Gás Natural

Preço do gás gera polêmica e pode afetar gasoduto

Valor Econômico
02/03/2006 03:00
Visualizações: 1068 (0) (0) (0) (0)

Novas estimativas, divulgadas na semana passada pela PDVSA, de preço para o gás venezuelano que será importado pelo Brasil, Argentina e Uruguai podem representar um balde de água fria no já polêmico projeto batizado de "Gasoduto do Sul" pelo presidente da Venezuela, Hugo Chávez.

O preço inicial que balizou os estudos do governo brasileiro - com o gás custando entre US$ 1 e U$ 1,70 por milhão de BTU (unidade que mede o poder calorífero do insumo) sem contar os custos com transporte - gerou uma série de telefonemas entre a Bolívia e a Venezuela.

O preço foi considerado barato pelos bolivianos e acirrou os ânimos das autoridades em La Paz, em demonstração da grande sensibilidade política e econômica do tema. Em resposta, o governo venezuelano se apressou a esclarecer que seu gás (já entregue no destino) custará no mínimo US$ 5 por milhão de BTU.

O assunto veio à tona no momento em que a Bolívia tenta aumentar o preço do insumo exportado para o Brasil e ameaça rever a fórmula de reajuste prevista em contrato com a Petrobras. Um dos problemas, para a Bolívia, é que o preço do gás venezuelano é mais barato do que o boliviano, atualmente vendido ao Brasil por US$ 3,20 para consumidores industriais, sem contar US$ 1,70 do transporte.

As queixas da Bolívia tiveram pronta resposta do ministro de Energia e Petróleo da Venezuela, Rafael Ramírez, que introduziu um elemento novo na discussão ao divulgar uma nota informando que pretende estipular US$ 5 como preço mínimo (piso) para seu gás. Além disso, ele informou que o gás também terá um preço máximo (teto) a ser fixado com base em uma cesta formada pelos combustíveis que serão substituídos pelo gás, como GLP e óleo diesel, só para citar alguns.

Ao divulgar o preço mínimo, o ministro, que também é presidente da PDVSA, informou que ele inclui custos com exploração e produção na Venezuela além do transporte e compressão do gás já entregue em Buenos Aires, ponto final do gasoduto. Com isso, Ramírez pretendeu deixar claro que o gás exportado não terá preço subsidiado.

Contudo, ele evitou mencionar o preço do insumo separadamente ao citar os valores. O piso, segundo avaliação da Petrobras, é muito similar aos US$ 4,75 por milhão de BTU a serem pagos em qualquer ponto do Brasil, previstos nos estudos de viabilidade econômica. O problema está no preço máximo.

Numa reação em cadeia, a fórmula venezuelana levou a estimativas de preço desse gás no Brasil que apontam para um valor de até US$ 11 para o gás colocado no Brasil. Para o engenheiro Marco Aurélio Tavares, diretor da Gás Energy, a PDVSA está indicando que o preço teto para o gás pode ser de US$ 9, no mínimo, caso o preço seja calculado com base em uma cesta de combustíveis. "E se vamos falar em substituição de GLP no mercado industrial ou diesel para as térmicas, estamos falando em valores acima de US$ 12 por milhão de BTU", estima o consultor.

Crítico ao projeto, Tavares acha que o Brasil não deve contar com gás barato da Venezuela se quiser continuar a estudar alternativas de importação de gás natural. "Não tem essa brincadeira de preço subsidiado.

E imagina a reação da indústria se tivesse que comprar este gás por US$ 10", pondera o consultor, que sugere como alternativa o transporte de Gás Natural Liquefeito (GNL) por navios até plantas de regaseificação.

O diretor de Gás e Energia da Petrobras, Ildo Sauer, acha a discussão prematura. Segundo ele, os estudos feitos até agora apontavam para um preço do gás de US$ 4,75 por milhão de BTU, valor próximo aos US$ 5 sugeridos pela PDVSA como preço mínimo. Sauer ressalta, ainda, que o preço terá que seguir o princípio da racionalidade econômica e por isso os vendedores de gás natural deverão estar atentos à competição com outros combustíveis menos "limpos" como a lenha e o carvão, se quiserem espaço no Brasil.

"O gás tem que ser competitivo em relação aos produtos que desloca porque senão o mercado não deslancha. Ao contrário, por exemplo da energia elétrica, o gás disputa espaço com outros energéticos como o carvão e a lenha", pondera Sauer.

Uma nova rodada de reuniões para discutir o projeto de interconexão nos setores de gás natural começou ontem em Caracas. Do lado brasileiro participam o próprio Ildo Sauer, o diretor responsável pela regulamentação do segmento de gás da Agência Nacional de Petróleo (ANP), Victor Martins, o Secretário Nacional de Planejamento e Desenvolvimento Energético do Ministério de Minas e Energia (MME), Márcio Zimmermann, e o secretário de Petróleo e Gás do MME, João Souto. O ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau, embarcaria ontem para Caracas, onde também é aguardado o ministro de Planejamento Federal e Investimento Público e Serviços da Argentina, Julio De Vido.

Mais Lidas De Hoje
veja Também
Resultado
Grupo Potencial cresce 70% em vendas de Arla 32 e planej...
03/07/25
Petroquímica
Vibra entra no mercado de óleos básicos para atender dem...
03/07/25
Biocombustíveis
Brasil pode liderar descarbonização do transporte intern...
03/07/25
Energia Elétrica
PMEs: sete dicas para aderir ao mercado livre de energia
03/07/25
Oportunidade
Vibra adere ao Movimento pela Equidade Racial
03/07/25
Pré-Sal
Oil States assina novos contratos com a Subsea7
02/07/25
Sustentabilidade
Congresso Sustentável CEBDS 2025 reúne 300 pessoas em Belém
02/07/25
Energia Elétrica
Com bandeira vermelha em vigor desde junho, energia reno...
02/07/25
Amazonas
Super Terminais e Governo do Amazonas anunciam primeira ...
02/07/25
Transição Energética
CCEE reforça protagonismo na transição energética durant...
02/07/25
Biodiesel
Indústria doa equipamentos para fortalecer fiscalização ...
02/07/25
Macaé Energy
Licença Prévia do projeto Raia é celebrada na abertura d...
02/07/25
Hidrelétricas
GE Vernova garante pedido de Operação & Manutenção nas u...
01/07/25
Energia Solar
GoodWe e Fotus miram liderança em mercado bilionário no ...
01/07/25
Oportunidade
Auren Energia abre inscrições para Programa de Estágio 2025
01/07/25
Etanol de milho
Reconhecimento internacional do etanol de milho para pro...
01/07/25
Resultado
Maio registra recorde nas produções de petróleo e de gás...
01/07/25
Sustentabilidade
Binatural conquista certificação internacional em susten...
01/07/25
Firjan
Produção de petróleo na porção fluminense da Bacia de Ca...
01/07/25
ANP
Divulgado o resultado final do PRH-ANP 2025
01/07/25
Evento
Maior congresso técnico de bioenergia do mundo reúne 1,6...
01/07/25
VEJA MAIS
Newsletter TN

Fale Conosco

Utilizamos cookies para garantir que você tenha a melhor experiência em nosso site. Se você continuar a usar este site, assumiremos que você concorda com a nossa política de privacidade, termos de uso e cookies.