Planejamento

Petrobras revê seu plano para gás natural

Valor Econômico
25/07/2006 03:00
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A Petrobras elegeu o Estado do Espírito Santo como o novo protagonista do seu plano de antecipação da oferta de gás natural no país. O programa, batizado de Plangas, prevê o abastecimento dos Estados do Rio de Janeiro e São Paulo pela bacia capixaba, em um primeiro momento, até Santos decolar. O planejamento anterior, feito em 2005, previa que Santos, mais especificamente o campo de Mexilhão, supriria a demanda do Sudeste, enquanto os poços do Espírito Santo teriam sua produção voltada para o Nordeste.

Mas, diante da impossibilidade de pôr em operação o campo de Mexilhão, na Bacia de Santos, antes de 2009, essa estratégia foi recentemente revista, disse ao Valor o diretor de gás da estatal, Ildo Sauer. Os únicos dois navios no mundo capazes de transportar a plataforma de Mexilhão - uma das maiores do mundo, maior mesmo que o edifício-sede da Petrobras no Rio - só estarão disponíveis a partir do segundo semestre de 2008.

A alta do preço do barril de petróleo, que ontem fechou em torno de US$ 75, aqueceu o mercado mundial de exploração e produção de óleo e gás e há, atualmente, escassez global de equipamentos e mão-de-obra no setor.

Segundo Sauer, a Petrobras pretende levar o gás recém-descoberto no Espírito Santo para o mercado paulista, até o fim de 2007. A antecipação da produção capixaba poderá ser feita, diz, porque recentemente houve uma descoberta adicional de gás nos campos da estatal naquele Estado (chamados de ESS-130 e ESS-164)

Serão instaladas várias plataformas nesses novos campos, em Peroá-Cangoá e Golfinho. A medida vai aumentar a produção diária de gás natural em 16,7 milhões de metros cúbicos. Hoje, a Bacia do Espírito Santo produz cerca de 1,3 milhão de metros cúbicos por dia. Da Bacia de Campos, virão mais seis milhões de metros cúbicos/dia, principalmente do campo de Marlim.

A Bacia de Santos, grande promessa de oferta de gás natural do país, será responsável por apenas outro milhão e meio de metros cúbicos em 2007, que não virão de Mexilhão, mas sim do campo de Merluza.

Para levar adiante essa nova estratégia, Sauer disse que será necessário um redesenho de alguns gasodutos para escoar a produção da bacia do Espírito Santo. Para isso, será construído um novo gasoduto entre Cabiúnas (divisa entre Rio e Espírito Santo) e Duque de Caxias (RJ), ao custo orçado em US$ 200 milhões, com 200 quilômetros de extensão, chamado de Gasuc 3. Esse duto será conectado ao gasoduto Campinas-Rio, que já está em construção, e que foi originalmente concebido para levar para o mercado carioca o gás importado da Bolívia.

No novo plano estratégico da Petrobras, o Espírito Santo passará a produzir, em 2008, cerca de 18 milhões de metros cúbicos diários de gás. No planejamento anterior, feito em 2005, estava prevista a produção do combustível de 10 milhões de metros cúbicos diários na região, mas somente a partir de 2010.

Para o especialista Adriano Pires Rodrigues, do Centro Brasileiro de Infra-Estrutura (CBIE), há um certo "otimismo" por parte dos executivos da Petrobras. "Há um problema de logística e de infra-estrutura nesse plano", disse Pires. "Os gasodutos ainda terão que ser construídos e há ainda a questão das licenças ambientais", completou.

A Petrobras corre na busca por alternativas ao fornecimento de gás desde que a duplicação do gasoduto Bolívia-Brasil foi suspensa devido à nacionalização das reservas promovida pelo governo de Evo Morales. Hoje, há um crescimento anual na demanda pelo insumo de 17%, segundo cálculos da estatal.

Para atender ao mercado consumidor, é programado um acréscimo anual da ordem de 45% na produção nacional de gás até 2008. Os atuais 28,5 milhões de metros cúbicos diários produzidos em território nacional saltarão para 60,4 milhões de metros cúbicos por dia - um crescimento de 112% - se os planos da estatal se efetivarem.

Esse volume adicional, de quase 32 milhões de metros cúbicos diários de gás, equivale ao que o Brasil importa atualmente da Bolívia. A partir de 2009, o crescimento da oferta da produção local está estimado em 11% ao ano, atingindo 74,5 milhões de metros cúbicos diários em 2010.

A Petrobras também pretende complementar a oferta de gás no país por meio de um projeto de importação de gás natural liquefeito (GNL). Esse combustível vem na forma líquida, e pode ser transportado por navio de qualquer lugar do mundo, sem a necessidade de gasodutos. Com a vantagem de não depender de um único fornecedor, como ocorre hoje com a Bolívia.

A estatal pretende construir duas unidades de regaseificação do GNL: uma na região Sudeste e outra no Nordeste. Esse projeto adicionaria 20 milhões de metros cúbicos/dia ao sistema nacional.

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