Onshore

Petróleo em terra, de carona no pré-sal

O Estado de S.Paulo
26/10/2009 11:41
Visualizações: 1002 (0) (0) (0) (0)
Ao contrário do bom desempenho no mar, com sucessivos recordes de produção e descoberta do pré-sal, as atividades petrolíferas em terra no País caminham a passos lentos. A produção nos campos terrestres cai há cinco anos seguidos e há grande desânimo entre as petroleiras independentes criadas após o fim do monopólio estatal. O setor começa a fazer lobby pela inserção, no projeto de lei do pré-sal, de medidas para revitalizar o segmento.

Segundo dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP), os campos terrestres produziram uma média de 178,4 mil barris de petróleo por dia entre janeiro de julho de 2009. O volume é 2,6% inferior à média de 2008 e 18,3% menor do que o pico atingido em 2003, de 218,4 mil barris por dia. Desde aquele ano, a produção de petróleo em terra só cai, apesar da alta dos investimentos da Petrobrás.

O esgotamento de bacias maduras, como as bacias terrestres brasileiras, é natural, mas os dados indicam o fracasso na proposta de se criar uma indústria petrolífera independente no País, que contribuiria para a geração de emprego e renda em regiões mais pobres.

Os resultados, porém, ainda são tímidos. "A expectativa era que, com os leilões, houvessem descobertas que contrabalanceariam a perda natural da produção", diz Oswaldo Pedrosa, presidente da Associação Brasileira das Produtoras Independentes de Petróleo (Abpip). "Mas as descobertas têm sido pouco atrativas, sem capacidade de gerar recursos para sustentar novos programas de exploração." Ou seja, até agora, a maior parte das empresas tem investido sem gerar receita com o negócio, o que já provoca problemas financeiros.

Doze anos após o fim do monopólio, as pequenas petroleiras nacionais produzem só 1,5 mil barris por dia. A falta de áreas atrativas e, sobretudo, o retorno da Petrobrás ao segmento a partir do governo Lula são apontadas como as principais razões para o problema.

Na gestão anterior, a estatal iniciou um programa de redução de presença em bacias maduras, realizando leilões para transferir campos mais antigos (chamados de campos marginais) para pequenas empresas, que foi suspenso por determinação do diretor de exploração e produção, Guilherme Estrella. A ANP chegou a fazer também duas licitações de campos marginais, mas agora alega que não tem mais áreas atrativas para oferecer. Entre as áreas licitadas, 14 já foram devolvidas por falta de viabilidade econômica.

As empresas querem aproveitar a discussão do marco regulatório do pré-sal para propor mudanças para revitalizar o setor. Com apoio do deputado potiguar Betinho Rosado (DEM), apresentaram emendas ao projeto de lei que cria o contrato de partilha limitando a atividade da estatal a campos com produção superior a 15 mil barris por dia. Segundo o texto, as descobertas de menor produtividade deveriam ser entregues à ANP para nova licitação.

Outra emenda, apresentada pela deputada capixaba Rose de Freitas (PMDB) estipula o limite pelas reservas descobertas: se estiverem abaixo de 1 milhão de barris, devem ser retornadas à ANP. Nos dois casos, a premissa básica é de que as pequenas empresas precisam de escala para justificar novos investimentos e melhorar a rentabilidade dos projetos - hoje precisam pagar a Petrobrás pelo uso de logística e instalações de tratamento de óleo.

"O ideal seria uma decisão do governo para que a Petrobrás, voluntariamente, inicie um processo de cessão de áreas ou assine contratos de serviço com petroleiras independentes", sugere o secretário de energia do Rio Grande do Norte, Jean Paul Prates, advogado que participou da elaboração do modelo que deu fim ao monopólio.

A ideia tem simpatia do diretor-geral da ANP, Haroldo Lima. Em entrevista recente ao Estado, ele disse que a Petrobrás deveria abrir mão de algumas áreas como compensação por ter a exclusividade de operação no pré-sal. Enquanto isso, a estatal diz que mantém os investimentos para reverter o declínio da produção em terra.

A empresa diz que, entre 2003 e 2008, conseguiu incorporar 360 milhões de barris às suas reservas por conta de um esforço em melhorar as condições de recuperação de campos terrestres. A estatal tem como meta ampliar, nos próximos cinco anos, sua produção em campos terrestres em 25%. Para isso, prevê investimentos de US$ 1,4 bilhão.

O gerente geral de exploração e produção de Petróleo na Bahia da Petrobrás, Antonio José Pinheiro Rivas, admite que a extração de petróleo nos campos em terra no Estado está em declínio, mas que esse é um processo considerado "normal" pela empresa. Segundo o gerente geral, a queda acumulada entre 2004 e 2008 é da ordem de 8%. Ele nega, porém, que isso esteja ocorrendo por falta de investimento ou por uma eventual mudança de foco da Petrobrás, que estaria centrando suas ações mais notadamente no pré-sal.

Fonte: O Estado de S.Paulo
Mais Lidas De Hoje
veja Também
ANP
Segunda etapa de audiência pública debate classificação ...
27/08/25
IBP
RELIVRE reafirma a competência federal referente à ativi...
27/08/25
Royalties
Valores referentes à produção de junho para contratos de...
27/08/25
ANP
Pesquisa, desenvolvimento e inovação: ANP atualiza Paine...
27/08/25
Seminário
PPSA abre inscrições para Seminário de Lançamento do Lei...
27/08/25
IBP
Carta Aberta em apoio à ANP na classificação de gasoduto...
27/08/25
Logística
Vast Infraestrutura inicia construção do parque de tanca...
26/08/25
Biodiesel
Rumo a uma navegação mais sustentável, Citrosuco inicia ...
26/08/25
ANP
Oferta Permanente de Concessão: resultado parcial do 5º ...
26/08/25
PD&I
Projeto Embrapii transforma algas de usinas hidrelétrica...
26/08/25
PPSA
Leilão de Áreas Não Contratadas será realizado em dezembro
26/08/25
IBP
Desafio iUP Innovation Connections inicia etapa de capac...
25/08/25
Transição Energética
Fórum Nordeste 2025 discute energias renováveis, sustent...
25/08/25
Margem Equatorial
10 perguntas e respostas sobre a Avaliação Pré-Operacion...
25/08/25
Internacional
UNICA participa de encontro internacional na Coreia de S...
25/08/25
Reconhecimento
HPG Lab é premiado no Prêmio Inventor Petrobras 2025 com...
25/08/25
Combustíveis
Etanol anidro recua e hidratado sobe na semana de 18 a 2...
25/08/25
Firjan
Rede de Oportunidades na Navalshore 2025 bate recorde de...
22/08/25
Mobilidade Sustentável
Shell Eco-marathon Brasil 2025 desafia os limites da mob...
22/08/25
Evento
Cubo Maritime & Port completa três anos acelerando desca...
22/08/25
IBP
27º Encontro do Asfalto discute futuro da pavimentação c...
22/08/25
VEJA MAIS
Newsletter TN

Fale Conosco

Utilizamos cookies para garantir que você tenha a melhor experiência em nosso site. Se você continuar a usar este site, assumiremos que você concorda com a nossa política de privacidade, termos de uso e cookies.

23