Avaliação

Pré-sal pode gerar choque de demanda e exige atenção, dizem economistas

<P>A descoberta de reservatórios gigantes no pré-sal brasileiro trará imensas oportunidades para o Brasil, mas o país terá que tomar decisões políticas que permitam desenvolver uma indústria de bens e serviços que tenha escala e robustez. Do contrário, o país poderá viver um choque de de...

Valor Econômico
21/05/2009 00:00
Visualizações: 445 (0) (0) (0) (0)

A descoberta de reservatórios gigantes no pré-sal brasileiro trará imensas oportunidades para o Brasil, mas o país terá que tomar decisões políticas que permitam desenvolver uma indústria de bens e serviços que tenha escala e robustez. Do contrário, o país poderá viver um choque de demanda e responder erradamente a ele, aderindo ao que que o economista e estudioso da área industrial, Antonio Barros de Castro, chama de “fiscalidade do petróleo”.


A expressão é uma referência à realidade vivida por alguns países produtores de petróleo no Oriente Médio, África e, mais perto do Brasil, a Venezuela, onde o “Estado levita acima do cidadão”, nas palavras de Barros de Castro, em estado de “plena dependência do petróleo”.

Exemplo disso, comparou o economista, pode ser visto no Norte Fluminense, onde algumas prefeituras recebem grandes volumes de royalties pela produção da Petrobras no mar. Na avaliação do economista, o Brasil se encontra em posição fascinante e perigosa, já que podem surgir problemas fiscais e federativos gigantescos se o petróleo dominar a economia.


As oportunidades e desafios que o pré-sal acrescenta à economia brasileira foram discutidos ontem no 21º Forum Nacional, em um painel sobre como transformar o Brasil em um dos grandes players no mundo do petróleo. O diretor da área de Planejamento do BNDES, João Carlos Ferraz, apontou entre os problemas da indústria nacional a assimetria tributária, engenharia nacional insuficiente e a dependência da indução da Petrobras. Ele calcula que o setor de petróleo e gás precisará de investimentos de US$ 5 bilhões até 2011 para fazer frente à expansão esperada do setor.


Ferraz lembrou que a demanda aumentará em todos os segmentos da indústria fornecedora, principalmente nas atividades mais ligadas à exploração de petróleo em águas profundas, como tubos e equipamentos de automação. E apontou os estaleiros nacionais como maior foco de preocupação atual. Os estaleiros nacionais, diz ele, precisam resolver problemas, inclusive logísticos, que não existem em seus pares sul-coreanos.


O diretor do BNDES se disse impressionado com a extensão das instalações dos estaleiros da Coreia. Somando-se todos os estaleiros brasileiros, a área total corresponde a 3,5 milhões de metros quadrados, o que equivale, a apenas um estaleiro sul-coreano. Apesar da diferença de escala, Ferraz destacou que os investimentos que serão feitos pela Petrobras impressionam. Segundo ele, a apresentação dos investimentos da estatal na Coreia do Sul provocou alterações nas cotações das ações dos estaleiros asiáticos.


O diretor do BNDES estima que o Brasil represente hoje entre 20% e 25% da demanda mundial prevista para o setor de petróleo nos próximos anos e vê necessidade de crescimento da capacidade dos estaleiros nacionais para atender às demandas da Petrobras. Mas alertou para a pouca competitividade brasileira em produtos de alta tecnologia. “Quanto mais sofisticada e maior a densidade tecnológica, menos competitivos somos.”


Já o gerente-executivo do pré-sal da Petrobras, José Miranda Formigli, acha que a produção de petróleo pode contribuir para o aumento do Indice de Desenvolvimento Humano (IDH) brasileiro como aconteceu na Noruega, que na década de 70 (0,87) já era maior do que o atual IDH do Brasil (0,8), tendo aumentando para 0,968 em 2005. Formigli também lembrou que, apesar da grandiosidade do pré-sal, a Petrobras vai continuar investir significativamente em outras áreas. Ele defendeu, também, a necessidade de que os empresários brasileiros participem do negócio.


