Gazeta Mercantil
Os prazos exploratórios das áreas mais conhecidas do pré-sal terminam na próxima semana, de acordo com o programa original estabelecido pela Agência Nacional do Petróleo (ANP). Nos bastidores, a Petrobras trabalha para ficar com as áreas por mais tempo, para evitar a devolução de parte delas para a União. A empresa enviou para a reguladora todos os planos de avaliação com data expirando em setembro, mas Bem-te-vi (BM-S-8), Guará (BM-S-9) e Iara (BM-S-11) ainda não tinham aprovação da agência até a semana passada.
As descobertas realizadas nestas áreas podem não ter sido suficientes ainda para mantê-las integralmente com a Petrobras e as parceiras Shell, Galp, BG e Repsol. Pelas regras vigentes, as empresas ficam com um pedaço da concessão onde é descoberto petróleo e gás. As partes sem indícios de hidrocarbonetos devem voltar para a União. Extenso e sem indícios na maior parte do bloco, Bem-te-vi seria o principal problema da Petrobras.
Para Márcio Mello, presidente da Associação Brasileira dos Geológos do Petróleo, a extensão de prazos é uma prática normal do mercado principalmente num momento em que há dificuldade de obtenção de sondas de perfuração. “Ninguém atrasa um projeto porque quer”, defende. A ANP já aprovou os planos de avaliação da Petrobras e parceiras para Carioca (BM-S-9), Parati (BM-S-10) e Tupi (BM-S-11).
A Petrobras informou que não entregou ainda o plano de avaliação de Júpiter, campo situado no BM-S-24. O prazo de exploração do bloco vence somente em 2009. Também no ano que vem expiram prazos de exploração do bloco de Caramba (BM-S-21) e o BM-S-22, a área da Exxon Mobil. A empresa, maior companhia de petróleo de capital aberto do mundo, deve começar a perfurar o bloco na próxima semana, com a mesma sonda que descobriu óleo e gás em Júpiter.
A Petrobras informou na noite de quarta-feira que confirmou a “ocorrência de uma grande jazida de gás natural e óleo leve no pré-sal”, no campo de Júpiter. “A uma profundidade de 5.773 metros a partir da superfície do mar”. “A perfuração do poço, que por razões operacionais havia sido interrompida em janeiro, foi aprofundada e constatou a continuidade de reservatórios de gás natural e óleo leve, e de elevado teor de gás carbônico (CO2). Essa perfuração confirma a descoberta anunciada em 21 de janeiro de 2008″, informou a estatal.
As estimativas do potencial da jazida não foram reveladas. A empresa quer perfurar mais poços para então definir as estimativas. “A descoberta de Júpiter, que comprovou uma significativa espessura de reservatórios porosos foi integralmente comunicada à ANP nesta data (24/09). A estimativa dos volumes de óleo e gás será possível após as analises das amostras de fluidos recuperados neste poço e da perfuração de novos poços”.
O elevado nível de gás carbônico será usado a favor da produtividade do campo. “Quando em produção, o CO2, preliminarmente identificado, não será descartado para a atmosfera, mas reinjetado, contribuindo assim para o aumento do fator de recuperação de petróleo nestes reservatórios”, acrescentou.
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