O gerente de Implementação de Empreendimentos IEPRA da Petrobras, Joper Cezar de Andrade Filho, afirmou ontem (11), durante o painel “Fabricação, Construção e Montagem no Setor Naval e Offshore”, no terceiro dia da Niterói Fenashore 2009,
RedaçãoO gerente de Implementação de Empreendimentos IEPRA da Petrobras, Joper Cezar de Andrade Filho, afirmou ontem (11), durante o painel “Fabricação, Construção e Montagem no Setor Naval e Offshore”, no terceiro dia da Niterói Fenashore 2009, que o setor será o mais beneficiado nos planos de investimentos da estatal nos próximos cinco anos.
Dos US$ 170 bilhões que a Petrobras pretende investir, US$ 90 bilhões irão para a indústria naval e offshore. “A empresa está encomendando plataformas e navios de todos os tipos, com demandas para os mais variados fornecedores”, afirmou. Segundo ele, a maior parte das demandas se concentra em construções pesadas. Sem levar em consideração as demandas do pré-sal, acrescentou, a Petrobras já tem uma encomenda de 70 navios de grande porte, sendo que 44 ainda serão contratados.
Joper lembrou que, a cada ano, a produção de um campo de petróleo diminui 10%. Para compensar esta perda, as empresas precisam iniciar novos projetos, o que gera, por exemplo, muita demanda por FPSOs (Floating Production Storage and Offloading), tipo de navio utilizado pela indústria petrolífera para a exploração, armazenamento de petróleo e gás natural e escoamento da produção, utilizados em locais de produção distantes da costa. Para o pré-sal, mesmo sem saber as dimensões exatas das reservas que estão nesta área, a estatal já encomendou oito FPSOs.
O executivo da Petrobras destacou ainda que as empresas brasileiras, principalmente as fornecedoras de equipamentos, precisam focar na redução de preços e prazos. “Há espaço para redução nos custos, o que pode diminuir em quase 50% o preço dos projetos e equipamentos. Recebemos recentemente um orçamento para um projeto no valor de R$ 2 bilhões e que, depois de ser negociado, caiu para R$ 1,1 bi. As empresas brasileiras precisam buscar uma otimização dos custos para alcançarem competitividade no mercado externo”, observou.
Uma das formas das empresas brasileiras manterem um padrão internacional de preços é o uso de métricas comparativas, que permitem saber o custo de projetos e equipamentos em todo o mundo. Desta maneira, segundo o executivo, será possível comparar os preços no mercado brasileiro e no mercado externo. “No entanto, é preciso levar em consideração as peculiaridades do mercado brasileiro, onde os custos são mais altos que no asiático, por exemplo”, ressaltou Andrade.
Já o conselheiro da Associação Brasileira de Engenharia Industrial (ABEMI), Ricardo Pessoa, criticou os altos impostos que incidem em cascata em toda a cadeia produtiva do setor naval e offshore. Segundo ele, esse é um dos aspectos que podem impedir a inserção do Brasil no mercado internacional nos próximos anos. O especialista também destacou que as empresas brasileiras têm como desafio se adequar às muitas exigências ambientais e aumentar a produtividade, principalmente diante da imensa demanda atual e das que serão geradas com o pré-sal.
O professor Miguel Luiz Ribeiro Ferreira, vice-diretor da Escola Fluminense de Engenharia (UFF), acredita que o caminho para a indústria nacional ganhar competitividade passa pela aquisição de novos equipamentos, absorção de tecnologias já disponíveis, adaptação e absorção de tecnologias de outros tipos de indústrias, como a automobilística, por exemplo, e por investimentos em programas de P&D (Pesquisa e Desenvolvimento). O especialista também defende que o a indústria naval e offshore do país precisa investir em sistemas de robotização, que já são usados em outros países e que poderiam ser introduzidos no Brasil.
Um dos principais gargalos do setor naval e offshore, falta de profissionais qualificados para atender a crescente demanda, será capacitada até 2012 de acordo com estimativas do coordenador-executivo do Prominp (Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural), José Renato Ferreira de Almeida. O programa já qualificou nos últimos dois anos, 49 mil pessoas e selecionou outras 29 mil. Serão necessários ainda 200 mil novos profissionais nos próximos três anos.
Segundo José Renato, o setor não pode olhar apenas para alguns segmentos da indústria, mas para toda a cadeia de suprimentos. “É importante dar visibilidade para a cadeia como um todo e decompor as demandas, para não haver concentração em nenhum empresa ou segmento”, destacou. O coordenador do Promimp reforçou ainda que o programa vai lançar em dezembro um portal de oportunidades para a cadeia de fornecedores. Nesta ferramenta, as empresas poderão trocar ideias, expor demandas e fazer ofertas.
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