A distância entre as pesquisas universitárias e a aplicabilidade pela indústria ainda é um dos maiores desafios dos pesquisadores que se dedicam ao desenvolvimento de soluções e novas tecnologias para o setor de óleo e gás. No painel “Redes Tecnológicas Brasileiras – Resultados Alcançados”, realizado ontem na OTC Brasil 2013, especialistas dos mais renomados institutos de ensino do país debateram as oportunidades e desafios da produção do conhecimento com a chegada do pré-sal.
Desde a publicação da Regulação nº 5 da Agência Nacional do Petróleo (ANP), em 2005, que estabelece as regras para aplicação de recursos em pesquisa e desenvolvimento (P&D) pela indústria de óleo e gás, as empresas têm aumentado os investimentos voltados para instituições de ciência e tecnologia. Somente a Petrobras investiu cerca de US$ 2 bilhões.
Existe um consenso de, para criar a ponte entre a área acadêmica e a indústria, é necessário permitir o surgimento de empresas incubadoras, startups (com projetos ligados à pesquisa) ou spin-offs (nascidas de grupos de pesquisa).
“Muitos alunos querem montar suas próprias empresas, mas não têm recursos e nem conseguem financiamento. Apenas a regulação da ANP não é suficiente. Precisamos ressaltar que existe este gap entre as duas pontas: universidades e empresas”, afirma Cristina Maria Quintella, da Universidade Federal da Bahia.
“Temos todos os ingredientes para o bolo – dinheiro, pesquisadores e oportunidades. Só não temos o cozinheiro. A Petrobras poderia ser um líder neste processo junto ao governo”, afirma o professor Clovis Raimundo Maliska, da Universidade Federal de Santa Catarina.
Outra grande preocupação dos acadêmicos é como manter pesquisadores e equipes ativos e unidos ao longo dos anos. Maliska acredita que a continuidade dos investimentos em P&D permitirá a obtenção de resultados em 10 anos.
Para isso, diz ela, é necessário melhorar a infraestrutura das universidades, aumentar as atividades de pesquisa, focar nos estudos em desenvolvimento de tecnologia, reduzir as burocracias para criação de empresas incubadoras, startups e spin offs e, finalmente, manter as equipes.
“Para garantir a permanência destes profissionais é necessário oferecer uma carreira profissional, salários competitivos, organização, formalização e planejamento”, afirmou o professor Marcelo Gattass, da PUC-RJ.
Foram apresentados vários exemplos bem-sucedidos de parcerias entre universidades e institutos de pesquisa e a Petrobras. Um deles, o LabOceano da Coppe-UFRJ, chama a atenção pela grandiosidade e inovação. Trata-se do tanque mais profundo do mundo (15 metros), no qual foram feitos mais de 100 ensaios para empresas do Brasil e do exterior.