Abimaq

Petrobras só encomenda 10% ao setor de máquinas

Na década de 80, no auge das encomendas feitas à indústria naval brasileira, o setor de petróleo respondia por 50% do volume de negociações de máquinas e equipamentos fabricados no País. Hoje responde por menos de 10%. A informaç&atil

O Estado de S. Paulo
13/07/2010 06:45
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Na década de 80, no auge das encomendas feitas à indústria naval brasileira, o setor de petróleo respondia por 50% do volume de negociações de máquinas e equipamentos fabricados no País. Hoje responde por menos de 10%. A informação é do diretor executivo dos segmentos de Petróleo e Gás da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Alberto Machado.
 
 
 
A indústria de máquinas como um todo movimentou US$ 32 bilhões em 2009 e o setor de petróleo faturou cerca de US$ 2,8 bilhões. Considerando que 30% dos US$ 40 bilhões investidos anualmente pela Petrobrás são destinados a máquinas e equipamentos, Machado estima que a indústria nacional de equipamentos de petróleo e gás poderia receber encomendas de US$ 6 bilhões anualmente.
 
 
Para o diretor de Tecnologia da Coppe/UFRJ(Universidade Federal do Rio de Janeiro), Segen Estefen, a situação tende a ficar ainda mais delicada com a encomenda das sondas de perfuração, que nunca foram construídas no Brasil. A Petrobrás abre nesta semana os envelopes comerciais na concorrência para a construção de até 28 unidades, total estimado em US$ 22 bilhões. Em uma rodada anterior, a estatal encomendou 12 unidades com estaleiros estrangeiros. Mesmo destino terão 13 contratos de afretamento em licitação atualmente.
 
 
Sondas. "Se o Brasil não tem fornecedores de tecnologia avançada para a construção de plataformas de produção, tem muito menos para as sondas. Corremos o risco de ficar com um conteúdo nacional ainda menor se não houver um programa atrativo para fornecedores de equipamentos desta linha", disse o professor, alertando para o fato de que a China está na corrida para se qualificar para ser uma grande construtora de sondas de perfuração. "Temos que correr para não ficarmos restritos apenas a ser meros montadores", disse o diretor da Coppe, que anunciou o lançamento de quatro núcleos de tecnologia naval no País até o final deste ano.
 
 
Um dos maiores gargalos está na construção das turbinas de geração de energia, módulo que representa quase 20% do total do custo de uma plataforma. Poucas empresas fazem esse tipo de obras no mundo e apenas a encomenda de um volume de unidades cinco a seis vezes maior do que o atual justificaria a atração de investimentos para o país nesta área.
 
 
Há, porém, complementos industriais em que o Brasil pode capacitar mão de obra e ter condições de fabricação, desde que haja um investidor externo com experiência no setor e interesse de se instalar no País.
 
 
"Não é só o volume de encomendas internas que darão à indústria naval escala de produção para justificar novos investimentos. É preciso que a indústria naval local esteja preparada para atender à demanda estrangeira e para isso ainda há uma longa caminhada", disse Estefen.
 
 
"Foi necessária uma primeira fase com subsídios para alavancar a recuperação da indústria naval, mas agora está na hora de o Brasil saber o que quer. A construção naval é eminentemente política e se não houver uma decisão sobre o que fazer, vamos sucumbir aos concorrentes internacionais", analisou Estefen.
 
 
 
Petrobrás. Indagada sobre o tema, a Organização Nacional da Indústria do Petróleo (Onip), criada para fomentar as contratações de máquinas e equipamentos no Brasil, preferiu não se pronunciar, alegando que aguarda estudo encomendado a uma consultoria internacional para avaliar a competitividade dos fornecedores locais. A Petrobrás também não comentou o assunto.
 
 
 
Segundo técnicos do setor de petróleo, a petroleira mantém como estratégia o afretamento de unidades de menor porte ou mesmo as que vão atuar temporariamente em alguns campos, enquanto é construída a unidade que vai operar definitivamente no local.
 
 
 
Desta forma, a Petrobrás acelera a produção de petróleo em alguns campos, colocando-os em operação mais rapidamente do que se fosse aguardar os três anos que levam para a construção de uma unidade.
 
 
 
PARA LEMBRAR
 
 
Em campanha, Lula teve atrito com a estatal
 
 
Em 2002, o então candidato Luiz Inácio Lula da Silva gravou no estaleiro Verolme o primeiro filme de sua campanha eleitoral. Em meio a imagens desoladoras do canteiro abandonado, reclamou da encomenda de plataformas da Petrobrás no exterior e disse que o presidente da República "deveria ameaçar o presidente da Petrobras de demissão, caso ele insistisse em construir plataformas no exterior".
 
 
O episódio se transformou em um bate-boca público com o então presidente da Petrobras, Francisco Gros, que reagiu, dizendo que as declarações eram absurdas e chegou a tentar sem sucesso obter direito de resposta durante a propaganda eleitoral do PT na TV. Segundo ele, a Petrobrás convidava também empresas estrangeiras, mas não havia tecnologia no País para construir equipamentos tão complexos.
 
 
 
"São plataformas especializadas, só existem cinco delas no mundo", argumentou. Os críticos dessa política da Petrobras afirmavam que as unidades eram especializadas porque os projetos desenvolvidos para construí-las eram feitos em sua maioria por empresas norueguesas. Nos últimos 8 anos, ganharam força projetos desenvolvidos pelo Cenpes, o Centro de Pesquisa da Petrobrás, e estratégias como a clonagem de unidades já existentes ou simplificação de projetos para reduzir custos.
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