Valor Econômico
Apesar de a plantação de mamona registrar aumentos expressivos na área cultivada a cada ano que passa, o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) ainda tem um longo caminho a percorrer para atingir a meta proposta pelo governo. A mamona — uma das oleaginosas empregadas como matéria prima para produção de biodiesel — enfrenta sérios problemas com o solo e faz uso de uma tecnologia “rústica”. São mais de 3 milhões de hectares com aptidão para a lavoura. “O desafio para nós é muito grande, porque a produtividade há 20 anos é a mesma. Todo o agronegócio evoluiu e a cultura da mamona é rústica do ponto de vista tecnológico”, diz Arnoldo de Campos, diretor do departamento de geração de renda e agregação de valor do MDA.
Os primeiros passos para encarar o problema de frente estão sendo dados. “A Petrobras, em parceriacomo Banco do Brasil, disponibilizará ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) uma linha de financiamento para aumentar a produtividade em 21%, neste ano”, diz Campos. Mas a companhia também contratou a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e o MDA para produzir semente de boa qualidade e distribuí-las aos agricultores, segundo ele. “Hoje, 100% dos produtores têm semente adequada e, agora, temos de adotar outras práticas. Antes de entrar com financiamento que, basicamente, é para adubo e controle biológico, temos que corrigir o solo para depois aplicar tecnologia de adubação”, afirma. Além da semente, a Petrobras também antecipa assistência técnica ao Pronaf. Hoje, são ao todo 800 técnicos em campo só no Nordeste para a mamona, dos 1.200 técnicos disponíveis em todo o Brasil só no programa de biodiesel.
O programa tem foco no desenvolvimento e fortalecimento da cadeia produtiva de oleaginosas. Para tanto, a Petrobras oferece aos agricultores familiares contratados sementes certificadas e assistência técnica agrícola, além de firmar contratos, com prazo de cinco anos, que asseguram a compra da produção, explica Janio Rosa, diretor de suprimento agrícola da Petrobras Biocombustível.
O Plano de Negócios da Petrobras (2009/2013) prevê investimentos de US$ 2,8 bilhões em biocombustíveis (US$ 2,4 bilhões para produção de biodiesel e etanol e US$ 400 milhões para infraestrutura, basicamente alcooldutos). A meta para 2013 é atingir a capacidade de produzir 640 milhões de litros de biodiesel e 3,9 bilhões de litros de etanol. “As usinas de biodiesel da Petrobras atingiramuma produção acumulada, até abril deste ano, de 199,3 milhões de litros de biodiesel.”
O mercado é promissor na região Nordeste e a planta não concorre com alimentos, tem 50% de teor de óleo e boa resistência à falta de chuvas. Em 2009, por exemplo, foram gerados negócios da ordem de R$ 27 milhões com a mamona no programa de biodiesel. A expectativa para 2010 é atingir R$ 48 milhões de um total de quase R$ 1,2 bilhão na comercialização de oleaginosas da agricultura familiar no programa do biodiesel, projeta Campos. Tendo como base o ano passado, foram negociadas pela agricultura familiar junto às usinas de biodiesel R$ 667 milhões, dos quais R$ 27 milhões provenientes da mamona. A área total plantada de oleaginosas na safra 2009/2010 foi de 155 mil hectares para uma produção de 110,4 mil toneladas, alta de 19% sobre a safra anterior.
Para 2010/2011, a previsão é crescimento de 50% na área plantada, mas é difícil nesse momento prever o aumento no volume, porque ainda não tem um mapa de clima. “Hoje, a expectativa é ter 41 mil famílias participando do arranjo produtivo do programa de biodiesel, exclusivamente com mamona, de um total de 109 mil famílias que é nossa perspectiva para a safra 2010/2011. Na safra 2009/2010, foram 21 mil famílias que fecharam contratos com usinas de biodiesel só com mamona, de um total de 51 mil famílias. Camposlembra que os produtores de mamona estão vivendo seu melhor momento.
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