Oitava Rodada

Petrobras questionará regras da licitação

DCI
29/08/2006 00:00
Visualizações: 331

A Petrobras e a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) começaram a trocar ontem as primeiras farpas em torno da Oitava Rodada de Licitações, que será promovida pela agência nos dias 28 e 29 de novembro. Por determinação da ANP, o número de ofertas por setor licitado será de até quatro, dependendo das características das bacias sedimentares que irão a leilão. Na avaliação da Petrobras, a restrição pode prejudicar o desempenho da empresa, visto que as apostas terão de ser mais elevadas para assegurar as áreas mais desejadas, e, por tabela, afetar negativamente o resultado do leilão, pois os investidores tenderiam a concentrar-se em áreas de menor risco para investimento.
Objetivos em risco
A preocupação da Petrobras foi manifestada ontem, durante audiência pública sobre a Oitava Rodada, pelo gerente de relacionamento com a ANP da estatal, Jorge Bastos. Na opinião de Bastos a decisão da ANP não é “coerente com o objetivo da agência”, que seria, na sua visão, o de conceder o maior número de áreas possível. “Se o número de ofertas será limitado, eu vou ter de elevar muito minha aposta para as áreas que mais me interessam. Conseqüentemente, vou reduzir as apostas em áreas secundárias. O risco que vejo é que as áreas de menor interesse não terão apostas”, disse o gerente.
A determinação da ANP consta no pré-edital, que ainda será objeto de discussão em seminários técnicos. Há, portanto, chance de a decisão ser revogada. Bastos afirmou que a Petrobras deverá encaminhar à agência sugestão de mudança desse item do pré-edital. Uma das idéias é que, em vez de limitar o número de ofertas, a agência poderia limitar o número de vitórias por setor leiloado. “Ao limitar o número de ofertas, eu posso fazer quatro lances, não ganhar nada e não poder comprar nenhum bloco nesse setor. O mais sensato seria limitar o número de vitórias”, disse Bastos.
Rodadas anteriores
Nas rodadas anteriores não houve limitação do número de ofertas, o que teria levado, segundo a ANP, à concentração de grandes extensões de áreas em posse de poucas empresas. Com o objetivo de diversificar o número de companhias operadoras, a ANP decidiu, então, limitar o número de ofertas. “O que vem acontecendo é que as empresas adquirem muitos blocos em um mesmo setor e acabam subexplorando parte deles e concentrando suas atividades em outros. Isso não é interessante para o País”, disse o diretor da agência, Newton Monteiro.
Segundo Monteiro, foram feitos estudos para identificar a extensão ideal de áreas para atuação de pequenas e grandes empresas. Para as pequenas, que geralmente atuam nas bacias maduras — já bem conhecidas e com potencial residual de reservas petrolíferas —, a área ideal é de 120 quilômetros quadrados. Para as grandes, o valor foi de 2 mil quilômetros quadrados. Em função das características de cada bacia sedimentar, o número de ofertas vai variar de dois a quatro. Uma bacia sedimentar é dividida em vários setores e estes são subdivididos em blocos exploratórios.
O esforço da ANP para atrair mais investidores pode ser em vão. O interesse das empresas nesta rodada parece ser menor que o despertado pelas rodadas anteriores. A sala onde a audiência pública foi realizada ontem, na sede do Departamento Nacional de Pesquisa Mineral, tinha cadeiras vazias. O espaço costuma ficar lotado em eventos como esse. Havia muitos representantes de empresas de pequeno e médio porte, como a W Washington e a Starfish. Os grandes investidores, como a britânica Shell, a americana Chevron e a norueguesa Statoil podem ser afastados pelo corte nas áreas ofertadas. Eram 18 inicialmente previstas, reduzidas para 7. E a Bacia de Campos, que tem a maior atratividade para o investidor estrangeiro por suas reservas, foi excluída.
O diretor-geral da ANP, Haroldo Lima, evitou dizer de quem partiu a decisão do corte do número de bacias. Integrantes do CNPE queixam-se de que não teriam sido consultados sobre o corte. Nos bastidores, comenta-se que a decisão do CNPE teria como objetivo resguardar mercado para a Petrobras. Oficialmente, o governo federal afirma que a decisão deve-se ao fato de a prioridade da próxima rodada ser o gás natural, não o petróleo, pois a polêmica com a Bolívia exigiria que o Brasil buscasse auto-suficiência em gás também.

Mais Lidas De Hoje
veja Também
Mossoró Oil & Gas Energy 2025
Mossoró Oil & Gas Energy terá debates estratégicos em 10...
14/11/25
COP30
IBP promove painéis sobre descarbonização, metas globais...
14/11/25
Eólica Offshore
Japão e Sindienergia-RS: em visita a Porto Alegre, embai...
14/11/25
Bacia de Campos
Novo prazo de recebimento de propostas para o FPSO do pr...
14/11/25
Royalties
Participação especial: valores referentes à produção do ...
14/11/25
COP30
Indústria brasileira de O&> atinge padrões de excelência...
14/11/25
Pré-Sal
União aumenta sua participação na Jazida Compartilhada d...
14/11/25
COP30
Líderes e negociadores da COP30 receberão cartas de 90 a...
13/11/25
Energia Elétrica
Projeto Meta II: CCEE e PSR apresentam proposta para mod...
13/11/25
COP30
ANP participa do evento e avança em medidas para a trans...
13/11/25
Nova marca
ABPIP moderniza identidade visual e reforça alinhamento ...
13/11/25
Firjan
Enaex 2025 debate reindustrialização, competitividade do...
13/11/25
Entrevista
Rijarda Aristóteles defende protagonismo feminino na era...
13/11/25
COP30
IBP defende setor de O&> como parte da solução para desc...
13/11/25
COP30
Transpetro recebe o Selo Diamante do Ministério de Porto...
13/11/25
Bacia de Campos
PRIO assume operação do Campo de Peregrino com aquisição...
13/11/25
Pessoas
Francisco Valdir Silveira assume presidência do SGB
13/11/25
Curso
Radix e UniIBP lançam primeira edição do curso "Análise ...
13/11/25
Margem Equatorial
Rio-Macapá: novas fronteiras levam à região Norte
12/11/25
COP30
Petrobras e BNDES lançam primeiro edital do ProFloresta+...
12/11/25
Evento
ANP participa de conferência de Geofísica Sustentável, d...
12/11/25
VEJA MAIS
Newsletter TN

Fale Conosco

Utilizamos cookies para garantir que você tenha a melhor experiência em nosso site. Se você continuar a usar este site, assumiremos que você concorda com a nossa política de privacidade, termos de uso e cookies.