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O preço da energia elétrica comprada no mercado de curto prazo voltou a subir, reforçando a tendência de alta verificada nas duas semanas anteriores. Chamado tecnicamente de PLD (Preço de Liquidação de Diferenças), o valor da energia foi definido em R$ 121,95 por megawatt-hora (MWh) para esta semana, o que representa um acréscimo de 38,2% sobre o estipulado para a semana anterior, de R$ 88,21/MWh.
No mesmo período de 2007, o PLD era negociado a R$ 63,65 o MWh, ou seja, quase a metade do valor atual. O aquecimento no preço da eletricidade reflete a previsão de um menor volume de chuvas em quase todo o Brasil para a segunda semana de abril.
A compra de energia no curto prazo está restrita ao mercado livre (sem ligação com uma única concessionária), setor hoje dominado pelas grandes empresas e shoppings centers e que já representa 25% do consumo total de eletricidade do País.
O PLD é calculado e divulgado semanalmente pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), que utiliza um programa chamado New Wave. Assim, a formação do preço no curto prazo não leva em conta a lei de oferta e demanda e, sim, fatores climáticos (níveis de chuvas e temperatura), disponibilidade de usinas e volume dos reservatórios.
Em comunicado enviado sexta-feira (4) à imprensa, Antônio Carlos Fraga Machado, presidente da CCEE, afirmou que aumento do PLD verificado esta semana "ocorreu devido às previsões de afluências para a segunda semana de abril terem sido inferiores às da semana anterior em todos os submercados com exceção do Norte".
Especialistas estimam que o PLD continuará elevado durante este ano e se manterá na casa dos R$ 250/MWh no período de seca, iniciado a partir de maio.
Na terceira e na quarta semana de janeiro deste ano, quando as chuvas foram escassas, esvaziando os reservatórios das hidrelétricas, o preço do PLD atingiu o pico de R$ 569,59 por MWh.
Na época, a alta expressiva do PLD fez com que empresas de grande porte como a Novelis e a Coteminas brecassem parte das suas linhas produtivas.A disparada do preço da energia em janeiro também fez lembrar o período em que o País sofreu o apagão energético, em 2001, quando o PLD atingiu o valor recorde de R$ 684/MWh. No entanto, a ocorrência de um novo racionamento foi totalmente descartada pelo governo federal, que, por meio do Operador Nacional do Sistema (ONS), garantiu o abastecimento energético ao mercado ao ativar as usinas termelétricas presentes no País, que têm custos de operação bem mais elevados que os das hidrelétricas.
O mercado de curto prazo é movimentado somente pelos consumidores livres, que, quando excedem o seu volume de energia elétrica contratado, são obrigados a recorrer ao curto prazo. A necessidade do acerto de contas com a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica - o consumidor é multado pelo órgão caso não faça o "ajuste" - foi uma das maneiras encontradas pelo governo federal para evitar especulações em torno da commodity.
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