Gas natural

Pesquisa mostra potencial do gás natural no Mato Grosso

Estudo do RCGI estima que o Estado tem condições de gerar 2 milhões de m³ de GN por dia, podendo substituir parcialmente o uso de eletricidade, diesel e óleo combustível nos nos três setores que mais usam energia.

Redação/Assessoria
23/05/2019 18:30
Visualizações: 763

Uma equipe do Fapesp Shell Research Centre for Gas Innovation (RCGI) realizou um estudo de viabilidade da substituição de óleo diesel, óleo combustível e eletricidade pelo Gás Natural, transportado como Gás Natural Liquefeito (GNL), no estado do Mato Grosso (MT). Esse GNL seria distribuído em pequena escala, conforme a premissa dos pesquisadores que participaram do projeto coordenado pelo professor Edmilson Moutinho dos Santos, do Instituto de Energia e Ambiente da Universidade de São Paulo (IEE/USP).

Aplicando metodologias de estimativa de potencial de substituição e ferramentas de cálculo de custos de transporte de GNL, o grupo identificou o quanto essa energia poderia ser substituída pelo GN em três setores de atividade econômica: agropecuária, transporte e industrial.

“Concluímos que há um volume potencial de gás de 2,1 milhões de m3 por dia para substituição de diesel, óleo e eletricidade nos setores econômicos estudados, e a maior parte do volume potencial de substituição está na atividade agrícola. A eletricidade e o diesel são os mais propensos a serem substituídos, pois o consumo dessas fontes é bastante relevante e o custo do transporte de GNL se mostrou competitivo. Já a substituição do óleo combustível se mostrou menos competitiva, pois o preço e o volume consumido no estado do Mato Grosso são inferiores aos outros dois energéticos avaliados,” afirmou Dorival Santos Jr., um dos pesquisadores do projeto.

A maior taxa de substituição encontrada foi a do óleo diesel no setor agrícola (potencial para absorver aproximadamente 1.2 milhão de m³/dia, que poderia ser utilizado, entre outros, no processo de secagem do grãos); seguida pelo óleo diesel no setor de transportes (500 mil m³/dia). A ideia do estudo, segundo Santos, era responder a algumas perguntas, tais como: qual o tamanho dessa substituição, onde ela poderia ocorrer e qual seu custo, que inclui não somente a compra do gás, mas também os processos de liquefação do gás natural, o transporte em caminhões, estocagem e a regaseificação do GNL para consumo.

O gás natural em pequena escala é caracterizado conforme a capacidade das plantas de liquefação e regasificação. Por pequena escala, entende-se uma capacidade que vai de 320 mil m3/dia até 3,2 milhões m3/dia. (em caminhões com capacidade para transportar de 30 a 60 m3). Dividindo o estado em cinco mesorregiões, de acordo com a divisão oficial do IBGE, os cientistas imaginaram um ponto geocêntrico em cada uma delas, equidistante das unidades que representam as principais atividades econômicas locais e com acesso a rodovias. “Trabalhamos como se todo consumo energético acontecesse naqueles pontos, o que não é real, mas é uma estratégia para um primeiro approach de estimativa.”

            Celeiro brasileiro – Segundo Santos, o Mato Grosso foi escolhido porque tem algumas particularidades. É o maior produtor de soja, de algodão, milho e carne bovina no Brasil. O PIB é o 13º entre as unidades federativas. E há um gasoduto de aproximadamente 280 km, denominado Gasoduto Lateral-Cuiabá, conectando a Bolívia até a capital do MT, Cuiabá. “É um ramal do Gasbol, com capacidade de transporte de aproximadamente 4 milhões de m³/dia, que sai da Bolívia e vai até o citygate de Cuiabá, onde existe uma Usina Termelétrica – a UTE Mário Covas, com capacidade de 400 MW.

Praticamente todo o gás que chega por esse ramal tem como destino abastecer a termelétrica, comprada em 2015 pelo grupo J&F e hoje em estado de hibernação, por conta de complicações judiciais.

A ideia do grupo do RCGI é que o gás natural chegue em Cuiabá via gasoduto, seja liquefeito ali mesmo no citygate, e de lá transportado por via rodoviária para os pontos escolhidos nas cinco grandes regiões do Estado. Para ser consumido, o gás ser deve ser regaseificado. “Essa regasieficação poderia acontecer tanto nos pontos centrais das cinco mesorregiões quanto diretamente nos estabelecimentos consumidores do gás”, explica Santos.

Para estimar o potencial de substituição do uso do GN no estado do MT, a equipe analisou o balanço energético do Estado divulgado pela Secretaria de Planejamento. “Hoje aproximadamente 60% do combustível consumido no MT é derivado do petróleo, que é adquirido de outros estados produtores. O fato de o estado ter uma relevante fronteira com a Bolívia, país com umas das maiores reservas de gás da América do Sul, e de já haver um gasoduto construído até a sua capital representa uma vantagem logística para o aumento local do consumo de gás natural. Lembrando que, além dessas prerrogativas logísticas, o GN tem vantagens ambientais frente aos demais combustíveis fósseis”, afirma Santos.

Mais Lidas De Hoje
veja Também
Brandend Content
Oil States participa da OTC Brasil 2025 e reforça seu co...
07/11/25
Resultado
Lucro líquido da Petrobras chega a US$ 6 bilhões no terc...
07/11/25
ANP
XIII Seminário de Segurança Operacional e Meio Ambiente ...
07/11/25
Indústria Naval
Transpetro lança licitação para contratação de navios de...
07/11/25
COP30
Embrapii participa de atividades sobre inovação na indústria
07/11/25
ANP
Combustível do Futuro: ANP fará consulta e audiência púb...
07/11/25
COP30
IBP defende adoção de critérios globais para uma transiç...
06/11/25
Gás Natural
ANP aprova Plano de Ação referente às tarifas de transpo...
06/11/25
Offshore
Descomissionamento é tema estratégico
06/11/25
Meio Ambiente
Equinor e USP iniciam projeto de pesquisa de captura e a...
06/11/25
Resultado
BRAVA Energia registra recorde de receita líquida com US...
06/11/25
Resultado
Vibra registra forte geração de caixa e margens consiste...
06/11/25
Resultado
ENGIE Brasil Energia registra lucro líquido ajustado de ...
06/11/25
Apoio cultural
Transpetro une preservação cultural e desenvolvimento su...
06/11/25
Internacional
Malásia quer se tornar polo global de captura e armazena...
05/11/25
Meio Ambiente
ANP realiza workshop sobre emissões de metano em conjunt...
05/11/25
Combustíveis
Procon Carioca firma parceria inédita com o Instituto Co...
05/11/25
Energia Elétrica
Thopen adquire operação de geração distribuída de energi...
05/11/25
Resultado
PRIO divulga resultados do 3T25 com avanços em Wahoo, Al...
05/11/25
PD&I
Noruega e Brasil lançam nova chamada conjunta de financi...
04/11/25
Descomissionamento
ABPIP realiza segundo workshop com ANP para discutir des...
04/11/25
VEJA MAIS
Newsletter TN

Fale Conosco

Utilizamos cookies para garantir que você tenha a melhor experiência em nosso site. Se você continuar a usar este site, assumiremos que você concorda com a nossa política de privacidade, termos de uso e cookies.