Respondendo pela primeira vez sobre a estratégia que a Petrobras vai adotar para cumprir o cronograma de avaliação dos blocos do pré-sal depois que a ANP negou extensão de quatro anos no prazo de avaliação, Formigli disse que a empresa vai acelerar o cronograma exploratório para reter todas as áreas. Ele explicou que a companhia não considera a possibilidade de devolver qualquer área importante do pré-sal por falta de tempo. E para conseguir cumprir o cronograma no prazo (em momento de escassez de sondas de perfuração), a estatal vai tentar realocar equipamentos de seu portfólio e também criar empresas específicas junto com parceiros de para alugar sondas no mercado internacional.


Dessa forma, a Petrobras quer evitar atrasos no programa de avaliação dos blocos do pré-sal, incluindo os da área de Tupi, destinando sondas exclusivamente para as áreas com prazos mais curtos. A medida também reduz o impacto desses aluguéis no balanço da Petrobras, onde esse aluguel é considerado dívida. Ontem, a diretoria da ANP homologou decisão da semana passada, determinando o encerramento dos planos de avaliação dos blocos BM-S-8 (Bem-Te-Vi), BM-S-9 ( Carioca e Guará), BM-S-10 (Parati), BM-S-11 (Tupi) e do BM-S-21 (Caramba). O prazo do BM-S-8 foi mantido até agosto de 2010 com prorrogação até 2012 em caso de descoberta.

Mais Lidas De Hoje
veja Também
Bacia de Santos
Seagems amplia portfólio de serviços com instalação inéd...
09/04/25
Vitória PetroShow 2025
Exploração de novos blocos poderá triplicar reservas e d...
08/04/25
Evento
Espírito Santo projeta futuro da indústria de petróleo e...
08/04/25
Rio de Janeiro
Firjan e INFIS promovem 3º Seminário de Questões Tributá...
08/04/25
Chamada Pública
Comgás abre chamada pública para aquisição de biometano
08/04/25
Relatório
ANP publica Relatório Anual 2024 com avanços em inovação...
08/04/25
MME
Mistura de 30% de etanol anidro à gasolina foi cientific...
08/04/25
Vitória PetroShow 2025
Lideranças do setor de empreendedorismo e energia convid...
06/04/25
Vitória PetroShow 2025
Márcio Felix destaca a importância estratégica do Vitóri...
05/04/25
Vitória PetroShow 2025
Vitória Petroshow destaca o Espírito Santo como referênc...
05/04/25
PD&I
Embrapii firma primeira parceria com Engie Brasil Energi...
05/04/25
OTC 2025
OTC divulga os vencedores do prêmio Spotlight on New Tec...
04/04/25
Acordo
Petrobras e Braskem assinam acordo para estudos de captu...
04/04/25
Energia Elétrica
KPMG: Brasil é responsável por mais de 40% da demanda de...
04/04/25
Premiação
2º Prêmio Foresea de Fornecedores premia melhores empres...
04/04/25
Transição Energética
Setor de petróleo e gás reforça seu compromisso com a tr...
04/04/25
Evento
Cana Summit 2025 busca avanços e políticas eficazes em n...
04/04/25
Onshore
Produção em campos terrestres de petróleo e gás deve cre...
03/04/25
Economia
Os produtos mais voláteis do mercado e os principais fat...
03/04/25
Evento
Cana Summit: tarifaço dos EUA, PL da Reciprocidade e seg...
03/04/25
Vitória PetroShow 2025
Vitória PetroShow 2025 dá início ao maior evento capixab...
03/04/25
VEJA MAIS
Newsletter TN

Fale Conosco

Utilizamos cookies para garantir que você tenha a melhor experiência em nosso site. Se você continuar a usar este site, assumiremos que você concorda com a nossa política de privacidade, termos de uso e cookies.

22