Interesse

Pré-sal une estaleiros e fornecedores

Os grandes estaleiros nacionais estão interessados em desenvolver uma parceria de longo prazo com fornecedores do setor de óleo e gás. É uma forma de ampliar a competitividade da indústria brasileira nas encomendas do pré-sal. Para tentar garantir maior p

Valor Econômico
30/07/2010 09:37
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Os grandes estaleiros nacionais estão interessados em desenvolver uma parceria de longo prazo com fornecedores do setor de óleo e gás. É uma forma de ampliar a competitividade da indústria brasileira nas encomendas do pré-sal. Para tentar garantir maior participação das empresas nacionais nas compras de bens e serviços do pré-sal, um grupo de 27 estaleiros criou a Associação Brasileira das Empresas de Construção Naval e Offshore (Abenav). A entidade vai funcionar como um fórum de debates e pretende reunir todos os agentes envolvidos na indústria naval e offshore, inclusive o governo.
 
 
 
O crescimento da exploração e produção de petróleo e gás natural em águas profundas tornou o segmento offshore - de construção de plataformas e navios de apoio - um importante mercado para os estaleiros nacionais na última década. E a perspectiva de desenvolvimento do pré-sal abre novas oportunidades. Mas o risco é de que, por falta de competitividade, as empresas não consigam aproveitar os negócios que vão surgir com o pré-sal.
Augusto Mendonça, presidente eleito da Abenav para um período de quatro anos, diz que a entidade quer ter os fornecedores de bens e serviços sentados à mesa com os estaleiros conversando de forma direta, sem intermediários. Os estaleiros têm relação comercial com muitos fornecedores, mas o objetivo é ampliar a parceria considerando fornecedores nacionais e estrangeiros. Mendonça diz que é cada vez maior o interesse de empresas estrangeiras da indústria de óleo e gás pelo Brasil.
 
 
 
Uma das críticas feitas por especialistas é de que as medidas de estímulo à construção naval, previstas na política industrial do governo federal, só valeram para a ponta da cadeia produtiva, os estaleiros. E não consideraram o setor de navipeças (os fornecedores), que enfrentam a concorrência externa sem proteção tarifária. Mendonça concorda que em um primeiro momento tratou-se de melhorar as condições para permitir a retomada das obras da indústria naval no país. "Não se avançou muito sobre as etapas seguintes da cadeia produtiva", diz. Ele se refere aos fornecedores e às empresas que os atendem com a venda de matérias-primas e produtos semi-acabados. "Essas empresas em seu conjunto precisam ser mais competitivas."
 
 
 
Um dos primeiros trabalhos da Abenav será um ciclo de palestras pelo Brasil. Até agora foram programadas 17 apresentações que serão feitas até outubro no Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul. Uma das missões da entidade será acompanhar todos os temas relacionados à exploração do pré-sal. Uma das preocupações atualmente é que o projeto de lei que institui o regime de partilha da produção diz que caberá ao Ministério de Minas e Energia definir o conteúdo local mínimo e outros critérios relacionados ao desenvolvimento da indústria nacional. Na avaliação da Abenav, trata-se, portanto, de uma decisão política.
 
 
 
A curto prazo as atenções da indústria também estão voltadas para atender a encomenda lançada pela Petrobras para construção de sondas de perfuração para o pré-sal. Mendonça não se mostra preocupado com o fato de o Brasil nunca ter construído esse tipo de equipamento.
 
 
 
Diz que quando se definiu conteúdo nacional mínimo para as primeiras plataformas de produção a indústria mostrou que era possível construir no Brasil com inovações desenvolvidas no próprio país. "Com as sondas, não é diferente. A Petrobras fez a licitação e as empresas se prepararam para fornecer. É uma ação típica de desenvolvimento industrial."
 
 
O presidente da Abenav também discorda do argumento segundo o qual o conteúdo nacional de navios e plataformas no Brasil é garantido, basicamente, pelo fornecimento de aço e mão de obra. Reconhece que a indústria brasileira, com algumas exceções, não está preparada para fornecer turbogeradores e motocompressores, mas cita uma série de itens produzidos no Brasil e que tem valor agregado como cabos elétricos, tubos, válvulas, painéis, sistemas de instrumentação e ar-condicionado e bombas, entre outros.
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