Prejuízo

Poços secos levam Petrobras ao vermelho

Despesas de R$ 2,73 bilhões geram impactos diretos no resultado operacional.

Valor Econômico
06/08/2012 14:34
Visualizações: 223 (0) (0) (0) (0)

O prejuízo de R$ 1,34 bilhão da Petrobras no segundo trimestre deste ano foi empurrado por despesas de R$ 2,73 bilhões decorrentes de poços secos, R$ 2,1 bilhões maiores que as contabilizados no trimestre anterior. Assim, somente no primeiro semestre foram registrados R$ 3,28 bilhões como custos exploratórios. Essas despesas não afetam o lucro bruto da empresa, mas têm impacto direto no resultado operacional, incluindo o lucro antes de impostos, depreciação e amortização (ebitda, na sigla em inglês).

 

O valor tão alto levou a companhia a ter seu primeiro prejuízo em 13 anos - desde a maxidesvalorização do real, no primeiro trimestre de 1999. Naquela ocasião a companhia registrou perda de R$ 3,57 bilhões em valores atualizados pela inflação. Antes disso o único prejuízo desse vulto, equivalente a R$ 3,93 bilhões ajustados, aconteceu no quarto trimestre de 1991, em meio a um período conturbado do governo de Fernando Collor de Mello (1990-1992).

 

Em julho de 2009 o Valor mostrou que dos 28 poços perfurados pela estatal no pré-sal das bacias de Campos e Santos até então, 32% estavam secos ou poderiam ser classificados como produtores subcomerciais de petróleo ou gás segundo dados da Agência Nacional do Petróleo disponíveis na época.

 

Ao explicar a baixa de poços no segundo trimestre, a Petrobras não deu detalhes. Disse apenas que o aumento dos gastos nessa linha se explicam principalmente "pelas maiores baixas de poços secos ou subcomerciais, perfurados principalmente no período 2009-2012, a custos mais elevados, com destaque para áreas de novas fronteiras exploratórias".

 

Pela contabilidade, quando ela realiza exploração de poços as despesas entram como investimento, sem afetar o resultado do período. Mas no momento em que se verifica que o poço é seco ou subcomercial é preciso reconhecer aquele gasto como despesa, e aí sim ela afeta o lucro. Ao apresentar o resultado, Graça Foster identificou todos os ítens que prejudicaram o balanço, dizendo que a companhia está trabalhando para recuperar a rentabilidade.

 

Apesar de esperarem um péssimo resultado, nenhum analista previu um prejuízo da magnitude anunciada pela Petrobras. Os mais pessimistas esperavam um lucro de R$ 1,9 bilhão a R$ 2 bilhões, o que já seria um péssimo resultado comparado aos R$ 10,94 bilhões do mesmo período de 2011, ou com o lucro de R$ 9,21 bilhões entregues no primeiro trimestre deste ano.

 

"Estou anestesiado", brincou o analista de um grande banco na sexta-feira, logo depois da divulgação do resultado. Esse analista observou que nunca imaginou que a empresa apresentasse prejuízo em um trimestre em que o preço médio do petróleo "brent" no mercado internacional foi de US$ 108,47 por barril.

 

A impressão que ficou do primeiro balanço da gestão de Graça Foster na presidência da Petrobras é de que ela está "limpando o balanço" para, a partir daí, registrar resultados mais aderentes, o que no longo prazo é bom para a companhia.

 

Outro item que ajudou a afundar o resultado da estatal, já esperado, foi o prejuízo de R$ 7,03 bilhões da área de abastecimento e refino, onde são lançados os custos com importação de combustíveis vendidos no país mais barato que o preço de aquisição. Segundo cálculos do Centro Brasileiro de Infra Estrutura (CBIE), no primeiro semestre de 2012 a Petrobras acumulou saldo líquido negativo de R$ 9,4 bilhões em função da diferença entre as despesas com a importação de gasolina e diesel e a receita obtida com as vendas no país.

 

Outra causa foi a variação cambial no período (o dólar se valorizou 11% em relação ao real), que trouxe impacto de R$ 7,17 bilhões sobre a dívida líquida em dólares. Mesmo assim, na avaliação de outro experiente analista o câmbio, sozinho, não seria capaz de fazer um estrago tão grande.

 

"O resultado é uma lástima. É o que dá quando não se pratica paridade de preços. O câmbio andou afetando o balanço mas os preços continuam aquém [do mercado internacional], o que impacta o resultado operacional. Uma coisa não compensa a outra", observou.

 

Como as perdas com importação devem cair por causa do aumento dos preços do diesel e da gasolina, e a variação cambial e as estrondosas despesas com poços secos não recorrentes, em tese esses itens não devem se repetir no terceiro trimestre.

 

"O reajuste nos preços da gasolina e do diesel ocorrido no final de junho ainda não teve muito efeito nos números, mas deve contribuir para minimizar os impactos causados pelos altos custos de derivados importados nos próximos resultados", observaram analistas do BB Investimentos.

Mais Lidas De Hoje
veja Também
Gás Natural
ANP aprova revisão das especificações e controles de qua...
15/05/25
Meio Ambiente
SLB destina cerca de 2 mil toneladas de resíduos para re...
15/05/25
IBP
Políticas públicas bem estruturadas são essenciais para ...
15/05/25
IBP
Gás natural é essencial para garantir segurança energéti...
14/05/25
Apoio Marítimo
Svitzer celebra 10 anos de operação no Brasil com expans...
14/05/25
Pesquisa
ANP convida postos de combustíveis a participarem de pes...
14/05/25
Energia Solar
Parceria entre BYD e JV Gera + Raizen instala nove usina...
14/05/25
Evento
Data centers, energia e sustentabilidade estão no centro...
14/05/25
Sustentabilidade
Repsol Sinopec lança Plano de Sustentabilidade para 2025
14/05/25
Gás Natural
Comgás realiza chamada pública para aquisição de gás natural
14/05/25
Bahia Oil & Gas Energy 2025
BOGE25 terá oportunidades de negócios para empresas do s...
13/05/25
Bioenergia
Acordos com a China mostram força do modelo brasileiro d...
13/05/25
Evento
Sebrae promove rodada de negócios na feira NT2E
13/05/25
Petrobras
Campos de Búzios e Atapu receberam quase o total dos US$...
13/05/25
Espírito Santo
ES Gás injeta biometano na rede e inaugura fase de desca...
13/05/25
Petrobras
Conselho de Administração da Petrobras aprova pagamento ...
13/05/25
OTC HOUSTON 2025
Petronect colabora com o fortalecimento da cadeia de sup...
12/05/25
Resultado
Vibra adota relatório integrado e fecha 2024 com lucro r...
12/05/25
Sustentabilidade
OceanPact estreia no Índice de Sustentabilidade Empresar...
12/05/25
Evento
Fenasucro & Agrocana abre credenciamento de visitantes p...
12/05/25
Evento
Fenasucro & Agrocana abre credenciamento de visitantes p...
12/05/25
VEJA MAIS
Newsletter TN

Fale Conosco

Utilizamos cookies para garantir que você tenha a melhor experiência em nosso site. Se você continuar a usar este site, assumiremos que você concorda com a nossa política de privacidade, termos de uso e cookies.

22