A Companhia Docas do Rio vai licitar uma área equivalente a dois terços do terminal público do Porto do Rio de Janeiro para atividades em alto-mar (offshore). A ideia é instalar no local um apoio para embarque de equipamentos e demais cargas destinadas às plataformas de petróleo que vão operar na camada pré-sal da Bacia de Santos, de acordo com o diretor-presidente da companhia, Jorge Luiz de Mello, em entrevista à imprensa nesta segunda-feira nas comemorações do centenário do porto.
Segundo ele, a Petrobras já está realizando operações no porto, pagando tarifas portuárias comuns, nos últimos 60 dias, como teste. "Agora, o jurídico da Petrobras e o jurídico de Docas estão avaliando o lançamento desta licitação, que deve ocorrer nos próximos meses" disse.
De acordo com Mello, a estatal de petróleo movimentou em torno de cinco mil toneladas de cargas nos dois meses de teste, mas o volume "é o menos importante". "O valor das máquinas e equipamentos que por ali passam é que são o pesado da operação", avaliou. Ele não soube estimar qual a capacidade que deverá ser movimentada pela estatal após a licitação da área, mas acredita que a companhia vai demandar outros terminais para atender suas atividades no pré-sal, além dos já existentes e também do porto do Rio "Não posso transformar todo o terminal público em privado. Certamente a demanda da Petrobras será maior do que a capacidade que podemos oferecer", disse, lembrando que o terminal de Angra dos Reis (RJ) também está quase todo dedicado às mesmas atividades.
Ainda nesta etapa de testes, os suprimentos que estão passando pelo porto do Rio servem para atender a 12 plataformas de perfuração e exploração que estão atuando no pré-sal de Santos. O objetivo é que a área a ser licitada atenda as necessidades de 28 plataformas que vão operar a produção no pré-sal de Santos até 2012. Segundo Mello, não haverá necessidade de remanejamento de cargas para disponibilizar a área. "Vamos usar capacidade ociosa, além de demolir alguns armazéns que antes eram utilizados para depósito de minério de ferro e que já foram destinados a outras áreas do porto", comentou.
Ainda não há estimativas sobre quanto será investido nesta nova atividade offshore do porto do Rio. Para os próximos quatro anos, o porto vai receber cerca de R$ 600 milhões em obras de modernização, que incluem a construção de um edifício-garagem no terminal da Multicar, além do aterramento de uma área encostada no antigo estaleiro Ishibrás - hoje arrendado pela Petrobras - para a construção de novos pontos de armazenamento de contêineres.
As estimativas são de que as obras permitam elevar até seis vezes a movimentação de contêineres e em pelo menos 50% o embarque de veículos no Porto do Rio. Segundo ele, depois da queda na movimentação de cargas em 2009 (cerca de 30% sobre o ano anterior por conta da crise econômica mundial), os portos do Rio de Janeiro deverão se recuperar em 2010 e devem fechar o ano já bastante próximos ao volume registrado em 2008.
"Pela movimentação do primeiro semestre podemos dizer que há uma tendência de recuperação, mas ainda não de superação do volume movimentado em 2008", afirmou, lembrando que também há estimativas de aumento no número de passageiros passando pelo porto nos próximos anos, devendo atingir um milhão de turistas com a Copa em 2014, ante 500 mil no ano passado.
Para a comemoração do centenário do porto, a Companhia prepara uma grande festa em setembro, que deverá contar com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para o lançamento de um selo comemorativo dos correios, além de dois bilhetes de loteria federal comemorativos e uma revista ilustrada com a história do porto desde sua inauguração em 1910.