço “muito expressivo”. “Os estoques estão se ajustando à demanda nos países desenvolvidos”, disse por telefone do Canadá.
Os analistas Rodolfo De Angele e Fabio Bevilaqua do J.P. Morgan informaram em relatório que as importações chinesas de minério estão 30% maiores do que no ano passado, e devem permanecer “substancialmente acima” dos níveis de 2008. O religamento de altos-fornos em outras partes do mundo deve contribuir para a retomada. O banco previa uma queda de 10% no preço do minério no próximo ano, mas revisou para uma alta de 10%. Para 2011, a expectativa de queda de 10% foi substituída por uma previsão de estabilidade.
SISTEMA MISTO. Segundo o J.P. Morgan, o setor vive uma nova era em relação aos mecanismos de preço, depois que as negociações deste ano abandonaram o padrão de contratos anuais “puros”, conhecidos como benchmark, e migraram para um sistema misto com o sistema à vista, mais sensível ao quadro de oferta e demanda. “Em nossa visão, estas mudanças vieram para ficar, trazendo mais volatilidade aos preços”, afirmaram os analistas.
As principais mineradoras já adotaram políticas comerciais mais flexíveis e estão se afastando do sistema anual. Até o momento, os chineses não aceitaram o preço benchmark estabelecido entre as mineradoras e clientes do Japão, Coreia do Sul e Europa, e estão adotando descontos provisórios. O J.P. Morgan acredita que as negociações devem ser concluídas em breve devido à alta dos preços à vista. “Os preços benchmark estão bem mais baratos hoje”, disseram os analistas.
Os contratos firmados preveem queda de 28% para o preço do minério fino, de 44% para o granulado e de 48% para as pelotas de ferro. Outra instituição financeira que prevê alta de 10% no ano que vem é o UBS, que antes esperava queda de 5%, segundo relatório de julho. “Com a conclusão do dramático processo de redução de estoques, esperamos que os preços das commodities entrem em um novo ciclo de alta no final de 2009 e atinjam um pico em 2011″, informaram os analistas Edmo Chagas e Carlos Vasques.
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